Publicidade
Publicidade
13/11/2004
-
09h14
GUILHERME BARROS
Editor do Painel S.A. da Folha de S.Paulo
VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Folha de S.Paulo, em Brasília
As críticas de Carlos Lessa, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), à gestão de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, selaram sua saída do governo. Falta só definir o momento, segundo a Folha apurou. O Palácio do Planalto já busca uma saída honrosa para Lessa.
Em entrevista à Folha anteontem, Lessa classificou como um "pesadelo" a gestão de Henrique Meirelles no Banco Central. Em sua opinião, Meirelles estaria articulando um desmonte do BNDES ao defender o fim dos chamados créditos dirigidos, uma das principais fontes de receita do banco. O problema é que Meirelles não defendeu, em nenhum momento, a extinção dos créditos dirigidos.
A assessoria de Lessa informou que ele havia deixado o banco às 19h40 de ontem, "tranqüilo e com negativas do Planalto sobre sua demissão".
Segundo assessores, Lessa entrou em contato com ministros com que mantém relação e que teriam lhe assegurado a manutenção no cargo. O BNDES contabiliza 74 anúncios de demissão de Lessa via imprensa.
Até os defensores de Lessa dentro do governo, como o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), acham que Lessa exagerou em seus ataques à política econômica. Esse grupo, apesar de não gostar da política de Meirelles, já não consegue mais defender Lessa das críticas que sofre dentro do governo, apesar do respeito que o presidente Lula nutre por ele.
Na avaliação do governo, o perfil de Lessa não se ajusta ao cargo que ocupa. Acadêmico, acostumado a grandes polêmicas, ele manteve essas características à frente do BNDES. Recentemente, por exemplo, disparou sua metralhadora giratória contra Joaquim Levy, secretário do Tesouro Nacional, por críticas que ele teria feito ao banco. O Levy que tinha feito a crítica era outro.
Os duros e contundentes ataques feitos por Lessa aos donos da AmBev em razão da fusão com a belga Interbrew também foram considerados excessivos.
Mas foram principalmente os embates públicos com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que comprometeram a avaliação do governo sobre o comportamento de Lessa. Ele chegou a receber um sinal do Palácio de que seria afastado numa próxima discussão com Furlan. O fato novo foi que ele escolheu Meirelles como vidraça.
A saída de Lessa pode não ser tão simples. O grande problema do governo é encontrar um sucessor para o BNDES. Nas últimas semanas, começaram a circular os nomes de Antoninho Marmo Trevisan e Luciano Coutinho. A decisão caberá a Lula e pode vir só no bojo da reforma ministerial.
Alguns integrantes do governo chegam a especular que, ao intensificar seus ataques, Lessa estaria só demonstrando que nem ele mesmo acreditava em sua permanência. Seu objetivo seria cair atirando, buscando carimbar a saída como um descontentamento em relação à política econômica.
Com isso, ele conseguiria desviar o foco sobre análises a respeito de sua gestão à frente do BNDES, classificada como ineficiente por membros do governo e por empresários, insatisfeitos com o ritmo de análise e liberação de recursos pelo banco.
A saída do presidente do BNDES já foi dada como certa em ocasiões anteriores, mas o presidente Lula acabou não aceitando as pressões.
Governo já busca saída honrosa para Lessa
Publicidade
Editor do Painel S.A. da Folha de S.Paulo
VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Folha de S.Paulo, em Brasília
As críticas de Carlos Lessa, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), à gestão de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, selaram sua saída do governo. Falta só definir o momento, segundo a Folha apurou. O Palácio do Planalto já busca uma saída honrosa para Lessa.
Em entrevista à Folha anteontem, Lessa classificou como um "pesadelo" a gestão de Henrique Meirelles no Banco Central. Em sua opinião, Meirelles estaria articulando um desmonte do BNDES ao defender o fim dos chamados créditos dirigidos, uma das principais fontes de receita do banco. O problema é que Meirelles não defendeu, em nenhum momento, a extinção dos créditos dirigidos.
A assessoria de Lessa informou que ele havia deixado o banco às 19h40 de ontem, "tranqüilo e com negativas do Planalto sobre sua demissão".
Segundo assessores, Lessa entrou em contato com ministros com que mantém relação e que teriam lhe assegurado a manutenção no cargo. O BNDES contabiliza 74 anúncios de demissão de Lessa via imprensa.
Até os defensores de Lessa dentro do governo, como o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), acham que Lessa exagerou em seus ataques à política econômica. Esse grupo, apesar de não gostar da política de Meirelles, já não consegue mais defender Lessa das críticas que sofre dentro do governo, apesar do respeito que o presidente Lula nutre por ele.
Na avaliação do governo, o perfil de Lessa não se ajusta ao cargo que ocupa. Acadêmico, acostumado a grandes polêmicas, ele manteve essas características à frente do BNDES. Recentemente, por exemplo, disparou sua metralhadora giratória contra Joaquim Levy, secretário do Tesouro Nacional, por críticas que ele teria feito ao banco. O Levy que tinha feito a crítica era outro.
Os duros e contundentes ataques feitos por Lessa aos donos da AmBev em razão da fusão com a belga Interbrew também foram considerados excessivos.
Mas foram principalmente os embates públicos com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que comprometeram a avaliação do governo sobre o comportamento de Lessa. Ele chegou a receber um sinal do Palácio de que seria afastado numa próxima discussão com Furlan. O fato novo foi que ele escolheu Meirelles como vidraça.
A saída de Lessa pode não ser tão simples. O grande problema do governo é encontrar um sucessor para o BNDES. Nas últimas semanas, começaram a circular os nomes de Antoninho Marmo Trevisan e Luciano Coutinho. A decisão caberá a Lula e pode vir só no bojo da reforma ministerial.
Alguns integrantes do governo chegam a especular que, ao intensificar seus ataques, Lessa estaria só demonstrando que nem ele mesmo acreditava em sua permanência. Seu objetivo seria cair atirando, buscando carimbar a saída como um descontentamento em relação à política econômica.
Com isso, ele conseguiria desviar o foco sobre análises a respeito de sua gestão à frente do BNDES, classificada como ineficiente por membros do governo e por empresários, insatisfeitos com o ritmo de análise e liberação de recursos pelo banco.
A saída do presidente do BNDES já foi dada como certa em ocasiões anteriores, mas o presidente Lula acabou não aceitando as pressões.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice