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29/11/2004 - 09h20

Venda virtual atinge só 12% dos paulistanos

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ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Há uma classe de consumidores com potencial de compra que nunca adquiriu nenhum produto pela internet e, mais do que isso, não pretende fazê-lo tão cedo.

Esse grupo equivale a 75,9% dos paulistanos --de cada 100 pessoas, 76 pensam dessa forma--, segundo pesquisa finalizada pelo Provar (Programa de Administração do Varejo) da USP (Universidade de São Paulo).

O número elevado confirma uma realidade já levantada pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística). A empresa constatou que 28 milhões de brasileiros acima de 16 anos já usaram o meio eletrônico em algum momento.

Isso equivale a 23,4% da população total acima dessa faixa etária (119,5 milhões de pessoas, segundo o IBGE). O restante, ou seja, 76,6% nunca navegou na web.

Pelos dados do relatório de 80 páginas do Programa de Varejo, entre as 408 pessoas entrevistadas, 12,3% disseram já ter feito compras na web e 11,8% afirmaram que não tiveram essa experiência, mas gostariam. O relatório foi finalizado neste mês.

Pesquisa na cidade

Para colher os dados, os pesquisadores visitaram as quatro regiões da cidade --sul, norte, leste e oeste-- respeitando a divisão da população pela capital. A zona leste, por exemplo, teve maior participação no levantamento já que 34% dos paulistanos vivem lá. Também foram seguidos critérios de renda. As classes C e D, de menor poder de compra, tiveram peso maior na amostra.

Os limites da renda disponível do trabalhador para lazer, além do medo em realizar compras pela internet, explicam a alta rejeição ao sistema, afirmam Luiz Paulo Fávero, coordenador de cursos e pesquisas do Provar, e Pedro Guasti, diretor da E-bit, empresa de marketing on-line.

"Estima-se que, ao descontar do salário mensal os gastos fixos, o trabalhador termine o mês com uma "sobra" de R$ 76. Com esse valor é muito difícil conseguir adquirir um computador e compra pela internet", diz Fávero.

Quanto à questão da segurança, 18% das pessoas não vão às lojas virtuais por medo de fraudes no cartão de crédito. A informação faz parte de pesquisa feita neste ano com 2.122 brasileiros, elaborada pela Netpartner --portal de estudos da internet.

No Brasil existem hoje 11,6 milhões de internautas domiciliares, segundo o Ibope.

Medo

O relatório do Provar chama a atenção não só porque discute os limites para a expansão da web no país, mas levanta um novo ponto: há quem não use o comércio eletrônico simplesmente porque não gosta dele.

"Há quem ainda tenha aquele "pé atrás", uma insegurança grande em relação a esse sistema por conta das fraudes", diz Guasti.

Um dado do Ibope, coletado no final de 2003, já mostrava que 38% da população entrevistada admitia pesquisar preços pela internet antes de fazer alguma compra. Mas apenas 48% desses 38% diziam que faziam essa mesma compra por meio eletrônico.

Como cada canal (real ou virtual) tem os seus próprios preços de venda ao consumidor, existe a possibilidade de o internauta estar pagando mais barato na web pelo mesmo produto vendido em lojas tradicionais.

Essa constatação é feita ao se comparar as inflações nos dois canais. Pesquisa de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostra que a inflação de itens que compõem a cesta de produtos mais vendidos na internet atingiu 2,94% em outubro. Nesse caso, entram os preços de livros, CDs, eletrônicos, eletrodomésticos etc.

Esses mesmos itens, em outubro, tiveram inflação de 0,48% nos sites da internet, segundo levantamento do Provar. A entidade publica um indicador inflacionário chamado e-flation. Os preços na internet são coletados pelo programa de varejo em três dos maiores sites de comércio eletrônico do país.

A existência de uma rejeição não faz, no entanto, as consultorias reverem para baixo suas previsões futuras de crescimento nas vendas virtuais. Para 2005, a E-bit estima que o comércio virtual movimentará R$ 2,3 bilhões no país, ou R$ 500 milhões acima da previsão para este ano.

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