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27/10/2004 - 20h32

Com TV e isenção fiscal, Grendene vira gigante do calçado de plástico

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

A gaúcha Grendene finca o pé no pregão da Bovespa na próxima sexta-feira com a fama de ser a dona de marcas famosas de calçados de plásticos como Rider, Melissa, Grendha, Ipanema e Kid's.

A empresa responde por 18% da produção de calçados do país, possui mais de 22 mil funcionários e mantém 12 fábricas no país. É também uma gigante no marketing e na publicidade. Celebridades --principalmente musas da TV-- são suas armas para conquistar a preferência dos pés dos brasileiros.

Na divisão feminina da Grendene, que representa um terço do seu faturamento, a modelo Gisele Bündchen, estrela da marca Ipanema, é a que vende mais, segundo a companhia. Também fazem parte do "casting" as apresentadoras Adriane Galisteu e Daniela Cicarelli, além das cantoras Ivete Sangalo e Sandy.

No primeiro semestre deste ano, as despesas da empresas com vendas superaram R$ 100 milhões, incluindo o pagamento de licenciamentos e comissões dos representantes comerciais. No ano de 2003, os gastos somaram R$ 219 milhões. Só em propaganda e marketing, a empresa teve despesa de R$ 68,5 milhões. Isso representa 6% do total da receita.

O crescimento da Grendene nas últimas décadas foi movida também a incentivos fiscais --uma política de atração de investimentos que opôs as regiões Norte-Nordeste e Sul-Sudeste.

Nos anos 90, a companhia transferiu parte de sua produção do pólo calçadista gaúcho para o Ceará, onde há sete unidades em Sobral, responsáveis por mais de 80% do volume total produzido pela empresa.

Esse município cearense é berço político do atual ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PPS), que governou o Estado (1990-1994) pelo PSDB e atraiu diversas empresas com isenções e redução de impostos, o sistema de cooperativas --questionado na época pela Delegacia Regional do Trabalho-- e os salários mais baixos dos empregados, na comparação com os pagos no Sul.

Esse modelo de desenvolvimento foi desenhado pelo senador tucano Tasso Jereissati, antecessor de Ciro no governo cearense e seu padrinho político. A Grendene justificou que escolheu o Estado devido aos benefícios fiscais e sua localização estratégica para a exportação (menor distância para Europa e EUA).

A Grendene nasceu em Farroupilha (interior gaúcho) em 1971. O perfil familiar é um risco da companhia, admitido inclusive no documento apresentados aos investidores, quando afirma que seu "sucesso e crescimento futuro dependem da continuidade dos serviços dos acionistas Alexandre Grendene Bartelle e Pedro Grendene Bartelle", entre outros administradores.

"A perda dos serviços ou o falecimento de qualquer de tais administradores ou acionistas atuais poderá ter um efeito adverso para a Grendene", diz o documento.

Com o dinheiro a ser captado (R$ 616,9 milhões com a venda de até 19,9 milhões de ações por R$ 31 cada), a Grendene consolida sua expansão para enfrentar um mercado cada vez mais competitivo e também desafiado pela pirataria. No setor calçadista, já possui ações na Bolsa a São Paulo Alpargatas, donas de marcas igualmente famosas como Havaianas, Samoa, Conga, Kichute, além da linha esporte (Topper, Rainha, Mizuno e Timberland).

Com a Grendene, engrossa a lista de novas empresas listadas na Bolsa paulista --um processo iniciado no final do primeiro semestre deste ano com a estréia da Natura Cosméticos, depois seguida pela Gol e CPFL Energia.

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