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14/07/2004
-
07h21
CLÁUDIA DIANNI
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
As negociações que governos e empresários argentinos e brasileiros iniciam hoje em Buenos Aires, para discutir a nova escalada protecionista da indústria argentina, se fracassarem, poderão deflagar a primeira guerra comercial entre os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, que passaram um ano ressaltando as excelentes relações dos parceiros do Mercosul.
Na pauta das reuniões, que começam hoje com o encontro dos ministros da Indústria da Argentina, Alberto Dumont, e do Brasil, Márcio Fortes, não estarão somente o comércio de eletroeletrônicos, que a Argentina ameaça com a imposição de barreiras.
Governos e empresários vão discutir nas próximas semanas o comércio de carnes, de frango, de têxteis, máquinas agrícolas, de automóveis e até a circulação de caminhões brasileiros em territórios argentino.
Este tema, porém, deverá ficar a cargo dos ministros. Na semana que vem, será a vez do ministro da Economia, Roberto Lavagna, receber o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil, Luiz Fernando Furlan.
Será neste encontro que os governos vão tratar da questão de fundo. Os argentinos querem que o Brasil reserve suas políticas de incentivo à exportação para fora do Mercosul.
Na semana passada, Lavagna avisou que pretende adotar mecanismos para controlar o comércio com o Brasil se governo e empresários não chegarem a um acordo.
Furlan, por sua vez, insinuou na semana passada, em Puerto Iguazú, que o Brasil tem quatro medidas preparadas contra a Argentina. Segundo ele, adotá-las ou não é uma questão de tomar a decisão dentro do governo.
Ontem, o jornal argentino "Ambito Financeiro" afirmava que os produtos alvo do Brasil são grãos, lácteos, cebola e farinha.
Enquanto os governos não chegam a um acordo sobre suas políticas industriais, o controle do comércio terá de ser feito por restrições ao comércio. Para discutir isso, os encontros entre representantes das indústrias também começam hoje.
As indústrias argentinas de geladeiras, fogões e máquinas de lavar vão pedir que o Brasil reduza suas exportações à metade, segundo empresários argentinos.
Caminhões
Uma fonte do governo argentino confirmou à Folha que a Argentina pretende pedir reciprocidade ao Brasil por deixar que caminhões com mercadorias brasileiras atravessem o país para chegar ao Chile.
Segundo essa fonte, o Brasil paga para usar estradas no Uruguai. Os argentinos também querem compensações. A pressão para conseguir a reciprocidade obedece à mesma lógica adotada para os eletrodomésticos.
Na semana passada, a Secretaria de Transportes da Argentina divulgou uma resolução que limitaria, a partir de agosto, a circulação dos caminhões brasileiros ao trecho entre Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, e Passo Jama, na província de Jujuy. A mudança aumentaria o percurso de 1,85 mil para 3,9 mil quilômetros.
A resolução do transporte foi cancelada na segunda-feira e o governo argentino ainda não disse se pretende reeditá-la, se o Brasil não concordar com as compensações.
No caso dos eletroeletrônicos, Lavagna já confirmou que vai regulamentar a medida que adota licenças prévias para a importação de produtos da linha branca do Brasil, se não houver acordo.
A Argentina também anunciou que vai adotar tarifas de 21% para a importações de televisões. O governo aguarda o fim das negociações com o Brasil antes de publicar, ou não, a medida no Diário Oficial.
"Não vamos tratar somente dos temas atuais, mas também os que serão discutidos mais adiante. Concretamente, temos que discutir a questão dos automóveis", disse o Lavagna ao jornal "Clarín".
O ministro confirmou que, se não houver acordo entre os setores, a Argentina vai continuar adotando medida para controlar o comércio.
Com falta de demanda para modelos grandes, sua especialidade, a Argentina quer produzir carros pequenos. "Dos carros que se compram na Argentina, 60% são brasileiros", disse o chefe de Governo do Presidente Kirchner, Alberto Fernandez.
Até ajustar a indústria, porém, os argentinos esperam que o Brasil exporte menos carros pequenos. Além disso, pretendem adiar o livre comércio de automóveis no Mercosul, previsto para 2006.
