29/06/2004 - 17h41

Bovespa fecha em alta de 2,21% após boato de meta maior de inflação

SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

O Ibovespa fechou em alta de 2,21% na marca dos 20.800 pontos, embalado por boatos de que o CMN (Conselho Monetário Nacional) pode elevar amanhã a meta de inflação para 2005. Mas o giro de negócios foi fraco (R$ 873,803 milhões), um sintoma do clima de cautela com a espera pela decisão dos EUA sobre o rumo dos juros.

Os investidores estão convencidos de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve elevar amanhã o juro de 1% para 1,25%. Já o BC brasileiro divulga o relatório trimestral de inflação, às 8h30.

Com uma meta maior de inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária) teria mais espaço para reduzir os juros, criando condições favoráveis para o barateamento do crédito, o aumento do consumo e, por conseqüência, das receitas e lucros das empresas.

Há, dentro do governo, uma ala que defende o relaxamento da meta sob o argumento de que a inflação não pode ser um obstáculo ao crescimento econômico do país. Nos últimos meses, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), tem defendido publicamente que o CMN mantenha em 2005 a meta deste ano: um IPCA de 5,5%. Pelas regras atuais, o BC buscará no próximo ano uma taxa de 4,5%.

O desempenho positivo das ações do setor de telecomunicações também contribuiu para a alta da Bolsa. O Itel, índice dos papéis das teles, saltou 2,5%, puxado por Telemar PN, a mais negociada, que avançou 2,97%. Hoje, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) anunciou um reajuste médio nas tarifas de 6,89%.

Siderurgia

A ação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) liderou alta e subiu 6,7%. Para analistas, a maior produtora de aço do país pode comprar uma fábrica da anglo-holandesa Corus, segunda maior siderúrgica européia, na Inglaterra.

O jornal britânico "The Guardian/The Observer" citou, no domingo, que a CSN é favorita na disputa da unidade da Corus em Teesside (região norte). Ontem, a empresa negou ter feito qualquer oferta, mas sinalizou que "estará sempre avaliando toda e qualquer oportunidade que surja no mercado".

Já a ação da Net teve a maior queda (5,5%), ainda reflexo do anúncio da reestruturação de sua dívida e da entrada da mexicana Telmex em seu capital. Hoje, a Net conversou em teleconferência com analistas, que questionaram o formato da oferta pública de ações. A Globopar, controladora da Net, irá exercer seu direito de preferência e subscrever todas as ações ordinárias da oferta, a R$ 0,35. No entanto, os preferencialistas terão de se sujeitar ao processo de bookbuilding e comprarão os papéis ao preço de mercado.

Embraer cai e Vale sobe

A ação da Embraer caiu 2%, a segunda maior baixa do dia. A empresa pode reduzir sua previsão de entregas de jatos para 2005. Um dos motivos seria um possível pedido de adiamento da companhia aérea Swiss Air Lines. Nos últimos dias, analistas estão questionando as chances de cumprimento das metas de entrega de aeronaves (160 em 2004 e 170 em 2005), tomando como base a as dificuldades financeiras de clientes, como a Swiss, US Airways e Alitalia.

Já a ação da Vale do Rio Doce avançou 1,50%. Hoje, foi divulgado um acordo da maior produtora de minério de ferro do mundo com a Belgo para a exploração de uma mina. A Vale pagará US$ 10 milhões para começar a extrair minério de ferro, em um contrato de arrendamento.

Ontem, os papéis da mineradora tiveram forte queda, após notícia de que se prepara para encaminhar uma oferta pela canadense Noranda. Alguns analistas temem que a Vale pague caro por uma empresa especializada em cobre e níquel -- produtos que estão fora do foco principal da Vale, que é minério de ferro. Além disso, a Vale anunciou ontem a venda de sua fatia na CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão) para o grupo Arcelor, maior grupo siderúrgico do mundo, por US$ 578,5 milhões.

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