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20/08/2004
-
17h52
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
Após acumular perdas de 4% na primeira quinzena devido ao escândalo no Banco Central, a Bovespa fechou hoje a primeira semana positiva do mês de agosto, mas os analistas ainda estão preocupados com o impacto da alta recorde do petróleo na inflação e com o menor apetite dos investidores estrangeiros por ações brasileiras.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa --que reúne as 54 ações mais negociadas-- subiu pelo quinto pregão consecutivo e terminou aos 23.195 pontos, uma alta de 1,14%. Essa é a maior pontuação desde 11 de fevereiro (23.197 pontos) --mas ainda longe do melhor placar do ano (24.349 pontos).
O índice paulista avançou 8,3% nesta semana e acumula valorização de 3,8% no mês e de 4,3% no ano. O volume financeiro melhorou e somou hoje R$ 1,566 bilhão, acima da média diária do ano (R$ 1,1 bilhão).
"A Bolsa está hoje nas mãos das tesourarias dos bancos. Os estrangeiros estão reduzindo posições. Não há investidores montando carteiras de ações para o futuro. Nesse ambiente, busca-se apenas o ganho rápido com a volatilidade diária dos preços", disse o diretor da corretora Planner, Luiz Antonio Vaz das Neves.
Em agosto, até a terça-feira passada, os investidores estrangeiros mais venderam ações do que compraram. A saída de capital já soma quase R$ 353 milhões, mais que o total de julho (R$ 304 milhões). Isso mostra que se mantém a tendência de retirada de recursos verificada desde junho, quando os EUA começaram a subir os juros. As denúncias de sonegação fiscal contra o presidente do BC, Henrique Meirelles, também contribuíram com a retração dos estrangeiros desde o final de julho.
Sem a entrada de novos recursos, o Ibovespa não encontra forças para melhorar seu patamar no médio prazo, segundo o diretor da Planner. Nesta semana, a vitória do governo no julgamento da contribuição dos servidores inativos no STF (Supremo Tribunal Federal) reanimou a Bolsa, mas o cenário externo ainda é desfavorável.
"O investidor está incomodado com a alta do petróleo", afirmou o sócio da administradora de recursos ARX, Carlos Eduardo Ramos.
Nesta sexta-feira, o contrato de petróleo para setembro chegou a bater um preço recorde de US$ 49,40, mas encerrou a US$ 47,86, queda de 4,06%. Desde o fim de junho, o barril já acumula alta de quase 30% na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York. A escalada da violência no Iraque e a demanda crescente por combustíveis na China e na Índia são citadas como fatores para a disparada.
No Brasil, o governo Lula sinaliza um reajuste dos combustíveis caso o petróleo se mantenha acima de US$ 40. Nas últimas semanas, especulou-se que o aumento da gasolina e do diesel sairia ainda neste mês.
Caso confirmado, o reajuste elevará o custo de vida, "incendiando" os índices de inflação. Um novo repique dos preços fortaleceria apostas dos bancos em uma subida dos juros pelo Banco Central, talvez logo após as eleições municipais de outubro. Um novo freio à recuperação da economia tenderia a limitar os "vôos" do Ibovespa.
"Mesmo com a pressão do petróleo, a Bovespa tem se mantido em alta nesta semana. Isso é um sinal positivo", minimiza o sócio da ARX.
Nos EUA, o Dow Jones subiu 0,69%, enquanto a Bolsa eletrônica Nasdaq avançou 1%. O dólar caiu 0,70%, vendido a R$ 2,966. O risco Brasil desabou 4,73%, aos 523 pontos. Hoje o banco CSFB elevou a recomendação para compra de títulos da dívida brasileira.
Vale
As ações da Companhia Vale do Rio Doce tiveram forte queda no pregão, após a notícia, divulgada pela Bloomberg, de que o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, teria informado que a Vale não desistiu de comprar a canadense Noranda, como se noticiou em julho.
Segundo a Bloomberg, Lessa disse que a Vale espera que o controlador da Noranda decida sobre o negócio provavelmente no começo de novembro.
As ações PNA da Vale recuaram 1,22%, cotadas a R$ 48,40, enquanto os papéis ON perderam 1,3%, a R$ 57,30. Ontem, as ações da mineradora começaram a ser cotadas em dezenas de reais, após desdobramento. Cada ação foi dividida em três.
Em junho, os boatos de que a Vale poderia comprar a empresa derrubaram suas ações. Alguns analistas alertavam que a Vale pagaria um preço muito elevado para comprar uma produtora de zinco e níquel --produtos fora de seu negócio principal, o minério de ferro.
O BNDES integra o conselho de administração da Vale. No dia 12 de julho, Lessa havia manifestado "simpatia" com a possibilidade de compra da Noranda pela Vale. Em nota, a assessoria de imprensa do BNDES negou que Lessa tenha falado que a mineradora fez uma nova oferta pela Noranda. A Vale não comentou.