Apesar de já haver um acordo de restrição voluntária de exportações de têxteis, assinado no fim do ano passado, os argentinos pressionam para voltar ao tema. Os produtores de frango, de acordo com a imprensa local, que já levaram o Brasil ao tribunal do Mercosul sob acusação de dumping (preço menor do que o praticado no mercado de origem) também querem voltar a fixar cotas para o comércio. O mesmo querem os produtores argentinos de máquinas agrícolas.
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da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
As negociações que governos e empresários argentinos e brasileiros iniciam hoje em Buenos Aires, para discutir a nova escalada protecionista da indústria argentina, se fracassarem, poderão deflagar a primeira guerra comercial entre os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, que passaram um ano ressaltando as excelentes relações dos parceiros do Mercosul.
Na pauta das reuniões, que começam hoje com o encontro dos ministros da Indústria da Argentina, Alberto Dumont, e do Brasil, Márcio Fortes, não estarão somente o comércio de eletroeletrônicos, que a Argentina ameaça com a imposição de barreiras.
Governos e empresários vão discutir nas próximas semanas o comércio de carnes, de frango, de têxteis, máquinas agrícolas, de automóveis e até a circulação de caminhões brasileiros em territórios argentino.
Este tema, porém, deverá ficar a cargo dos ministros. Na semana que vem, será a vez do ministro da Economia, Roberto Lavagna, receber o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil, Luiz Fernando Furlan.
Será neste encontro que os governos vão tratar da questão de fundo. Os argentinos querem que o Brasil reserve suas políticas de incentivo à exportação para fora do Mercosul.
Na semana passada, Lavagna avisou que pretende adotar mecanismos para controlar o comércio com o Brasil se governo e empresários não chegarem a um acordo.
Furlan, por sua vez, insinuou na semana passada, em Puerto Iguazú, que o Brasil tem quatro medidas preparadas contra a Argentina. Segundo ele, adotá-las ou não é uma questão de tomar a decisão dentro do governo.
Ontem, o jornal argentino "Ambito Financeiro" afirmava que os produtos alvo do Brasil são grãos, lácteos, cebola e farinha.
Enquanto os governos não chegam a um acordo sobre suas políticas industriais, o controle do comércio terá de ser feito por restrições ao comércio. Para discutir isso, os encontros entre representantes das indústrias também começam hoje.
As indústrias argentinas de geladeiras, fogões e máquinas de lavar vão pedir que o Brasil reduza suas exportações à metade, segundo empresários argentinos.
Caminhões
Uma fonte do governo argentino confirmou à Folha que a Argentina pretende pedir reciprocidade ao Brasil por deixar que caminhões com mercadorias brasileiras atravessem o país para chegar ao Chile.
Segundo essa fonte, o Brasil paga para usar estradas no Uruguai. Os argentinos também querem compensações. A pressão para conseguir a reciprocidade obedece à mesma lógica adotada para os eletrodomésticos.
Na semana passada, a Secretaria de Transportes da Argentina divulgou uma resolução que limitaria, a partir de agosto, a circulação dos caminhões brasileiros ao trecho entre Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, e Passo Jama, na província de Jujuy. A mudança aumentaria o percurso de 1,85 mil para 3,9 mil quilômetros.
A resolução do transporte foi cancelada na segunda-feira e o governo argentino ainda não disse se pretende reeditá-la, se o Brasil não concordar com as compensações.
No caso dos eletroeletrônicos, Lavagna já confirmou que vai regulamentar a medida que adota licenças prévias para a importação de produtos da linha branca do Brasil, se não houver acordo.
A Argentina também anunciou que vai adotar tarifas de 21% para a importações de televisões. O governo aguarda o fim das negociações com o Brasil antes de publicar, ou não, a medida no Diário Oficial.
"Não vamos tratar somente dos temas atuais, mas também os que serão discutidos mais adiante. Concretamente, temos que discutir a questão dos automóveis", disse o Lavagna ao jornal "Clarín".
O ministro confirmou que, se não houver acordo entre os setores, a Argentina vai continuar adotando medida para controlar o comércio.
Com falta de demanda para modelos grandes, sua especialidade, a Argentina quer produzir carros pequenos. "Dos carros que se compram na Argentina, 60% são brasileiros", disse o chefe de Governo do Presidente Kirchner, Alberto Fernandez.
Até ajustar a indústria, porém, os argentinos esperam que o Brasil exporte menos carros pequenos. Além disso, pretendem adiar o livre comércio de automóveis no Mercosul, previsto para 2006.
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