Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/06/2004 - 19h37

Crise da soja não altera meta de exportação, diz secretário

Publicidade

ELAINE COTTA
da Folha Online

As possíveis perdas para a balança comercial que resultariam do embargo chinês à soja brasileira serão compensadas por produtos como os automotivos, cujas exportações estão crescendo acima do projetado. Essa, pelo menos, é a avaliação do secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Ivan Ramalho.

Segundo Ramalho, ainda não é possível computar quanto o Brasil está perdendo com o impasse com a China, mas é possível prever que esse problema não irá alterar a meta das exportações traçada neste ano pelo ministério, de US$ 83 bilhões --crescimento de cerca de 15% em relação a 2003. Já o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, estima o prejuízo em US$ 1 bilhão.

"Ainda não dá para calcular as perdas. Essa soja rejeitada na China pode ser repassada para outros países ou retornar para o Brasil como reimportação", disse Ramalho durante a 11ª Unctad (Conferência da ONU para Comércio e Desenvolvimento). "Ainda que tenhamos perdas, não afetará a meta de exportações pois haverá folga por conta de outros produtos."

Entre os setores que podem ajudar nessa compensação, estão o automotivo --que exportou 47,9% mais em maio, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores)-- e de aeronaves, que ganhou impulso com o lançamento da nova família de aviões da Embraer, no início do ano.

Ramalho destacou ainda o aumento da participação de produtos não-tradicionais, como vinho, móveis e suco de abacaxi, nas exportações brasileiras. Esses itens têm acumulado expansão de mais de 100% na pauta das exportações e podem vir a ter importância significativa no futuro.

Ele espera que, neste ano, as exportações brasileiras superem a "barreira psicológica" do 1% de participação no comércio mundial, que gira cerca de US$ 7 trilhões por ano. A China, por exemplo, detém cerca de 6% do total, com exportações de aproximadamente US$ 420 bilhões.

Impasse

Desde abril, quando o problema começou, o Ministério da Quarentena chinês supendeu a entrada da soja de 23 empresas brasileiras alegando problemas fitossanitários. Os chineses afirmam ter encontrado sementes com Carboxin na soja destinada à alimentação humana ou animal exportado pelo Brasil.

Nos últimos dias, o Brasil tem articulado uma série de medidas para reverter a situação. Na próxima semana, uma missão liderada pelo secretário de Defesa Agropecuária, Maçao Tadano e pelo chefe da Divisão de Cooperação Técnica e Acordos Internacionais, Odilson Ribeiro, viaja à China. A comitiva levará informações técnicas sobre o controle fitossanitário brasileiro para explicar aos chineses quais são e como funcionam os mecanismos de controle do país.

A missão negociará a suspensão temporária do embargo às partidas de soja em trânsito entre ambos os países. Será ainda apresentado um minucioso relatório sobre as medidas até agora adotadas pelo Brasil sobre os níveis de tolerância permitida na certificação da soja brasileira.

Além disso, a missão do governo brasileiro reiterará que a edição da Instrução Normativa n° 15, publicada no "Diário Oficial" da União no último dia 11 de junho, é uma das mais duras legislações do mercado internacional.

A idéia é propor ainda o envio de técnicos chineses ao Brasil para fazer a pré-inspeção nos carregamentos de soja antes dos embarques à China. Esse procedimento, bancado pelo setor privado exportador de soja, já é adotado pela Rússia nas importações de carnes brasileiras e pelos EUA nas importações de manga e mamão papaia.

O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende intervir no caso e estuda entrar em contato com o governo chinês para tentar suspender o embargo ao produto brasileiro. Lula esteve em maio na China para tentar uma maior aproximação com o país, considerada como estratégica.

A China é um dos principais compradores da soja brasileira. Entre janeiro a maio deste ano, o país exportou 2,41 milhões de toneladas de soja para os asiáticos, com uma receita de US$ 798,8 milhões. Em 2003, a
China importou 6,64 milhões de toneladas, o que gerou uma receita de US$ 1,58 bilhão em comparação ao volume total exportado pelo Brasil de 35,9 milhões de toneladas e uma arrecadação de US$ 8,12 bilhões.

Especial
  • Veja especial sobre a 11ª Reunião da Unctad
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página