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13/09/2004
-
06h41
ÉRICA FRAGA
enviada especial da Folha de S.Paulo a Basiléia (Suíça)
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem, na Basiléia (Suíça), que estão descartadas idéias de alterações na agenda e no funcionamento do Copom (Comitê de Política Monetária) que, em reuniões mensais, decide a taxa básica de juros.
Meirelles também afirmou que considera muito elevado o "spread" (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes) e disse que o BC estuda medidas para reduzir o custo do crédito no país.
Na semana passada, vieram a público sugestões de mudanças no formato de encontros do Copom, substituindo as reuniões mensais por encontros menos periódicos, feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por Paulo Skaf, presidente eleito da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Não temos planos de mudar a agenda de reuniões do Copom", afirmou Meirelles, que participa da reunião trimestral do BIS (sigla em inglês para Banco de Compensações Internacionais).
A indicação de Meirelles é considerada importante por analistas do mercado que, freqüentemente, oscila ao sabor de rumores de que o BC seria alvo de influências políticas do governo.
A despeito do bom momento da economia, Meirelles mostrou-se preocupado com as altas taxas de juros cobradas pelos bancos. O presidente do BC afirmou que é fundamental também que projetos já existentes, como a nova Lei das Falências e a central de risco de crédito, avancem o quanto antes. Disse ainda que podem ocorrer mudanças tributárias.
"Os "spreads" ainda estão muito altos. Temos muito caminho a andar na direção da redução do "spread'", disse Meirelles.
Segundo o presidente do BC, tanto banqueiros de fora como integrantes das autoridades monetárias de outros países apresentaram análises de que o Brasil, pela primeira vez em décadas, estaria entrando em um rumo de crescimento sustentado. Apesar disso, a comunidade internacional, representada na reunião do BIS, também demonstrou preocupações em relação à inflação e ao rumo dos juros no país.
Meirelles, no entanto, evitou fazer comentários sobre o assunto devido à proximidade da reunião do Copom que ocorre amanhã e quarta-feira.
A preocupação de alguns economistas é que a interrupção na queda dos juros ou uma eventual elevação da taxa básica, hoje em 16% ao ano, possam comprometer o recente ritmo de retomada da economia brasileira.
Mas, de acordo com Meirelles, várias instituições estão revisando a expectativa de crescimento do Brasil para 2004 do atual patamar de 4% para até 4,7%. Os bons indicadores do país apontados por especialistas seriam, além das boas taxas de crescimento, o acesso do Brasil aos mercados internacionais e a queda da relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto). "A avaliação é que o Brasil saiu do padrão de crises periódicas", disse Meirelles.
Segundo ele, há um ano, havia dúvidas sobre como o país seria afetado pelo início da alta de juros nos EUA e sobre o que iria acontecer com as exportações quando o crescimento deslanchasse.
O presidente do BC comentou ainda que o país começa a ser classificado em outro time de países considerados mais bem sucedidos economicamente como Chile, México e algumas nações asiáticas, como a Coréia do Sul.
O fato de que as reservas internacionais líquidas do Brasil, hoje em torno de US$ 27 bilhões, são mais baixas do que a de países como México (US$ 60 bilhões), Coréia do Sul (US$ 168 bilhões) e do que a maioria dos asiáticos não compromete essas comparações, segundo Meirelles.
Segundo ele, o que importa são as reservas totais brasileiras que, contando com os recursos do FMI (Fundo Monetário Internacional), chegam a US$ 50 bilhões.
Petróleo
Em relação ao cenário econômico global, o petróleo continua no centro das preocupações. Representantes dos bancos centrais não conseguiram chegar a um consenso ontem sobre causas e possíveis efeitos dos altos preços.
A análise de que a atuação de especuladores estaria tendo forte impacto não é conclusiva. Segundo participantes do encontro, ainda não há indicadores suficientes do peso das ações de "hedge funds" (fundos de investimento especulativos) sobre as cotações.
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Meirelles descarta mudanças no Copom
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enviada especial da Folha de S.Paulo a Basiléia (Suíça)
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem, na Basiléia (Suíça), que estão descartadas idéias de alterações na agenda e no funcionamento do Copom (Comitê de Política Monetária) que, em reuniões mensais, decide a taxa básica de juros.
Meirelles também afirmou que considera muito elevado o "spread" (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes) e disse que o BC estuda medidas para reduzir o custo do crédito no país.
Na semana passada, vieram a público sugestões de mudanças no formato de encontros do Copom, substituindo as reuniões mensais por encontros menos periódicos, feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por Paulo Skaf, presidente eleito da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Não temos planos de mudar a agenda de reuniões do Copom", afirmou Meirelles, que participa da reunião trimestral do BIS (sigla em inglês para Banco de Compensações Internacionais).
A indicação de Meirelles é considerada importante por analistas do mercado que, freqüentemente, oscila ao sabor de rumores de que o BC seria alvo de influências políticas do governo.
A despeito do bom momento da economia, Meirelles mostrou-se preocupado com as altas taxas de juros cobradas pelos bancos. O presidente do BC afirmou que é fundamental também que projetos já existentes, como a nova Lei das Falências e a central de risco de crédito, avancem o quanto antes. Disse ainda que podem ocorrer mudanças tributárias.
"Os "spreads" ainda estão muito altos. Temos muito caminho a andar na direção da redução do "spread'", disse Meirelles.
Segundo o presidente do BC, tanto banqueiros de fora como integrantes das autoridades monetárias de outros países apresentaram análises de que o Brasil, pela primeira vez em décadas, estaria entrando em um rumo de crescimento sustentado. Apesar disso, a comunidade internacional, representada na reunião do BIS, também demonstrou preocupações em relação à inflação e ao rumo dos juros no país.
Meirelles, no entanto, evitou fazer comentários sobre o assunto devido à proximidade da reunião do Copom que ocorre amanhã e quarta-feira.
A preocupação de alguns economistas é que a interrupção na queda dos juros ou uma eventual elevação da taxa básica, hoje em 16% ao ano, possam comprometer o recente ritmo de retomada da economia brasileira.
Mas, de acordo com Meirelles, várias instituições estão revisando a expectativa de crescimento do Brasil para 2004 do atual patamar de 4% para até 4,7%. Os bons indicadores do país apontados por especialistas seriam, além das boas taxas de crescimento, o acesso do Brasil aos mercados internacionais e a queda da relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto). "A avaliação é que o Brasil saiu do padrão de crises periódicas", disse Meirelles.
Segundo ele, há um ano, havia dúvidas sobre como o país seria afetado pelo início da alta de juros nos EUA e sobre o que iria acontecer com as exportações quando o crescimento deslanchasse.
O presidente do BC comentou ainda que o país começa a ser classificado em outro time de países considerados mais bem sucedidos economicamente como Chile, México e algumas nações asiáticas, como a Coréia do Sul.
O fato de que as reservas internacionais líquidas do Brasil, hoje em torno de US$ 27 bilhões, são mais baixas do que a de países como México (US$ 60 bilhões), Coréia do Sul (US$ 168 bilhões) e do que a maioria dos asiáticos não compromete essas comparações, segundo Meirelles.
Segundo ele, o que importa são as reservas totais brasileiras que, contando com os recursos do FMI (Fundo Monetário Internacional), chegam a US$ 50 bilhões.
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