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14/12/2004 - 09h05

Loja engaveta tática da parcela "pós-Carnaval"

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ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

No sentido de se protegerem de eventuais calotes, boa parte das redes de varejo não bancaram as campanhas de Natal que autorizam a venda de mercadorias para pagamento apenas após o Carnaval. As primeiras parcelas devem ser pagas já em janeiro.

A intenção é manter as lojas com o caixa em um bom patamar ainda no início do ano e evitar, com isso, receber a primeira parcela apenas em março ou abril --um período em que a taxa de inadimplência no comércio é, historicamente, recorde.

"Nunca consegui entender por que o varejo mantinha essas campanhas para pagamento lá na frente. É estrategicamente equivocado", diz Frederico Trajano, diretor da rede Magazine Luiza.

Na avaliação dos analistas, a ação (que tem o intuito de atrair mais consumidores e elevar o volume de itens vendidos) pode se transformar em dor de cabeça. Isso porque, além da questão do risco de calote, ainda há outro problema relacionado com o risco de ser uma estratégia errada.

"A questão aí é que o consumidor não precisa de motivação para comprar. Ele já recebeu o 13º e pode gastar neste mês. Então, por que esperar para receber só lá na frente?", pergunta Valdemir Colleone, diretor superintendente da Lojas Cem.

Pelas contas atuais, o pagamento do 13º salário aos trabalhadores da economia formal e aposentados injetará R$ 40,2 bilhões na economia neste ano. O cálculo foi feito pelo Dieese. O valor é 12,3% maior do que o pago em 2003.

Em anos de demanda escassa, como em 2003, havia maior disposição das redes varejistas em dar espaço para essas ações promocionais. Redes populares como a Casas Bahia e o Extra chegaram a fazer isso. Anos fortes de campanhas como essa foram 2001 e 2002.

Hoje a Casas Bahia tem planos de venda de móveis para pagamento em janeiro. Mas os eletroeletrônicos não. O Ponto Frio também não postergou o recebimento da primeira parcela.

Calote dá um salto

Pelos dados atuais, nos meses de março e abril --quando ocorre o primeiro pagamento no caso dessas promoções-- a inadimplência na capital dá um salto. Segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo), no ano passado o volume de cheques sem fundos em São Paulo passou de 2,8 milhões para 3,6 milhões de fevereiro para março. O volume de títulos protestados passou de 60,5 mil para 70,5 mil no mesmo período no ano passado.

Na prática, é possível afirmar que, num cenário mais positivo --com redução no emprego e aumento na massa salarial neste ano--, as redes não precisam se desdobrar para achar formas de trazer o cliente para a loja.

Logo, eventuais táticas de venda podem ser temporariamente deixadas de lado. "A economia aquecida ajuda. Não preciso lançar mão de certas estratégias como a do pagamento futuro", diz Edson Pinto, diretor da Panashop.

Dados atuais mostram que, de 1º a 8 deste mês, as vendas à vista subiram 10,5% em São Paulo, segundo o sistema Telecheque, que computa as consultas dos lojistas para liberar as vendas em cheques pré-datados e à vista. Nas vendas a prazo, a alta foi de 1,4%.

O aumento é resultado de mais crédito na praça e também da política das lojas de manterem as atuais taxas de juros, mesmo após o aumento da Selic (taxa básica da economia) anunciado pelo Banco Central nos últimos meses.

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