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25/06/2004
-
17h34
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
A ação preferencial da ALL (América Latina Logística), maior operadora de ferrovias da América Latina, estreou hoje na Bovespa a todo vapor. O papel disparou e fechou cotado a R$ 52,79, uma alta de 13,16% em relação ao preço da oferta pública (R$ 46,50). Na máxima do dia, a cotação atingiu R$ 52,79 --um avanço de 13,52%. A ação foi a mais negociada do pregão, movimentando R$ 81,842 milhões ou 11,4% do giro total.
A operação não se configura como uma abertura de capital, pois a empresa já era de capital aberto antes do lançamento das ações preferenciais. Neste ano, só duas empresas abriram capital na Bolsa: aGol e a Natura, que no final de maio quebrou o jejum da Bovespa, onde não ingressava uma nova empresa desde fevereiro de 2002.
Para o gerente da corretora Intra, Marcelo Giancoli, o papel deve virar uma opção de investimento de longo prazo devido às perspectiva positiva para a empresa.
A ALL recebeu autorização para distribuir cerca de R$ 588,225 milhões --abaixo do R$ 1 bilhão captado pela Gol. A ALL deve usar o dinheiro para tocar seu projeto de expansão, que inclui mais locomotivas, vagões, caminhões e centros de armazenagem e distribuição. A empresa terá 27% do seu capital em poder do mercado.
Para os funcionários da ALL que aderiram à oferta, os ganhos com os papéis são maiores, pois eles tiveram direito a um desconto de 10% sobre o preço do lançamento da ação. A demanda pelos papéis superou em quase sete vezes o tamanho da oferta. Coordenaram a operação os bancos Merrill Lynch e Pactual.
A oferta da ALL seguiu o modelo da Gol e lançou no mercado apenas ação preferencial (PN). Esse tipo de papel dá ao seu dono apenas o direito de receber dividendos antes dos donos das ações ordinárias (pertencentes aos controladores da empresa).
Como a Gol, a ALL ampliou o conceito de ação PN e deu ao novo acionista o direito a voto em alguns temas da companhia e garantiu 100% do chamado "tag along". Ou seja, se vendida a empresa, o minoritário recebe por sua ação o prêmio integral pago ao controlador. O comum é pagar só 70% do valor. Mas há cada vez mais investidor preferindo ter ação ordinária, pois a ON dá mais segurança nesses casos.
Rating pode subir, mas há riscos
Apesar de bem menos conhecida do que a Gol, a ALL é uma empresa que está colhendo elogios de analistas. Em maio, a agência americana de avaliação de risco S&P (Standard & Poor's) elevou o "rating" (nota de crédito) da ALL e ainda atribuiu uma "perspectiva positiva", ou seja, a nota pode ser elevada de novo.
A agência citou que a nova nota refletiu a "melhora consistente dos indicadores de crédito da empresa nos últimos anos por conta da elevação de sua rentabilidade operacional e do fortalecimento de sua liquidez e de sua estrutura de capital".
Para a S&P, a empresa "será capaz de obter geração de caixa crescente e indicadores de qualidade de crédito mais sólidos", uma vez que a ALL vai ampliar sua capacidade de transporte nos próximos anos com investimentos "significativos" em infra-estrutura, por exemplo.
Mas a S&P minimizou apontando alguns riscos ao negócio da ALL: a concorrência com outros tipos de transporte, a pouca diversidade das cargas transportadas (ainda bastante focada em commodities agrícolas), uma carteira limitada a poucos clientes e a disposição de investir bastante nos próximos anos, o que tende a elevar endividamento.
Nos trilhos da soja
No primeiro trimestre deste ano, a ALL lucrou R$ 6,5 milhões. Foi a primeira vez que a empresa teve lucro no período, quando a movimentação de cargas costuma ser reduzida por causa da entressafra. Em igual trimestre de 2003, havia tido prejuízo de R$ 29,6 milhões. O resultado foi atribuído ao aumento no volume transportado com destaque para a soja (+60%) e redução de custos.
Entre os clientes da ALL, estão Bunge, Cargill, Petrobras, Braskem, Votorantim, CSN, Gerdau, AmBev, Scania e Ford. A ALL tem hoje 16.397 quilômetros de malha ferroviária, com 584 locomotivas e 17.579 vagões. Em 2001, a companhia adquiriu a Delara, que atua no setor de logística rodoviária, incorporando uma frota de 1.986 carretas e caminhões.
A ALL foi criada em 1997, resultado da privatização da Malha Sul da RFFSA (Rede Ferroviária Federal), que abrange os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No ano seguinte, avançou até as fronteiras das cidades de São Paulo e Campinas, arrendando um trecho da Ferroban (Ferrovia Bandeirantes). Em 1999, adquiriu duas ferrovias na Argentina, Meso e Bap, ligando sua malha a Buenos Aires e ao Pacífico.
