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18/07/2004 - 10h06

Alemanha usa Brasil como base para exportar

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FABÍOLA SALANI
enviada especial da Folha de S.Paulo à Alemanha

Custos de produção mais baixos, proximidade com os Estados Unidos, funcionários "interessados, motivados, empenhados". Esses três fatores têm levado as empresas alemãs com filial no Brasil a usar o país como plataforma de exportação mundial.

Os exemplos incluem transferência de produção global de determinados itens para o Brasil.

"Estamos mandando toda a nossa produção de turbinas para o Brasil", disse o vice-presidente-executivo da Voith-Siemens, Karl-Heinz Fessel. Sem contar que a fundição localizada no Brasil é a única do grupo no mundo, segundo o executivo, a fornecer componentes como secadores industriais.

Na Henkel, a unidade brasileira é a única no mundo fabricar um reparador de emergência da família Super Bonder. No ano passado, a empresa instalou no Brasil a linha de envase e embalagem desse produto, num processo incluiu investimentos de 2 milhões no país. O reparador é hoje exportado para mais de 30 países.

"Os produtos brasileiros são muito competitivos", disse Edgar Silva Garbade, presidente da Bosch na América Latina. A companhia transferiu uma unidade do México para o Brasil no ano passado e, daqui, exporta diversos produtos para os EUA --e o fator custo (o momento é bom inclusive do ponto de vista cambial) foi um dos fundamentais na decisão da transferência.

Outro grupo alemão que trouxe ao Brasil um produto para fabricação exclusiva aqui foi a Basf, que no ano passado abriu o Centro de Produção Agro, em Guaratinguetá (SP), onde faz a manufatura do princípio ativo Boscalid para abastecimento mundial.

E todas as unidades de produção da área de saúde animal da América Latina da Bayer foram transferidas para o Brasil, de onde partem agora as vendas do grupo para a região. Além disso, a fábrica de Belford Roxo (RJ) está se tornando, de acordo com a assessoria da empresa, plataforma mundial para a produção de Tamaron --da Bayer CropScience.

Fessel, da Voith, vê no custo e na boa produtividade do funcionário brasileiro os principais motivos para o grupo fabricar aqui até turbinas para irem para a China.

No Encontro Econômico Brasil-Alemanha 2004, realizado em Stuttgart há quatro semanas, Claus Hoppen, executivo-chefe da Mahle --fabricante de autopeças-- no Brasil, apresentou um estudo de custo de mão-de-obra em diversos países.

Apesar de mostrar que o custo no Brasil é o triplo do da China, ele afirmou que há muitas vantagens no funcionário brasileiro: "Ele é mais bem preparado, tem maior vínculo com a empresa, dinamismo e espírito inovador", afirmou o executivo.

O presidente mundial da Bosch, Franz Fehrenbach, elogia o país: "Achamos que o Brasil tem boa localização em relação à região americana e baixo custo".

Destinos

As exportações da Mahle brasileira se dirigem principalmente para EUA --31%--, Argentina --13%-- e Alemanha --9%. Para a China, vão 5,2% dos produtos vendidos externamente pela unidade do Brasil. "Apesar de os custos de mão-de-obra da China serem mais baixos, nossos produtos têm sido competitivos lá", disse Hoppen. A exportação é, hoje, responsável por 53% do faturamento da companhia no Brasil.

Os EUA são também o principal cliente da divisão de adesivos de consumo da Henkel brasileira, levando 30% das exportações da unidade. A seguir, vêm Itália, com 10%, Rússia, com 8%, e Inglaterra e Alemanha, com 5% cada.

A Bosch calcula que suas unidades no Brasil fechem este ano com vendas totais de R$ 3,2 bilhões --30% a mais do que em 2003--, 45% delas externas, sendo 32% das exportações para fora da América do Sul. "Essa posição positiva amplia o número de funcionários", diz Garbade, da Bosch da América Latina. O grupo deve encerrar o ano com 800 empregados a mais do que tinha no ano passado no país.

A ThyssenKrupp informa que aproximadamente 75% de suas exportações das subsidiárias brasileiras são destinadas aos EUA. Vendem para o exterior as divisões automotiva, de elevadores e de tecnologia do grupo no Brasil --a última abastece as subsidiárias da companhia nos Estados Unidos e na Europa.

Além de exportar produtos de suas várias divisões para toda a América Latina, incluindo o México, a Bayer tem, na divisão de produtos agrícolas --a CropScience-- outro grande cliente: a Austrália, um dos grandes produtores mundiais.

A Basf se diferencia das demais empresas, pois os EUA não aparecem na lista de principais destinos das mercadorias exportadas a partir do Brasil.

A assessoria da companhia informou que os principais mercados são: Europa, com US$ 43,6 milhões (sendo US$ 31,1 milhões para a Alemanha); Argentina, com US$ 6,84 milhões; África do Sul, US$ 4,98 milhões; Peru, US$ 3,28 milhões, e Venezuela, US$ 3,18 milhões.

A jornalista Fabíola Salani viajou à Alemanha a convite da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha e do governo alemão.

Especial
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