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07/06/2004
-
03h45
GUILHERME BARROS
Editor do Painel S.A. da Folha de S.Paulo
Os riscos de o Brasil sofrer uma nova crise de energia são muito baixos até 2008. As probabilidades de uma crise de abastecimento como a que o país viveu em 2001 são de apenas 5% até 2008, mesmo se o país crescer a taxas de 3,5% a 4% nos próximos quatro anos. Não será a energia que irá frear o crescimento da economia.
A avaliação consta de estudo feito pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), com base nos dados de armazenamento de água nos reservatórios até maio deste ano --com os quais o abastecimento está garantido no biênio 2004/05, segundo o relatório. "A situação da energia no país é extremamente confortável e tranqüilizadora", diz Mário Santos, presidente do ONS.
As projeções do ONS para os próximos quatro anos foram feitas com base num crescimento médio anual de 5,2% no consumo de energia no país. O aumento do consumo de energia é sempre superior ao de expansão do PIB. A diferença, segundo ele, é de cerca de 1,5 ponto percentual. Mesmo se o consumo de energia aumentar 6,5%, ainda assim a situação continuará confortável, diz.
O ONS ainda levou em conta, no seu estudo, um volume de chuvas igual ao de 2001 --o pior dos últimos 74 anos e que desaguou na crise de racionamento de energia. Mesmo assim, Santos garante que as chances de uma nova crise até 2008 são muito baixas.
Santos explica que as simulações levaram em conta também as informações da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de que, até 2008, serão gerados no país mais 9.700 MW médios de energia. Hoje, o sistema energético está capacitado para gerar 82 mil MW médios de energia. O consumo, porém, está por volta de 45 mil MW médios. O pico de demanda é de 56,4 mil MW/hora.
A chuva foi a grande responsável por essa situação confortável de energia no país. Havia muitos anos que o país não vivia um período chamado molhado (de chuvas) tão favorável ao armazenamento de água nos reservatórios.
Segundo o ONS, no Sudeste, foi o melhor período molhado desde 1995. No Nordeste, desde 1992, e no Norte, desde 1978. Com disso, os reservatórios no Nordeste estão cheios até o seu máximo --com um nível de 97,4% de armazenamento de água. Os do Norte, 99,2%, e os do Sudeste/ Centro-Oeste, 81,1%, em abril.
Já o nível de armazenamento dos reservatórios do Sul de 64%. Era a região que apresentava pior desempenho, mas, nas últimas semanas, começou a se recuperar.
Em razão desses números, Santos afirma que são praticamente improváveis as chances de ter de acionar o seguro-apagão pela geração de energia de termelétricas no país nos próximos dois anos.
A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, diz que, além das chuvas, outros fatores contribuíram para essa situação confortável de energia.
Entre eles, a população ter aprendido a economizar no racionamento e o país ter crescido pouco nos últimos anos.
O economista Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), não acredita nessas previsões otimistas do ONS. Para ele, se o Brasil crescer a taxas de 3,5% a 4% nos próximos anos, será inevitável uma nova crise de energia em 2007.
De acordo com Pires, o país precisa hoje de investimentos da ordem de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões por ano para evitar uma nova crise em 2007. O problema, segundo ele, é que o Estado não tem recursos para fazer esses investimentos, caso mantenha a atual política de ajuste fiscal, e o setor privado não está estimulado a investir pelas constantes mudanças nas regras do jogo do setor. "O apagão será inevitável", diz.
Na opinião de Pires, o enredo será o mesmo de 2001. Quando o governo perceber que a crise de energia está a caminho, irá convocar a Petrobras a construir termelétricas por todos os cantos do Brasil. Só que isso adiantará muito pouco. O grande problema é que não há dutos para transportar gás para as termelétricas.
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Editor do Painel S.A. da Folha de S.Paulo
Os riscos de o Brasil sofrer uma nova crise de energia são muito baixos até 2008. As probabilidades de uma crise de abastecimento como a que o país viveu em 2001 são de apenas 5% até 2008, mesmo se o país crescer a taxas de 3,5% a 4% nos próximos quatro anos. Não será a energia que irá frear o crescimento da economia.
A avaliação consta de estudo feito pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), com base nos dados de armazenamento de água nos reservatórios até maio deste ano --com os quais o abastecimento está garantido no biênio 2004/05, segundo o relatório. "A situação da energia no país é extremamente confortável e tranqüilizadora", diz Mário Santos, presidente do ONS.
As projeções do ONS para os próximos quatro anos foram feitas com base num crescimento médio anual de 5,2% no consumo de energia no país. O aumento do consumo de energia é sempre superior ao de expansão do PIB. A diferença, segundo ele, é de cerca de 1,5 ponto percentual. Mesmo se o consumo de energia aumentar 6,5%, ainda assim a situação continuará confortável, diz.
O ONS ainda levou em conta, no seu estudo, um volume de chuvas igual ao de 2001 --o pior dos últimos 74 anos e que desaguou na crise de racionamento de energia. Mesmo assim, Santos garante que as chances de uma nova crise até 2008 são muito baixas.
Santos explica que as simulações levaram em conta também as informações da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de que, até 2008, serão gerados no país mais 9.700 MW médios de energia. Hoje, o sistema energético está capacitado para gerar 82 mil MW médios de energia. O consumo, porém, está por volta de 45 mil MW médios. O pico de demanda é de 56,4 mil MW/hora.
A chuva foi a grande responsável por essa situação confortável de energia no país. Havia muitos anos que o país não vivia um período chamado molhado (de chuvas) tão favorável ao armazenamento de água nos reservatórios.
Segundo o ONS, no Sudeste, foi o melhor período molhado desde 1995. No Nordeste, desde 1992, e no Norte, desde 1978. Com disso, os reservatórios no Nordeste estão cheios até o seu máximo --com um nível de 97,4% de armazenamento de água. Os do Norte, 99,2%, e os do Sudeste/ Centro-Oeste, 81,1%, em abril.
Já o nível de armazenamento dos reservatórios do Sul de 64%. Era a região que apresentava pior desempenho, mas, nas últimas semanas, começou a se recuperar.
Em razão desses números, Santos afirma que são praticamente improváveis as chances de ter de acionar o seguro-apagão pela geração de energia de termelétricas no país nos próximos dois anos.
A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, diz que, além das chuvas, outros fatores contribuíram para essa situação confortável de energia.
Entre eles, a população ter aprendido a economizar no racionamento e o país ter crescido pouco nos últimos anos.
O economista Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), não acredita nessas previsões otimistas do ONS. Para ele, se o Brasil crescer a taxas de 3,5% a 4% nos próximos anos, será inevitável uma nova crise de energia em 2007.
De acordo com Pires, o país precisa hoje de investimentos da ordem de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões por ano para evitar uma nova crise em 2007. O problema, segundo ele, é que o Estado não tem recursos para fazer esses investimentos, caso mantenha a atual política de ajuste fiscal, e o setor privado não está estimulado a investir pelas constantes mudanças nas regras do jogo do setor. "O apagão será inevitável", diz.
Na opinião de Pires, o enredo será o mesmo de 2001. Quando o governo perceber que a crise de energia está a caminho, irá convocar a Petrobras a construir termelétricas por todos os cantos do Brasil. Só que isso adiantará muito pouco. O grande problema é que não há dutos para transportar gás para as termelétricas.
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