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16/06/2004
-
23h12
TIAGO ORNAGHI
da Agência Folha
O governador de Mato Grosso e maior produtor de soja do país, Blairo Maggi (PPS), disse que o governo federal foi "passivo" quando os chineses não aceitaram a primeira carga de soja exportada e devolveram o carregamento. "O governo aceitou muito brandamente a discussão que foi criada na China. Acredito que o país deveria ter tido uma posição um pouco mais firme e contundente quanto ao processo."
A Folha entrou hoje em contato com o Ministério da Agricultura para que fossem comentadas as declarações do governador. Segundo a assessoria de imprensa do ministro Roberto Rodrigues, devido ao acúmulo de compromissos, ele não faria comentários.
Para o governador, o governo federal optou por não criar uma situação desconfortável e acabou criando um precedente para que os chineses contestassem a qualidade da soja brasileira baseados em interesses comerciais.
"Eu acho que, motivado pela presença do presidente na China, o governo não quis criar um imbróglio diplomático e jogou a favor do outro lado. Os chineses jogaram bem. O Brasil aceitou a situação e agora acho que será difícil para o país sair sozinho dessa confusão", afirmou Maggi, que estava entre os governadores que viajaram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, na última semana de maio.
Nas regras internacionais para a exportação de soja, existe uma tolerância sobre a presença de sementes tratadas com fungicida em meio aos grãos comercializados. Os contratos firmados entre China e Brasil são omissos sobre a quantidade da mistura permitida nos carregamentos.
Desde o mês passado, o governo chinês está aplicando vetos à entrada da soja brasileira no país, devido ao grau de mistura de sementes com fungicida. No total, 23 exportadores brasileiras estão proibidos temporariamente de venderem para o país.
Os exportadores brasileiros estavam trabalhando segundo as regras da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que permitem dois grãos tratados com fungicidas em cada quilo de soja.
"Como o contrato não dizia nada, os chineses trucaram e o Brasil aceitou", afirmou Maggi.
De acordo com o governador, os chineses mantêm níveis de tolerância diferentes para os exportadores. Para os EUA, por exemplo, em cada quilo pode haver até três grãos contaminados. "Se as regras valem para os americanos e para os argentinos, então o Brasil terá que usar a OMC [Organização Mundial do Comércio] para resolver o problema", disse.
Maggi acredita que os contratos com a China precisarão ser mais específicos a partir de agora. "Esse é um oportunismo de mercado. Os preços caíram e eles não querem pagar o preço acordado."
"No meu entender, esse processo só será definitivamente resolvido quando Brasil, Argentina e EUA [os maiores produtores de soja do mundo] chegarem a um consenso para estabelecer uma norma comum para o comércio de soja", disse Maggi.
Se os três países regulassem normas desse tipo, a China, teoricamente, teria que aceitar os padrões estabelecidos uma vez que o mercado seria regulado a partir dos maiores ofertantes.
Ele fez uma ressalva nas críticas dirigidas ao governo federal: "Tudo isso tem que ser debitado do produtor que quer ser mais esperto do que a esperteza e misturou sementes contaminadas com a produção para exportação".
"Nesse afã de exportar tudo, o produtor/exportador mistura indiscriminadamente soja boa com semente contaminadas."
Rei da soja afirma que governo foi "passivo" no caso do veto chinês
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da Agência Folha
O governador de Mato Grosso e maior produtor de soja do país, Blairo Maggi (PPS), disse que o governo federal foi "passivo" quando os chineses não aceitaram a primeira carga de soja exportada e devolveram o carregamento. "O governo aceitou muito brandamente a discussão que foi criada na China. Acredito que o país deveria ter tido uma posição um pouco mais firme e contundente quanto ao processo."
A Folha entrou hoje em contato com o Ministério da Agricultura para que fossem comentadas as declarações do governador. Segundo a assessoria de imprensa do ministro Roberto Rodrigues, devido ao acúmulo de compromissos, ele não faria comentários.
Para o governador, o governo federal optou por não criar uma situação desconfortável e acabou criando um precedente para que os chineses contestassem a qualidade da soja brasileira baseados em interesses comerciais.
"Eu acho que, motivado pela presença do presidente na China, o governo não quis criar um imbróglio diplomático e jogou a favor do outro lado. Os chineses jogaram bem. O Brasil aceitou a situação e agora acho que será difícil para o país sair sozinho dessa confusão", afirmou Maggi, que estava entre os governadores que viajaram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, na última semana de maio.
Nas regras internacionais para a exportação de soja, existe uma tolerância sobre a presença de sementes tratadas com fungicida em meio aos grãos comercializados. Os contratos firmados entre China e Brasil são omissos sobre a quantidade da mistura permitida nos carregamentos.
Desde o mês passado, o governo chinês está aplicando vetos à entrada da soja brasileira no país, devido ao grau de mistura de sementes com fungicida. No total, 23 exportadores brasileiras estão proibidos temporariamente de venderem para o país.
Os exportadores brasileiros estavam trabalhando segundo as regras da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que permitem dois grãos tratados com fungicidas em cada quilo de soja.
"Como o contrato não dizia nada, os chineses trucaram e o Brasil aceitou", afirmou Maggi.
De acordo com o governador, os chineses mantêm níveis de tolerância diferentes para os exportadores. Para os EUA, por exemplo, em cada quilo pode haver até três grãos contaminados. "Se as regras valem para os americanos e para os argentinos, então o Brasil terá que usar a OMC [Organização Mundial do Comércio] para resolver o problema", disse.
Maggi acredita que os contratos com a China precisarão ser mais específicos a partir de agora. "Esse é um oportunismo de mercado. Os preços caíram e eles não querem pagar o preço acordado."
"No meu entender, esse processo só será definitivamente resolvido quando Brasil, Argentina e EUA [os maiores produtores de soja do mundo] chegarem a um consenso para estabelecer uma norma comum para o comércio de soja", disse Maggi.
Se os três países regulassem normas desse tipo, a China, teoricamente, teria que aceitar os padrões estabelecidos uma vez que o mercado seria regulado a partir dos maiores ofertantes.
Ele fez uma ressalva nas críticas dirigidas ao governo federal: "Tudo isso tem que ser debitado do produtor que quer ser mais esperto do que a esperteza e misturou sementes contaminadas com a produção para exportação".
"Nesse afã de exportar tudo, o produtor/exportador mistura indiscriminadamente soja boa com semente contaminadas."
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