19/08/2004 - 18h12

Dólar fecha em leve alta com correção de preços e petróleo

JANAINA LAGE
da Folha Online

Depois de cinco quedas consecutivas, as preocupações com o avanço do petróleo no mercado internacional levaram o dólar a um ajuste de preços.

A moeda americana encerrou os negócios cotada a R$ 2,987, com leve alta de 0,1%. Hoje, a sede da petrolífera South Oil na cidade portuária de Basra no Iraque foi incendiada durante um ataque. O temor de que o aumento da violência no Iraque prejudique o fornecimento do produto levou o barril a fechar com novo recorde, de US$ 48,70, em Nova York.

Analistas temem que a manutenção dos altos preços do petróleo prejudique o crescimento da economia mundial. Além disso, com a sucessão de recordes, especula-se que seja anunciado um novo aumento dos combustíveis, o que poderia pressionar ainda mais os índices de inflação.

Durante a maior parte do dia, no entanto, prevaleceu entre os investidores o clima de otimismo com a vitória do governo no Supremo Tribunal Federal (STF) na contribuição dos inativos. Somente no fim da tarde a moeda passou a operar em alta.

Nem mesmo a redução no valor do desconto reduziu o impacto da aprovação da medida. Estima-se que haverá uma queda de R$ 285 milhões na expectativa de arrecadação com a faixa de isenção de R$ 2.508,72, o teto da aposentadoria do regime geral da Previdência.

"No cenário interno, o maior susto já passou com a aprovação da constitucionalidade da contribuição dos inativos e o resultado já esperado na reunião do Copom. Com o avanço do petróleo, a cautela deve predominar no mercado", afirma o analista do banco Rabobank, Jorge Kattar. O Banco Central manteve a taxa básica de juros em 16% ontem pelo quarto mês seguido.

Captações

Apesar da cautela com o cenário externo, as instituições financeiras voltaram a captar recursos no mercado internacional. O Banco Votorantim anunciou hoje o início de uma captação de US$ 100 milhões com prazo de três anos. O Itaú e o Itaú BBA coordenam a operação.

O Banco Santos concluiu hoje a reabertura de uma captação de US$ 18 milhões encerrada em julho. Segundo Carlos Gribel, sócio-diretor da Eurovest Securities, que liderou a operação, o banco resolveu atender a demanda de alguns clientes privados. O banco captou mais US$ 6,5 milhões. O preço do título ficou em 99,75% do seu valor de face. Os papéis vão pagar juro nominal de 6% ao ano e a remuneração ao investidor será de 6,30% ao ano.

Para o analista de câmbio da corretora Souza Barros, Ideaki Iha, as captações estão apenas começando. "Com a queda do risco-país, a tendência é de entrada de recursos, a menos que o mercado passe por outro grande estresse", afirma.

O risco Brasil opera no menor nível desde abril. No fim da tarde, o indicador da confiança do investidor estrangeiro na economia brasileira recuava 0,54%, para 547 pontos.

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