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20/07/2004
-
07h31
ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio
Do discurso à prática, ainda há muito a ser feito pelas empresas que se dizem socialmente responsáveis. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). O estudo mostra que, entre 2000 e 2002, o percentual de empregados negros e pardos aumentou de 8,5% para 13,7%, enquanto o de mulheres passou de 28% para 30,1%.
No entanto, negros, pardos e mulheres ainda são minoria em cargos de chefia. São apenas 4,3% de negros e pardos e 16,4% de mulheres nesses postos.
A comparação foi feita analisando 561 balanços sociais publicados por 231 empresas nesse período. A maioria das empresas é de grande e médio porte.
Além de detectar que ainda é preciso incentivar a ascensão de negros e mulheres aos postos de chefia, a pesquisa mostrou que aumentou o percentual de empregados terceirizados nessas empresas, de 29,7% para 40,4%.
Para os coordenadores da pesquisa, o aumento da terceirização teve relação com outro fato: a taxa de acidentes de trabalho aumentou de 21 por 1.000 empregados para 30 por 1.000.
Desde 1997, o Ibase vem incentivando empresas a publicarem balanços sociais como forma de prestar contas das ações realizadas nessa área da mesma maneira que elas fazem com seus balanços financeiros e patrimônios. A comparação do estudo atual começa apenas em 2000 porque a base de dados dos anos anteriores é muito pequena para permitir a comparação.
"Essas empresas [que participaram da pesquisa] são as mais transparentes na hora de divulgar sua atuação social. Queremos mostrar, no entanto, que é preciso algo mais do que transparência. A responsabilidade social começa internamente", afirma João Sucupira, coordenador de Responsabilidade Social e Ética nas Organizações do Ibase.
Para Sucupira, a pequena porcentagem de negros e pardos em postos de chefia mostra que ainda há uma resistência grande das empresas na hora de escolher pessoas desse grupo para ocupar cargos de comando.
Sobre o aumento da proporção de negros e pardos entre os funcionários, dado que ele considerou positivo, o coordenador da pesquisa diz que ele ainda precisa ser mais investigado: "Pode estar contribuindo para esse aumento o fato de as empresas estarem apurando de maneira mais correta a presença de negros e pardos entre seus funcionários".
O aumento do número de acidentes e da proporção de empregados terceirizados indica, na opinião de Sucupira, uma tendência preocupante nessas empresas. "Muitas vezes, as empresas optam pela terceirização apenas para reduzir custos. O trabalhador passa, então, a trabalhar para uma empresa menor, que pode atuar sem as condições de segurança necessárias. Essa precarização do emprego pode levar ao aumento dos acidentes de trabalho", diz.
O presidente do Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas), Ivanir dos Santos, concorda com os resultados da pesquisa. O Ceap lançou, em 2003, uma campanha para reconhecer o trabalho de empresas que estimulem a diversidade racial no trabalho --as mais eficientes ganharão um selo. O resultado deve ficar pronto até o fim do ano.
Especial
Veja o que já foi publicado sobre o Ibase
Negro e mulher são minoria na chefia
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da Folha de S.Paulo, no Rio
Do discurso à prática, ainda há muito a ser feito pelas empresas que se dizem socialmente responsáveis. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). O estudo mostra que, entre 2000 e 2002, o percentual de empregados negros e pardos aumentou de 8,5% para 13,7%, enquanto o de mulheres passou de 28% para 30,1%.
No entanto, negros, pardos e mulheres ainda são minoria em cargos de chefia. São apenas 4,3% de negros e pardos e 16,4% de mulheres nesses postos.
A comparação foi feita analisando 561 balanços sociais publicados por 231 empresas nesse período. A maioria das empresas é de grande e médio porte.
Além de detectar que ainda é preciso incentivar a ascensão de negros e mulheres aos postos de chefia, a pesquisa mostrou que aumentou o percentual de empregados terceirizados nessas empresas, de 29,7% para 40,4%.
Para os coordenadores da pesquisa, o aumento da terceirização teve relação com outro fato: a taxa de acidentes de trabalho aumentou de 21 por 1.000 empregados para 30 por 1.000.
Desde 1997, o Ibase vem incentivando empresas a publicarem balanços sociais como forma de prestar contas das ações realizadas nessa área da mesma maneira que elas fazem com seus balanços financeiros e patrimônios. A comparação do estudo atual começa apenas em 2000 porque a base de dados dos anos anteriores é muito pequena para permitir a comparação.
"Essas empresas [que participaram da pesquisa] são as mais transparentes na hora de divulgar sua atuação social. Queremos mostrar, no entanto, que é preciso algo mais do que transparência. A responsabilidade social começa internamente", afirma João Sucupira, coordenador de Responsabilidade Social e Ética nas Organizações do Ibase.
Para Sucupira, a pequena porcentagem de negros e pardos em postos de chefia mostra que ainda há uma resistência grande das empresas na hora de escolher pessoas desse grupo para ocupar cargos de comando.
Sobre o aumento da proporção de negros e pardos entre os funcionários, dado que ele considerou positivo, o coordenador da pesquisa diz que ele ainda precisa ser mais investigado: "Pode estar contribuindo para esse aumento o fato de as empresas estarem apurando de maneira mais correta a presença de negros e pardos entre seus funcionários".
O aumento do número de acidentes e da proporção de empregados terceirizados indica, na opinião de Sucupira, uma tendência preocupante nessas empresas. "Muitas vezes, as empresas optam pela terceirização apenas para reduzir custos. O trabalhador passa, então, a trabalhar para uma empresa menor, que pode atuar sem as condições de segurança necessárias. Essa precarização do emprego pode levar ao aumento dos acidentes de trabalho", diz.
O presidente do Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas), Ivanir dos Santos, concorda com os resultados da pesquisa. O Ceap lançou, em 2003, uma campanha para reconhecer o trabalho de empresas que estimulem a diversidade racial no trabalho --as mais eficientes ganharão um selo. O resultado deve ficar pronto até o fim do ano.
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