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21/06/2004
-
19h07
da Folha Online, em Brasília
da Agência Folha, em Porto Alegre
da Folha de S.Paulo, em Pequim
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse hoje que o levantamento do embargo é um reconhecimento ao esforço brasileiro em apresentar garantias sanitárias para o produto.
Os técnicos que estiveram reunidos com representantes do governo chinês explicaram que a política de "tolerância zero" para a mistura na soja era praticamente impossível de ser alcançada, mas que o Brasil poderia oferecer o produto com garantias técnicas mais rigorosas que a regra vigente no comércio mundial.
A China aceitou as novas regras brasileiras para a exportação de soja e suspendeu hoje o embargo ao produto brasileiro por conta da presença de fungicida.
A suspensão do embargo à soja foi acertada por meio de um documento assinado por autoridades da China e do Brasil com os compromissos de cada parte.
O Brasil comprometeu-se em não deixar ultrapassar, nas amostras, o limite de uma semente contaminada com fungicida por quilo de soja exportada. Nos EUA, por exemplo, a tolerância é de três sementes contaminadas por quilo.
Qualquer amostra acima do que foi acertado poderá ser vetada pelos chineses, caso a embarcação tenha seguido após a publicação da instrução normativa do Ministério da Agricultura, no último dia 11.
Para a soja embarcada antes da publicação, os chineses decidirão caso a caso se encaminham o material para limpeza ou se rejeitam o produto, mas as 23 companhias que estavam com os embarques suspensos voltam agora ao mercado chinês.
Rodrigues avaliou que a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de interferir pessoalmente nas negociações com o governo chinês também tiveram peso na decisão, mesmo sem que o telefonema de Lula ao governo chinês, cogitado na semana passada, tenha ocorrido de fato.
A expectativa do ministro é a de que os carregamentos de soja em trânsito para a China estejam compatíveis com a nova instrução normativa.
Prejuízo irrecuperável
O fim do embargo chinês à soja brasileira acontece após uma forte queda nos preços internacionais da commodity --causada, entre outros fatores, pelo próprio veto chinês ao produto brasileiro.
Projeções do Ministério da Agricultura e de associações ligadas aos produtores estimam que as perdas tenham superado US$ 1 bilhão. Segundo Rodrigues, esse prejuízo com o embargo dificilmente será recuperável ao longo do ano devido à queda no preço do produto.
Somente entre os meses de janeiro a maio deste ano, as exportações brasileiras do grão para a China caíram cerca de 20%, atingindo 2,2 mil toneladas.
O ministro admitiu que a meta de exportar 8 milhões de toneladas de soja para a China este ano não será alcançada devido não só ao embargo, mas também aos problemas internos (clima e ferrugem) que afetaram a produção brasileira. Em 2003, as exportações de soja para a China totalizaram 6,5 milhões de toneladas.
As perdas provocadas pelo embargo chinês não serão maiores, no entanto, que o prejuízo causado pela ferrugem da soja na região Centro-Oeste, que chegaram a US$ 2 bilhões, segundo Rodrigues.
Ao estimar as perdas em US$ 1 bilhão com o embargo chinês, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) levou em conta principalmente a queda no preço da soja no período --que recuou de US$ 320 para US$ 260 a tonelada. Cerca de 17 mil toneladas de soja já foram rejeitadas desde abril.
A suspensão do embargo aconteceu após reunião de autoridades brasileiras e do Ministério da Quarentena (que cuida do controle de importações da China), que teve a participação do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, do secretário gaúcho Odacyr Klein (Agricultura) e do secretário federal Maçao Tadano (Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura).
Safra 2004/2005
O embargo da China à soja brasileira não deverá ser determinante na decisão de plantio da próxima safra, segundo o ministro.
Ele reconheceu que o episódio e o risco de outras ocorrências similares são mais um fator de desestímulo para o produtor, mas destacou que dois outros sinais negativos teriam peso maior na estratégia do produtor: a redução de preços internacionais diante de safra recorde nos EUA e a alta de custos com a elevação do dólar.
Os chineses também foram convidados a acompanhar os trabalhos de fiscalização realizados no porto de Rio Grande.
No caso específico do Rio Grande do Sul, cerca de 70% da exportação de soja tem como destino a China. Rigotto chegou a defender que o Brasil recorresse à OMC (Organização Mundial do Comércio) para resolver o conflito.
A safra gaúcha neste ano é de 5,5 milhões de toneladas. Em 2003, foi bem maior, da ordem de 9,5 milhões de toneladas. A queda se deve à estiagem no Estado.
A viagem de Rigotto à China não se deveu à crise comercial existente entre os dois países --ela já havia sido marcada e foi adiada em razão de problemas envolvendo a difícil situação financeira do Estado. O governador não quis, na ocasião, ausentar-se.