Especial
Arquivo: veja o que já foi publicado sobre a ALL
Arquivo: veja o que já foi publicado sobre oferta de ações na Bolsa
Ação da ALL estréia a todo vapor na Bolsa, lidera giro e dispara 13%
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da Folha Online
A ação preferencial da ALL (América Latina Logística), maior operadora de ferrovias da América Latina, estreou hoje na Bovespa a todo vapor. O papel disparou e fechou cotado a R$ 52,79, uma alta de 13,16% em relação ao preço da oferta pública (R$ 46,50). Na máxima do dia, a cotação atingiu R$ 52,79 --um avanço de 13,52%. A ação foi a mais negociada do pregão, movimentando R$ 81,842 milhões ou 11,4% do giro total.
A operação não se configura como uma abertura de capital, pois a empresa já era de capital aberto antes do lançamento das ações preferenciais. Neste ano, só duas empresas abriram capital na Bolsa: aGol e a Natura, que no final de maio quebrou o jejum da Bovespa, onde não ingressava uma nova empresa desde fevereiro de 2002.
Para o gerente da corretora Intra, Marcelo Giancoli, o papel deve virar uma opção de investimento de longo prazo devido às perspectiva positiva para a empresa.
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Para os funcionários da ALL que aderiram à oferta, os ganhos com os papéis são maiores, pois eles tiveram direito a um desconto de 10% sobre o preço do lançamento da ação. A demanda pelos papéis superou em quase sete vezes o tamanho da oferta. Coordenaram a operação os bancos Merrill Lynch e Pactual.
A oferta da ALL seguiu o modelo da Gol e lançou no mercado apenas ação preferencial (PN). Esse tipo de papel dá ao seu dono apenas o direito de receber dividendos antes dos donos das ações ordinárias (pertencentes aos controladores da empresa).
Como a Gol, a ALL ampliou o conceito de ação PN e deu ao novo acionista o direito a voto em alguns temas da companhia e garantiu 100% do chamado "tag along". Ou seja, se vendida a empresa, o minoritário recebe por sua ação o prêmio integral pago ao controlador. O comum é pagar só 70% do valor. Mas há cada vez mais investidor preferindo ter ação ordinária, pois a ON dá mais segurança nesses casos.
Rating pode subir, mas há riscos
Apesar de bem menos conhecida do que a Gol, a ALL é uma empresa que está colhendo elogios de analistas. Em maio, a agência americana de avaliação de risco S&P (Standard & Poor's) elevou o "rating" (nota de crédito) da ALL e ainda atribuiu uma "perspectiva positiva", ou seja, a nota pode ser elevada de novo.
A agência citou que a nova nota refletiu a "melhora consistente dos indicadores de crédito da empresa nos últimos anos por conta da elevação de sua rentabilidade operacional e do fortalecimento de sua liquidez e de sua estrutura de capital".
Para a S&P, a empresa "será capaz de obter geração de caixa crescente e indicadores de qualidade de crédito mais sólidos", uma vez que a ALL vai ampliar sua capacidade de transporte nos próximos anos com investimentos "significativos" em infra-estrutura, por exemplo.
Mas a S&P minimizou apontando alguns riscos ao negócio da ALL: a concorrência com outros tipos de transporte, a pouca diversidade das cargas transportadas (ainda bastante focada em commodities agrícolas), uma carteira limitada a poucos clientes e a disposição de investir bastante nos próximos anos, o que tende a elevar endividamento.
Nos trilhos da soja
No primeiro trimestre deste ano, a ALL lucrou R$ 6,5 milhões. Foi a primeira vez que a empresa teve lucro no período, quando a movimentação de cargas costuma ser reduzida por causa da entressafra. Em igual trimestre de 2003, havia tido prejuízo de R$ 29,6 milhões. O resultado foi atribuído ao aumento no volume transportado com destaque para a soja (+60%) e redução de custos.
Entre os clientes da ALL, estão Bunge, Cargill, Petrobras, Braskem, Votorantim, CSN, Gerdau, AmBev, Scania e Ford. A ALL tem hoje 16.397 quilômetros de malha ferroviária, com 584 locomotivas e 17.579 vagões. Em 2001, a companhia adquiriu a Delara, que atua no setor de logística rodoviária, incorporando uma frota de 1.986 carretas e caminhões.
A ALL foi criada em 1997, resultado da privatização da Malha Sul da RFFSA (Rede Ferroviária Federal), que abrange os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No ano seguinte, avançou até as fronteiras das cidades de São Paulo e Campinas, arrendando um trecho da Ferroban (Ferrovia Bandeirantes). Em 1999, adquiriu duas ferrovias na Argentina, Meso e Bap, ligando sua malha a Buenos Aires e ao Pacífico.
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