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da Folha Online
Após acumular perdas de 4% na primeira quinzena devido ao escândalo no Banco Central, a Bovespa fechou hoje a primeira semana positiva do mês de agosto, mas os analistas ainda estão preocupados com o impacto da alta recorde do petróleo na inflação e com o menor apetite dos investidores estrangeiros por ações brasileiras.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa --que reúne as 54 ações mais negociadas-- subiu pelo quinto pregão consecutivo e terminou aos 23.195 pontos, uma alta de 1,14%. Essa é a maior pontuação desde 11 de fevereiro (23.197 pontos) --mas ainda longe do melhor placar do ano (24.349 pontos).
O índice paulista avançou 8,3% nesta semana e acumula valorização de 3,8% no mês e de 4,3% no ano. O volume financeiro melhorou e somou hoje R$ 1,566 bilhão, acima da média diária do ano (R$ 1,1 bilhão).
"A Bolsa está hoje nas mãos das tesourarias dos bancos. Os estrangeiros estão reduzindo posições. Não há investidores montando carteiras de ações para o futuro. Nesse ambiente, busca-se apenas o ganho rápido com a volatilidade diária dos preços", disse o diretor da corretora Planner, Luiz Antonio Vaz das Neves.
Em agosto, até a terça-feira passada, os investidores estrangeiros mais venderam ações do que compraram. A saída de capital já soma quase R$ 353 milhões, mais que o total de julho (R$ 304 milhões). Isso mostra que se mantém a tendência de retirada de recursos verificada desde junho, quando os EUA começaram a subir os juros. As denúncias de sonegação fiscal contra o presidente do BC, Henrique Meirelles, também contribuíram com a retração dos estrangeiros desde o final de julho.
Sem a entrada de novos recursos, o Ibovespa não encontra forças para melhorar seu patamar no médio prazo, segundo o diretor da Planner. Nesta semana, a vitória do governo no julgamento da contribuição dos servidores inativos no STF (Supremo Tribunal Federal) reanimou a Bolsa, mas o cenário externo ainda é desfavorável.
"O investidor está incomodado com a alta do petróleo", afirmou o sócio da administradora de recursos ARX, Carlos Eduardo Ramos.
Nesta sexta-feira, o contrato de petróleo para setembro chegou a bater um preço recorde de US$ 49,40, mas encerrou a US$ 47,86, queda de 4,06%. Desde o fim de junho, o barril já acumula alta de quase 30% na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York. A escalada da violência no Iraque e a demanda crescente por combustíveis na China e na Índia são citadas como fatores para a disparada.
No Brasil, o governo Lula sinaliza um reajuste dos combustíveis caso o petróleo se mantenha acima de US$ 40. Nas últimas semanas, especulou-se que o aumento da gasolina e do diesel sairia ainda neste mês.
Caso confirmado, o reajuste elevará o custo de vida, "incendiando" os índices de inflação. Um novo repique dos preços fortaleceria apostas dos bancos em uma subida dos juros pelo Banco Central, talvez logo após as eleições municipais de outubro. Um novo freio à recuperação da economia tenderia a limitar os "vôos" do Ibovespa.
"Mesmo com a pressão do petróleo, a Bovespa tem se mantido em alta nesta semana. Isso é um sinal positivo", minimiza o sócio da ARX.
Nos EUA, o Dow Jones subiu 0,69%, enquanto a Bolsa eletrônica Nasdaq avançou 1%. O dólar caiu 0,70%, vendido a R$ 2,966. O risco Brasil desabou 4,73%, aos 523 pontos. Hoje o banco CSFB elevou a recomendação para compra de títulos da dívida brasileira.
Vale
As ações da Companhia Vale do Rio Doce tiveram forte queda no pregão, após a notícia, divulgada pela Bloomberg, de que o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, teria informado que a Vale não desistiu de comprar a canadense Noranda, como se noticiou em julho.
Segundo a Bloomberg, Lessa disse que a Vale espera que o controlador da Noranda decida sobre o negócio provavelmente no começo de novembro.
As ações PNA da Vale recuaram 1,22%, cotadas a R$ 48,40, enquanto os papéis ON perderam 1,3%, a R$ 57,30. Ontem, as ações da mineradora começaram a ser cotadas em dezenas de reais, após desdobramento. Cada ação foi dividida em três.
Em junho, os boatos de que a Vale poderia comprar a empresa derrubaram suas ações. Alguns analistas alertavam que a Vale pagaria um preço muito elevado para comprar uma produtora de zinco e níquel --produtos fora de seu negócio principal, o minério de ferro.
O BNDES integra o conselho de administração da Vale. No dia 12 de julho, Lessa havia manifestado "simpatia" com a possibilidade de compra da Noranda pela Vale. Em nota, a assessoria de imprensa do BNDES negou que Lessa tenha falado que a mineradora fez uma nova oferta pela Noranda. A Vale não comentou.
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