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20/01/2005
-
09h17
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
Na primeira decisão da Justiça italiana sobre a venda de bônus argentinos naquele país, a filial do Deutsche Bank em Veneza foi condenada a restituir 152 mil (cerca de R$ 538 mil) a um casal de clientes que adquiriu esse valor em títulos argentinos em 1998.
Embora o valor seja pequeno, a ação é representativa do imbróglio que envolve cerca de 450 mil credores da dívida pública argentina na Itália. Os italianos detêm 15% do total de títulos, em moratória desde 2001 (US$ 81 bilhões).
Assim como o casal de clientes do Deutsche Bank, a maioria dos pequenos investidores italianos acusa os bancos que lhes venderam os papéis de não os haver informado adequadamente sobre os riscos da operação.
Por isso, afirmam haver caído num "duplo golpe", que teria sido aplicado pelo governo argentino, ao decretar a moratória, e pelos bancos de seu país, ao vender títulos de alto risco a investidores de pequeno porte.
As instituições financeiras e o governo italiano --que é acusado pelos credores de omissão-- argumentam que quem aposta no mercado financeiro deve arcar com suas eventuais perdas. O governo italiano, no entanto, pressiona o presidente argentino Néstor Kirchner a melhorar sua proposta de renegociação da dívida.
Representantes do governo argentino foram à Itália e à Alemanha nesta semana para divulgar a oferta, lançada na última sexta-feira, com a qual o país vizinho pretende sair da moratória.
Credores de ambos os países se manifestaram contra os termos da renegociação. Na troca dos papéis, os investidores podem chegar a perdas de 75% do valor original de seus títulos. Os prazos de pagamento previstos pelo governo argentino são de até 42 anos.
Ontem, o presidente da Associação Alemã de Detentores de Bônus Argentinos, Stefan Engelsberger, anunciou que os credores europeus criarão um fundo para questionar na Justiça a proposta argentina. "Já que é preciso enfrentar um inimigo criminoso, a operação deve ser profissional."
No debate sobre quem deve pagar o prejuízo, a Argentina insiste em que não pode melhorar a sua oferta e diz que os credores que a recusarem vão ter nas mãos títulos sem valor. O discurso da "oferta definitiva" tem funcionado na Argentina. As seguradoras do país anunciaram anteontem adesão em bloco à oferta, elevando em 35% o total de adesão, segundo estimativas do mercado.
Na Itália, o secretário de Finanças, Guillermo Nielsen, responsável pela divulgação internacional da proposta, disse: "A credibilidade argentina está ferida. Por isso trabalhamos para recuperá-la. Nossa proposta é realista, embora seja mais cômodo vender fantasias. Sei que os investidores estão com raiva e têm razão. Mas, se não aceitarem, será pior".
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, chegou ontem a Paris, junto com o presidente argentino, Néstor Kirchner. "A saída da moratória é um tema importante para o governo, mas é um tema a mais", disse Lavagna.
Hoje, o presidente argentino e seu ministro se reúnem com o presidente francês, Jacques Chirac, em busca de uma solução para um impasse envolvendo investimentos franceses na Argentina.
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Na primeira decisão da Justiça italiana sobre a venda de bônus argentinos naquele país, a filial do Deutsche Bank em Veneza foi condenada a restituir 152 mil (cerca de R$ 538 mil) a um casal de clientes que adquiriu esse valor em títulos argentinos em 1998.
Embora o valor seja pequeno, a ação é representativa do imbróglio que envolve cerca de 450 mil credores da dívida pública argentina na Itália. Os italianos detêm 15% do total de títulos, em moratória desde 2001 (US$ 81 bilhões).
Assim como o casal de clientes do Deutsche Bank, a maioria dos pequenos investidores italianos acusa os bancos que lhes venderam os papéis de não os haver informado adequadamente sobre os riscos da operação.
Por isso, afirmam haver caído num "duplo golpe", que teria sido aplicado pelo governo argentino, ao decretar a moratória, e pelos bancos de seu país, ao vender títulos de alto risco a investidores de pequeno porte.
As instituições financeiras e o governo italiano --que é acusado pelos credores de omissão-- argumentam que quem aposta no mercado financeiro deve arcar com suas eventuais perdas. O governo italiano, no entanto, pressiona o presidente argentino Néstor Kirchner a melhorar sua proposta de renegociação da dívida.
Representantes do governo argentino foram à Itália e à Alemanha nesta semana para divulgar a oferta, lançada na última sexta-feira, com a qual o país vizinho pretende sair da moratória.
Credores de ambos os países se manifestaram contra os termos da renegociação. Na troca dos papéis, os investidores podem chegar a perdas de 75% do valor original de seus títulos. Os prazos de pagamento previstos pelo governo argentino são de até 42 anos.
Ontem, o presidente da Associação Alemã de Detentores de Bônus Argentinos, Stefan Engelsberger, anunciou que os credores europeus criarão um fundo para questionar na Justiça a proposta argentina. "Já que é preciso enfrentar um inimigo criminoso, a operação deve ser profissional."
No debate sobre quem deve pagar o prejuízo, a Argentina insiste em que não pode melhorar a sua oferta e diz que os credores que a recusarem vão ter nas mãos títulos sem valor. O discurso da "oferta definitiva" tem funcionado na Argentina. As seguradoras do país anunciaram anteontem adesão em bloco à oferta, elevando em 35% o total de adesão, segundo estimativas do mercado.
Na Itália, o secretário de Finanças, Guillermo Nielsen, responsável pela divulgação internacional da proposta, disse: "A credibilidade argentina está ferida. Por isso trabalhamos para recuperá-la. Nossa proposta é realista, embora seja mais cômodo vender fantasias. Sei que os investidores estão com raiva e têm razão. Mas, se não aceitarem, será pior".
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, chegou ontem a Paris, junto com o presidente argentino, Néstor Kirchner. "A saída da moratória é um tema importante para o governo, mas é um tema a mais", disse Lavagna.
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