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13/07/2004
-
20h13
ELAINE COTTA
da Folha Online, em Brasília
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) pediu a intervenção do governo brasileiro nas negociações entre os setores privados do Brasil e da Argentina para solucionar o impasse das exportações de eletrodoméstico nacionais para o país vizinho.
A polêmica começou na semana passada, quando os argentinos decidiram impor restrições às importações dos produtos da chamada linha branca, como fogões e geladeiras, produzidos no Brasil. O país vizinho elevou de zero para 21% a alíquota de importação desses produtos.
O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, disse hoje que o impasse cria tensões entre os dois sócios comerciais e prejudica projetos comuns com outros blocos econômicos, fazendo uma referência indireta às negociações do Mercosul com os EUA e com a UE (União Européia).
"Particularmente, sou contra esses processos de imposição de cotas, o que representa um corte drástico na trajetória dos negócios. Essa é sempre uma medida artificial, que violenta o próprio mercado e cria dificuldades para um diálogo que, ao meu ver, tem que se dar a partir de posições negociadas, e não impostas", disse.
Amanhã começam as negociações entre os empresários dos setores privados do Brasil e da Argentina na tentativa de se chegar a um acordo sobre o impasse. O governo brasileiro será representado pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Marcio Fortes, que participa das reuniões a partir de quinta-feira. Ele chega a Buenos Aires amanhã à tarde.
O governo argentino justificou a decisão alegando haver uma invasão de produtos brasileiros no seu mercado e que esse aumento de oferta estaria prejudicando os fabricantes locais. Essa não foi a primeira vez que os argentinos reclamaram do aumento das exportações do Brasil par ao seu mercado.
Recentemente, a Argentina proibiu a importação de carne brasileira por conta de um foco de febre aftosa descoberto no Pará. No ano passado, foram os produtos têxteis e os calçados que sofreram represálias, quando os argentinos começaram a alegar serem vítimas de uma 'invasão verde-e-amarela'. O acordo para os têxteis só foi fechado no começo deste ano, após uma série de concessões por parte dos fabricantes brasileiros.
A Argentina afirma que a sua recuperação econômica associada ao desaquecimento vivido pela economia brasileira no ano passado provocou uma 'enxurrada' de produtos brasileiros no seu mercado. Em 2003, enquanto o país vizinho cresceu mais de 8%, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro teve retração de 0,2%.
No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou US 3,281 bilhões para a Argentina e importou US 2,553 bilhões. Ou seja, terminou o período com superávit de US 728 milhões. Mas essa situação começou a existir recentemente. Nos últimos 9 anos, o Brasil acumulou déficit comercial de mais de US 10 bilhões com o país vizinho, ou seja, foi o principal mercado para os produtos argentinos.
Pressão
A última cartada dada pela Argentina para pressionar o Brasil nessas negociações foi uma medida anunciada no último dia 5, mas já revogada, que previa limitar o tráfego de caminhões brasileiros por seu território. A resolução limitava o tráfego de caminhões do Brasil e do Chile pelo território argentino e começaria a vigorar no dia 1o de agosto.
A medida foi suspensa pela Secretaria de Transportes da Argentina ontem à noite. O governo argentino disse ter revogado a decisão para demonstrar "boa vontade" ao governo brasileiro nas negociações sobre os eletrodomésticos.
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da Folha Online, em Brasília
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) pediu a intervenção do governo brasileiro nas negociações entre os setores privados do Brasil e da Argentina para solucionar o impasse das exportações de eletrodoméstico nacionais para o país vizinho.
A polêmica começou na semana passada, quando os argentinos decidiram impor restrições às importações dos produtos da chamada linha branca, como fogões e geladeiras, produzidos no Brasil. O país vizinho elevou de zero para 21% a alíquota de importação desses produtos.
O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, disse hoje que o impasse cria tensões entre os dois sócios comerciais e prejudica projetos comuns com outros blocos econômicos, fazendo uma referência indireta às negociações do Mercosul com os EUA e com a UE (União Européia).
"Particularmente, sou contra esses processos de imposição de cotas, o que representa um corte drástico na trajetória dos negócios. Essa é sempre uma medida artificial, que violenta o próprio mercado e cria dificuldades para um diálogo que, ao meu ver, tem que se dar a partir de posições negociadas, e não impostas", disse.
Amanhã começam as negociações entre os empresários dos setores privados do Brasil e da Argentina na tentativa de se chegar a um acordo sobre o impasse. O governo brasileiro será representado pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Marcio Fortes, que participa das reuniões a partir de quinta-feira. Ele chega a Buenos Aires amanhã à tarde.
O governo argentino justificou a decisão alegando haver uma invasão de produtos brasileiros no seu mercado e que esse aumento de oferta estaria prejudicando os fabricantes locais. Essa não foi a primeira vez que os argentinos reclamaram do aumento das exportações do Brasil par ao seu mercado.
Recentemente, a Argentina proibiu a importação de carne brasileira por conta de um foco de febre aftosa descoberto no Pará. No ano passado, foram os produtos têxteis e os calçados que sofreram represálias, quando os argentinos começaram a alegar serem vítimas de uma 'invasão verde-e-amarela'. O acordo para os têxteis só foi fechado no começo deste ano, após uma série de concessões por parte dos fabricantes brasileiros.
A Argentina afirma que a sua recuperação econômica associada ao desaquecimento vivido pela economia brasileira no ano passado provocou uma 'enxurrada' de produtos brasileiros no seu mercado. Em 2003, enquanto o país vizinho cresceu mais de 8%, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro teve retração de 0,2%.
No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou US 3,281 bilhões para a Argentina e importou US 2,553 bilhões. Ou seja, terminou o período com superávit de US 728 milhões. Mas essa situação começou a existir recentemente. Nos últimos 9 anos, o Brasil acumulou déficit comercial de mais de US 10 bilhões com o país vizinho, ou seja, foi o principal mercado para os produtos argentinos.
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