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11/01/2005
-
21h50
ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília
Os agricultores brasileiros devem enfrentar em 2005 um ano cheio de incertezas, com os preços dos grãos em níveis baixos, assim como em 2004, o que leva consequentemente a uma queda na rentabilidade. Com isso, há grandes chances de ocorrer uma crise financeira no setor.
Segundo um estudo divulgado hoje pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), essa crise será causada pelo "nível de endividamento contraído na fase anterior de preços favoráveis".
Ainda de acordo com o estudo, apenas uma quebra da safra da soja no Brasil ou na Argentina ou uma safra menor que a esperada nos EUA pode reverter essa tendência de baixa.
"Os agricultores brasileiros vão perder o sono nesse ano", diz Gervásio Castro Rezende, um dos autores do estudo.
Para Rezende, a queda de rentabilidade após o final da safra 2004/2005 fará com que o agricultor tenha menos dinheiro para iniciar a safra seguinte, e como estará em uma situação financeira mais frágil, ele encontrará dificuldade em conseguir novos financiamentos.
"Há muita incerteza ainda", diz o pesquisador, que não descarta um ciclo de baixa nos preços prolongado.
O setor agrícola foi responsável por 40% das exportações brasileiras em 2004, que atingiram US$ 96,5 bilhões Só a soja foi responsável por US$ 10 bilhões, um crescimento de 23,7% em relação ao ano anterior, e colaborou para o superávit comercial --saldo positivo entre as exportações e as importações-- recorde de US$ 33,696 bilhões.
De acordo com o pesquisador, a área plantada de soja não foi reduzida mesmo com os baixos preços registrados em 2004. Isso porque o agricultor brasileiro só leva em conta o custo variável da produção --apenas o material de consumo-- e não embute nesse preço os gastos fixos, como o pagamento de empréstimos para a compra de máquinas, por exemplo. Ou seja, enquanto os preços não ficarem abaixo desse custo variável, ele não irá buscar outras culturas mais lucrativas.
"Embora os preços tenham caído [em 2004], o agricultor não reduz a área plantada, mesmo com queda na renda", diz.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê que a safra da soja neste ano irá ficar em 60 milhões de toneladas.
Seca
A estiagem que atinge o Sul do país pode ser, de certa forma, a salvação para os produtores de grão. Ao menos para parte deles.
No Rio Grande do Sul, há 99 municípios em situação de emergência por causa da seca. A estiagem causa prejuízos para a agricultura e para a pecuária.
"Se houver uma queda de safra, pode haver uma reação [dos preços]", diz o pesquisador.
Nesse caso, os agricultores do Centro-Oeste seriam os mais beneficiados por essa quebra, que irá elevar os preços, enquanto os produtores do Sul irão amargar o prejuízo.
Embora o estudo tenha se concentrado na soja, a situação é semelhantes para o milho, algodão e trigo. Uma situação diferente encontram os produtores que café, cacau e cana-de-açúcar. No entanto, o volume dessas culturas não é tão significativo.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre os preços dos grãos
Baixos preços podem gerar crise financeira no setor agrícola, diz estudo do Ipea
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da Folha Online, em Brasília
Os agricultores brasileiros devem enfrentar em 2005 um ano cheio de incertezas, com os preços dos grãos em níveis baixos, assim como em 2004, o que leva consequentemente a uma queda na rentabilidade. Com isso, há grandes chances de ocorrer uma crise financeira no setor.
Segundo um estudo divulgado hoje pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), essa crise será causada pelo "nível de endividamento contraído na fase anterior de preços favoráveis".
Ainda de acordo com o estudo, apenas uma quebra da safra da soja no Brasil ou na Argentina ou uma safra menor que a esperada nos EUA pode reverter essa tendência de baixa.
"Os agricultores brasileiros vão perder o sono nesse ano", diz Gervásio Castro Rezende, um dos autores do estudo.
Para Rezende, a queda de rentabilidade após o final da safra 2004/2005 fará com que o agricultor tenha menos dinheiro para iniciar a safra seguinte, e como estará em uma situação financeira mais frágil, ele encontrará dificuldade em conseguir novos financiamentos.
"Há muita incerteza ainda", diz o pesquisador, que não descarta um ciclo de baixa nos preços prolongado.
O setor agrícola foi responsável por 40% das exportações brasileiras em 2004, que atingiram US$ 96,5 bilhões Só a soja foi responsável por US$ 10 bilhões, um crescimento de 23,7% em relação ao ano anterior, e colaborou para o superávit comercial --saldo positivo entre as exportações e as importações-- recorde de US$ 33,696 bilhões.
De acordo com o pesquisador, a área plantada de soja não foi reduzida mesmo com os baixos preços registrados em 2004. Isso porque o agricultor brasileiro só leva em conta o custo variável da produção --apenas o material de consumo-- e não embute nesse preço os gastos fixos, como o pagamento de empréstimos para a compra de máquinas, por exemplo. Ou seja, enquanto os preços não ficarem abaixo desse custo variável, ele não irá buscar outras culturas mais lucrativas.
"Embora os preços tenham caído [em 2004], o agricultor não reduz a área plantada, mesmo com queda na renda", diz.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê que a safra da soja neste ano irá ficar em 60 milhões de toneladas.
Seca
A estiagem que atinge o Sul do país pode ser, de certa forma, a salvação para os produtores de grão. Ao menos para parte deles.
No Rio Grande do Sul, há 99 municípios em situação de emergência por causa da seca. A estiagem causa prejuízos para a agricultura e para a pecuária.
"Se houver uma queda de safra, pode haver uma reação [dos preços]", diz o pesquisador.
Nesse caso, os agricultores do Centro-Oeste seriam os mais beneficiados por essa quebra, que irá elevar os preços, enquanto os produtores do Sul irão amargar o prejuízo.
Embora o estudo tenha se concentrado na soja, a situação é semelhantes para o milho, algodão e trigo. Uma situação diferente encontram os produtores que café, cacau e cana-de-açúcar. No entanto, o volume dessas culturas não é tão significativo.
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