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06/01/2005 - 09h25

Fusões e aquisições têm aumento de 41%

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MARCELO BILLI
da Folha de S.Paulo

Mais de 30 mil empresas passaram por processos de fusão ou aquisição em todo o mundo no ano passado. As operações somam um volume de US$ 1,95 trilhão --o PIB brasileiro foi estimado em US$ 506 bilhões em 2003. O ritmo deve se manter, ou até aumentar, em 2005, ano em que analistas esperam que mais empresas mudem de mãos, tanto no Brasil como no resto do mundo.

O valor das operações mundiais de fusões e aquisições foi divulgado ontem pela Thomson Financial. Segundo a consultoria, o volume registrado em 2004 é 41% maior do que o de 2003 e o melhor resultado desde 2000. Taxa de crescimento maior do que a do ano passado só foi registrada em 1998, ano em que o aumento havia sido de 80% em relação a 1997.

Concretização

A Thomson considera, no levantamento, as operações anunciadas pelas empresas. Ou seja, algumas podem não ter sido concretizadas ou estar ainda em processo de consolidação ou dependendo de aprovação legal. De qualquer maneira, o número de operações já completadas também subiu no ano passado, registrando alta de 25%.

Crescimento mundial recorde, taxas de juros mundiais ainda em patamares muito baixos em termos históricos e a necessidade de aumentar vendas e reduzir custos explicam o movimento. Por outro lado, avaliam analistas, 2004 foi um ano positivo para as empresas que, agora, têm recursos em caixa para novamente saírem às compras, o que deve alimentar ainda mais o mercado de fusões e aquisições no mundo inteiro.

Para europeus e japoneses, há um incentivo adicional: com a queda do dólar em relação às moedas do Japão e da Europa, os ativos --leiam-se empresas e equipamentos-- norte-americanos se tornam mais baratos, o que deve incentivar operações de multinacionais de outras regiões no território norte-americano.

Foi nos EUA, aliás, que ocorreu o maior volume de fusões e aquisições anunciadas no ano passado. Somaram US$ 833 bilhões (8.313 operações), cerca de 42% do total. Outros US$ 652 bilhões (8.507 operações) foram movimentados em território europeu, onde se realizaram 35% dos negócios anunciados em 2004.

Brasil

As cifras brasileiras são mais modestas. Por aqui, foram movimentados cerca de US$ 13,5 bilhões, de acordo com a pesquisa da Thomson, com 199 operações. O número de operações foi maior quando comparado ao do ano retrasado e cresceu 7%, mas o valor total caiu 19%, já que em 2003 as operações anunciadas somavam US$ 16,7 bilhões.

Outro levantamento --que não pode ser comparado diretamente com a da Thomson por usar outra metodologia-- encontra resultados diferentes para o caso brasileiro. A KPMG Corporate Finance estima uma alta de 20% no número de operações em 2004, quando, diz a consultoria, foram registradas 277 transações entre empresas no mercado brasileiro. Mais importante do que a divergência entre as pesquisas é a tendência encontrada pelos analistas da KPMG: em 2004, 65% das operações foram feitas com a participação, em uma ponta ou outra, de investidores estrangeiros.

Os estrangeiros andavam retraídos até 2003, diz Márcio Lutterbach, sócio da KPMG. Naquele ano, por exemplo, apenas 39% das fusões ou aquisições contavam com a participação de investidor de outro país. "Tivemos as crises de 2001 [atentados terroristas, queda das Bolsas internacionais e crise energética no Brasil] e as incertezas de 2002 e 2003, com as eleições. Os investidores estão retomando a confiança", afirma.

Lutterbach explica que, no mesmo período, os empresários nacionais mantiveram o passo. Como conhecem mais profundamente a economia nacional, aproveitaram os anos de estagnação para se posicionar melhor no mercado. Nesse período, avalia ele, os estrangeiros se retraíram. Em 2005, como em 2004, investidores de outros países devem voltar mais os olhos para o mercado brasileiro. "Esses dois anos [2002 e 2003] foram tipicamente ruins, principalmente em relação ao investimento estrangeiro", afirma o sócio da KPMG.

Ele enumera as razões que devem servir de incentivo para nova retomada do interesse em comprar ou se fundir com empresas brasileiras: (1) o bom desempenho macroeconômico esperado para 2005; (2) as reformas microeconômicas, como a aprovação da lei de falências; (3) a aprovação de legislação como a da PPP (Parceria Público-Privada), que pode incentivar movimentações na área de infra-estrutura.

Os empresários nacionais não ficarão do lado apenas dos "vendidos". Há setores, lembra Lutterbach, que estão capitalizados, que registraram bons resultados em 2004 e que têm capacidade de investimento neste ano, como o siderúrgico. "Os setores de bens de consumo final, que dependem de marcas [para crescer], devem atrair a atenção. Eu citaria ainda os setores de alimentos, petróleo e infra-estrutura", completa.

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