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03/08/2004
-
07h42
IGOR GIELOW
Secretário de Redação da Folha de S.Paulo, em Brasíia
O Exército dos Estados Unidos anunciou que seu novo avião-radar será o brasileiro ERJ-145 AEW&C, da Embraer, o mesmo utilizado pela Força Aérea Brasileira no Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). É a primeira vez que uma empresa brasileira fornecerá avião militar a ser adotado como padrão para os EUA.
O contrato, em sua fase inicial, dará US$ 879 milhões aos vencedores. Como prevê extensões de até 20 anos, o mercado aeronáutico o enxerga como um negócio de até US$ 8 bilhões, com quase 40 aviões fornecidos.
O consórcio é liderado pela Lockheed-Martin, gigante aerospacial norte-americana. Ela se associou em julho de 2003 com a Embraer, e não está claro o quanto a brasileira vai ganhar de cada dólar recebido. Para atender às exigências do governo dos EUA, a Embraer abriu uma fábrica na Flórida para montar os aviões.
O aparelho oferecido é a versão AEW&C (sigla inglesa para alerta aéreo antecipado e controle) do sucesso comercial ERJ-145, que tem mais de 750 unidades entregues. Ele derrotou a versão radar do Gulfstream oferecida pela concorrente Northrop.
O avião no Brasil usa um radar sueco, o Erieye. Nos EUA, todo o sistema será substituído por equipamento norte-americano. A previsão do programa, chamado ACS (Sensor Comum Aéreo, na sigla em inglês), é substituir três aparelhos em curso nos EUA, inclusive o EP-3E Aries, um quadrimotor operado pela Marinha.
No Sivam, são cinco os aviões em operação. Na FAB, têm o código de R-99A. Além deles, o Brasil opera outros três aparelhos ''irmãos'', o R-99B de sensoriamento remoto. México e Grécia também compraram as versões de vigilância marítima do mesmo avião.
A única vez em que o Brasil quase conseguiu vender equipamento de ponta para os EUA, na área de defesa aérea, foi na década de 90, quando o Tucano da mesma Embraer foi preterido.
A Embraer não quis comentar a nota do Exército dos EUA ontem por não ter sido comunicada oficialmente da escolha.
A venda tem outros significados e mostra o grau de complexidade no setor de defesa atual. No contexto da tentativa de venda dos novos caças da FAB (Força Aérea Brasileira), o chamado projeto F-X, a Lockheed concorre até aqui com quase nenhuma chance com o modelo F-16.
A Embraer, por sua vez, apela fortemente ao lobby nacionalista para vender à FAB o avião francês Mirage-2000BR, em associação com a Dassault. Como irá gerar empregos americanos, o ERJ dos EUA poderá servir de munição contrária na disputa entre os consórcios no Brasil. O negócio é estimado em US$ 700 milhões.
Além disso, outra notícia de ontem atiçou os lobbies da concorrência dos caças. A empresa de aviação russa Aeroflot anunciou que vai comprar 50 jatos regionais com capacidade de 60 a 100 passageiros, exatamente o mercado que a Embraer quer conquistar com a sua nova família de aviões.
Com isso, confirma-se a oferta feita por Moscou no ano passado de abertura do mercado daquele país para a Embraer, numa triangulação segundo a qual os caças russos Sukhoi Su-35 seriam os escolhidos pela FAB em sua concorrência. O Brasil não confirma a negociação.
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Secretário de Redação da Folha de S.Paulo, em Brasíia
O Exército dos Estados Unidos anunciou que seu novo avião-radar será o brasileiro ERJ-145 AEW&C, da Embraer, o mesmo utilizado pela Força Aérea Brasileira no Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). É a primeira vez que uma empresa brasileira fornecerá avião militar a ser adotado como padrão para os EUA.
O contrato, em sua fase inicial, dará US$ 879 milhões aos vencedores. Como prevê extensões de até 20 anos, o mercado aeronáutico o enxerga como um negócio de até US$ 8 bilhões, com quase 40 aviões fornecidos.
O consórcio é liderado pela Lockheed-Martin, gigante aerospacial norte-americana. Ela se associou em julho de 2003 com a Embraer, e não está claro o quanto a brasileira vai ganhar de cada dólar recebido. Para atender às exigências do governo dos EUA, a Embraer abriu uma fábrica na Flórida para montar os aviões.
O aparelho oferecido é a versão AEW&C (sigla inglesa para alerta aéreo antecipado e controle) do sucesso comercial ERJ-145, que tem mais de 750 unidades entregues. Ele derrotou a versão radar do Gulfstream oferecida pela concorrente Northrop.
O avião no Brasil usa um radar sueco, o Erieye. Nos EUA, todo o sistema será substituído por equipamento norte-americano. A previsão do programa, chamado ACS (Sensor Comum Aéreo, na sigla em inglês), é substituir três aparelhos em curso nos EUA, inclusive o EP-3E Aries, um quadrimotor operado pela Marinha.
No Sivam, são cinco os aviões em operação. Na FAB, têm o código de R-99A. Além deles, o Brasil opera outros três aparelhos ''irmãos'', o R-99B de sensoriamento remoto. México e Grécia também compraram as versões de vigilância marítima do mesmo avião.
A única vez em que o Brasil quase conseguiu vender equipamento de ponta para os EUA, na área de defesa aérea, foi na década de 90, quando o Tucano da mesma Embraer foi preterido.
A Embraer não quis comentar a nota do Exército dos EUA ontem por não ter sido comunicada oficialmente da escolha.
A venda tem outros significados e mostra o grau de complexidade no setor de defesa atual. No contexto da tentativa de venda dos novos caças da FAB (Força Aérea Brasileira), o chamado projeto F-X, a Lockheed concorre até aqui com quase nenhuma chance com o modelo F-16.
A Embraer, por sua vez, apela fortemente ao lobby nacionalista para vender à FAB o avião francês Mirage-2000BR, em associação com a Dassault. Como irá gerar empregos americanos, o ERJ dos EUA poderá servir de munição contrária na disputa entre os consórcios no Brasil. O negócio é estimado em US$ 700 milhões.
Além disso, outra notícia de ontem atiçou os lobbies da concorrência dos caças. A empresa de aviação russa Aeroflot anunciou que vai comprar 50 jatos regionais com capacidade de 60 a 100 passageiros, exatamente o mercado que a Embraer quer conquistar com a sua nova família de aviões.
Com isso, confirma-se a oferta feita por Moscou no ano passado de abertura do mercado daquele país para a Embraer, numa triangulação segundo a qual os caças russos Sukhoi Su-35 seriam os escolhidos pela FAB em sua concorrência. O Brasil não confirma a negociação.
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