A viagem, iniciada na última terça-feira, ocorreu exatamente no momento em que se desenvolveu a crise. Para agricultores, exportadores e autoridades brasileiras, a China tenta, recusando os carregamentos brasileiros, baixar o preço internacional da soja.
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da Agência Folha, em Porto Alegre
da Folha de S.Paulo, em Pequim
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse hoje que o levantamento do embargo é um reconhecimento ao esforço brasileiro em apresentar garantias sanitárias para o produto.
Os técnicos que estiveram reunidos com representantes do governo chinês explicaram que a política de "tolerância zero" para a mistura na soja era praticamente impossível de ser alcançada, mas que o Brasil poderia oferecer o produto com garantias técnicas mais rigorosas que a regra vigente no comércio mundial.
A China aceitou as novas regras brasileiras para a exportação de soja e suspendeu hoje o embargo ao produto brasileiro por conta da presença de fungicida.
A suspensão do embargo à soja foi acertada por meio de um documento assinado por autoridades da China e do Brasil com os compromissos de cada parte.
O Brasil comprometeu-se em não deixar ultrapassar, nas amostras, o limite de uma semente contaminada com fungicida por quilo de soja exportada. Nos EUA, por exemplo, a tolerância é de três sementes contaminadas por quilo.
Qualquer amostra acima do que foi acertado poderá ser vetada pelos chineses, caso a embarcação tenha seguido após a publicação da instrução normativa do Ministério da Agricultura, no último dia 11.
Para a soja embarcada antes da publicação, os chineses decidirão caso a caso se encaminham o material para limpeza ou se rejeitam o produto, mas as 23 companhias que estavam com os embarques suspensos voltam agora ao mercado chinês.
Rodrigues avaliou que a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de interferir pessoalmente nas negociações com o governo chinês também tiveram peso na decisão, mesmo sem que o telefonema de Lula ao governo chinês, cogitado na semana passada, tenha ocorrido de fato.
A expectativa do ministro é a de que os carregamentos de soja em trânsito para a China estejam compatíveis com a nova instrução normativa.
Prejuízo irrecuperável
O fim do embargo chinês à soja brasileira acontece após uma forte queda nos preços internacionais da commodity --causada, entre outros fatores, pelo próprio veto chinês ao produto brasileiro.
Projeções do Ministério da Agricultura e de associações ligadas aos produtores estimam que as perdas tenham superado US$ 1 bilhão. Segundo Rodrigues, esse prejuízo com o embargo dificilmente será recuperável ao longo do ano devido à queda no preço do produto.
Somente entre os meses de janeiro a maio deste ano, as exportações brasileiras do grão para a China caíram cerca de 20%, atingindo 2,2 mil toneladas.
O ministro admitiu que a meta de exportar 8 milhões de toneladas de soja para a China este ano não será alcançada devido não só ao embargo, mas também aos problemas internos (clima e ferrugem) que afetaram a produção brasileira. Em 2003, as exportações de soja para a China totalizaram 6,5 milhões de toneladas.
As perdas provocadas pelo embargo chinês não serão maiores, no entanto, que o prejuízo causado pela ferrugem da soja na região Centro-Oeste, que chegaram a US$ 2 bilhões, segundo Rodrigues.
Ao estimar as perdas em US$ 1 bilhão com o embargo chinês, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) levou em conta principalmente a queda no preço da soja no período --que recuou de US$ 320 para US$ 260 a tonelada. Cerca de 17 mil toneladas de soja já foram rejeitadas desde abril.
A suspensão do embargo aconteceu após reunião de autoridades brasileiras e do Ministério da Quarentena (que cuida do controle de importações da China), que teve a participação do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, do secretário gaúcho Odacyr Klein (Agricultura) e do secretário federal Maçao Tadano (Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura).
Safra 2004/2005
O embargo da China à soja brasileira não deverá ser determinante na decisão de plantio da próxima safra, segundo o ministro.
Ele reconheceu que o episódio e o risco de outras ocorrências similares são mais um fator de desestímulo para o produtor, mas destacou que dois outros sinais negativos teriam peso maior na estratégia do produtor: a redução de preços internacionais diante de safra recorde nos EUA e a alta de custos com a elevação do dólar.
Os chineses também foram convidados a acompanhar os trabalhos de fiscalização realizados no porto de Rio Grande.
No caso específico do Rio Grande do Sul, cerca de 70% da exportação de soja tem como destino a China. Rigotto chegou a defender que o Brasil recorresse à OMC (Organização Mundial do Comércio) para resolver o conflito.
A safra gaúcha neste ano é de 5,5 milhões de toneladas. Em 2003, foi bem maior, da ordem de 9,5 milhões de toneladas. A queda se deve à estiagem no Estado.
A viagem de Rigotto à China não se deveu à crise comercial existente entre os dois países --ela já havia sido marcada e foi adiada em razão de problemas envolvendo a difícil situação financeira do Estado. O governador não quis, na ocasião, ausentar-se.
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