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09/07/2004
-
15h34
ELAINE COTTA
da Folha Online, em Brasília
O impasse envolvendo as exportações de eletrodomésticos brasileiros para a Argentina serão resolvidos com "paciência e inteligência", segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Para o chanceler, a recente disputa é 'normal' entre dois países que têm um volume intenso de comércio bilateral.
Amorim citou como exemplo os EUA e o Canadá que freqüentemente estão na OMC (Organização Mundial do Comércio) para resolver algum tipo de problema comercial. 'Isso é normal. Não existe problema entre o Camboja e o Equador, existe? Não, porque não tem relação comercial. Quando se tem uma relação intensa os problemas aparecerem.'
Para o ministro, um encontro entre o setor empresarial de ambos os lados já está marcado. Houve ainda reuniões entre ministros da área econômica de Brasil e Argentina, além das conversas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner (Argentina) durante a reunião de cúpula do Mercosul, encerrada ontem.
'Nós fomos ouvidos. Com paciência e inteligência, nós vamos resolver todos esses problemas. A disposição política é muito positiva', afirmou o chanceler. 'Temos de entrar em entendimento e acho que chegaremos a um entendimento".
O próprio presidente Lula tentou mostrar vontade política para solucionar amigavelmente o impasse durante os encontros que teve com Kirchner em Puerto Iguazú ontem. Mas a contrapartida argentina não está no mesmo patamar. Ao contrário de Lula, Kirchner disse que continuará protegendo a indústria argentina e não descartou a adoção das mesmas restrições para outros produtos, como os têxteis.
Segundo a Eletros (associação que reúne os fabricantes de eletrodomésticos brasileiros) os prejuízos seriam enormes e poderiam provocar a demissão de cerca de 1.000 trabalhadores. Amorim, no entanto, não acredita que as barreiras argentina chegem a provocar perdas para o Brasil.
'Acho que prejuízo não vai haver', disse na manhã desta sexta-feira ao hastear a bandeira do Mercosul na frente do Itamaraty. O Brasil assumiu a presidência do bloco comercial ontem, na Argentina. O presidente Lula fica no cargo nos próximos seis meses. 'Vamos chegar a um entendimento, não tenho dúvida.'
Competitividade
Amorim, no entanto, fez um crítica indireta ao principal parceiro brasileiro no bloco: 'A gente não pode premiar a falta de competitividade', disse. 'O ministro [Roberto] Lavagna (Economia) é um homem imbuído do espírito do Mercosul e tem lá a clientela dele, como nós temos a nossa', afirmou o chanceler.
Um dos principais problemas enfrentados pela indústria argentina é a falta de investimentos. Nos anos da crise econômica --entre 1999 e 2002--, o empresários locais praticamente deixaram de investir. O auge da crise foi o ano de 2002, quando a economia retrocedeu quase 11% após a queda do presidente Fernando de la Rúa e da moratória da dívida com credores privados.
Até hoje, a Argentina enfrenta graves problemas para se financiar e, consequentemente, ampliar e modernizar o seu parque produtivo. Com a recuperação da economia no ano passado --que cresceu mais de 8%--, as indústrias locais passaram a operar no limite de sua capacidade instalada, sem infra-estrutura para atender a demanda interna, que também aumentou.
A saída foi importar o que faltava do Brasil, que ao contrário do país vizinho teve retração na demanda interna. Em 2003, o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país) brasileiro recuou 0,2%. Houve ainda aumento na taxa de desemprego e queda na renda do trabalhador, que retraiu ainda mais o mercado doméstico.
Especial
Arquivo: Veja o que já foi publicado sobre o comércio entre o Brasil e Argentina
Impasse com Argentina se resolve com "paciência", diz Amorim
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da Folha Online, em Brasília
O impasse envolvendo as exportações de eletrodomésticos brasileiros para a Argentina serão resolvidos com "paciência e inteligência", segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Para o chanceler, a recente disputa é 'normal' entre dois países que têm um volume intenso de comércio bilateral.
Amorim citou como exemplo os EUA e o Canadá que freqüentemente estão na OMC (Organização Mundial do Comércio) para resolver algum tipo de problema comercial. 'Isso é normal. Não existe problema entre o Camboja e o Equador, existe? Não, porque não tem relação comercial. Quando se tem uma relação intensa os problemas aparecerem.'
Para o ministro, um encontro entre o setor empresarial de ambos os lados já está marcado. Houve ainda reuniões entre ministros da área econômica de Brasil e Argentina, além das conversas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner (Argentina) durante a reunião de cúpula do Mercosul, encerrada ontem.
'Nós fomos ouvidos. Com paciência e inteligência, nós vamos resolver todos esses problemas. A disposição política é muito positiva', afirmou o chanceler. 'Temos de entrar em entendimento e acho que chegaremos a um entendimento".
O próprio presidente Lula tentou mostrar vontade política para solucionar amigavelmente o impasse durante os encontros que teve com Kirchner em Puerto Iguazú ontem. Mas a contrapartida argentina não está no mesmo patamar. Ao contrário de Lula, Kirchner disse que continuará protegendo a indústria argentina e não descartou a adoção das mesmas restrições para outros produtos, como os têxteis.
Segundo a Eletros (associação que reúne os fabricantes de eletrodomésticos brasileiros) os prejuízos seriam enormes e poderiam provocar a demissão de cerca de 1.000 trabalhadores. Amorim, no entanto, não acredita que as barreiras argentina chegem a provocar perdas para o Brasil.
'Acho que prejuízo não vai haver', disse na manhã desta sexta-feira ao hastear a bandeira do Mercosul na frente do Itamaraty. O Brasil assumiu a presidência do bloco comercial ontem, na Argentina. O presidente Lula fica no cargo nos próximos seis meses. 'Vamos chegar a um entendimento, não tenho dúvida.'
Competitividade
Amorim, no entanto, fez um crítica indireta ao principal parceiro brasileiro no bloco: 'A gente não pode premiar a falta de competitividade', disse. 'O ministro [Roberto] Lavagna (Economia) é um homem imbuído do espírito do Mercosul e tem lá a clientela dele, como nós temos a nossa', afirmou o chanceler.
Um dos principais problemas enfrentados pela indústria argentina é a falta de investimentos. Nos anos da crise econômica --entre 1999 e 2002--, o empresários locais praticamente deixaram de investir. O auge da crise foi o ano de 2002, quando a economia retrocedeu quase 11% após a queda do presidente Fernando de la Rúa e da moratória da dívida com credores privados.
Até hoje, a Argentina enfrenta graves problemas para se financiar e, consequentemente, ampliar e modernizar o seu parque produtivo. Com a recuperação da economia no ano passado --que cresceu mais de 8%--, as indústrias locais passaram a operar no limite de sua capacidade instalada, sem infra-estrutura para atender a demanda interna, que também aumentou.
A saída foi importar o que faltava do Brasil, que ao contrário do país vizinho teve retração na demanda interna. Em 2003, o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país) brasileiro recuou 0,2%. Houve ainda aumento na taxa de desemprego e queda na renda do trabalhador, que retraiu ainda mais o mercado doméstico.
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