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03/07/2000
-
10h31
PAULA PAVON
da Folha de S. Paulo
Quem gosta de um friozinho na barriga e apostou seus recursos em fundos derivativos conseguiu a melhor rentabilidade do mercado financeiro no primeiro semestre: 7,82% em média. Mas a dispersão dos resultados foi grande, o que fez com que muitos investidores ganhassem, mas outros tantos perdessem dinheiro nos fundos alavancados que atuam nos mercados futuros.
Será que valeu o risco? Acompanhe os dados do estudo feito pela Agrif, a pedido da Folha. Os tradicionais fundos DI renderam quase tanto quanto os derivativos, sem expor o aplicador a grandes riscos. Esses fundos ficaram em segundo lugar no 'ranking', praticamente colados aos derivativos, com rentabilidade de 7,76% no semestre. Os cálculos foram feitos com base na média de rentabilidade de todos os fundos, com fechamento no último dia 29.
'Se compararmos o retorno dos fundos DI com o dos derivativos, levando-se em conta o risco envolvido nos fundos derivativos, as aplicações em DI apresentaram uma boa rentabilidade', diz Rogério Figueiredo, diretor da Agrif.
As duas aplicações superaram todas as outras categorias de fundos e demais investimentos, como CDB, dólar, poupança e o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo).
O movimento dos juros deu o tom dos investimentos no semestre. Mas, daqui para a frente, dizem os analistas, as melhores oportunidades de ganho estarão nos fundos de ações e nos fundos de renda fixa que têm títulos com juros prefixados. Os juros em declínio devem valorizar essas aplicações.
No semestre, os DI limitaram-se a acompanhar as taxas do mercado, como manda sua política. Já os derivativos saíram na frente este ano porque ganharam com a redução dos juros, com a queda do cupom cambial (taxa de juros embutida num ativo que garante a variação do dólar) e do baixo valor de alguns papéis em Bolsa.
Mas não é qualquer investidor que se dispõe a arriscar seus recursos em fundos derivativos. A empreitada requer uma dose extra de paciência e sangue frio para aguentar o vaivém do mercado em posições mais alavancadas que envolvem operações no mercado futuro.
'Os fundos derivativos têm um potencial grande de perda, por isso é importante o investidor analisar o histórico do fundo antes de aplicar', afirma Marcelo Sperb, administrador de recursos do banco Modal.
Renda fixa
Aqueles que acreditaram na queda da taxa de juros e ficaram posicionados nos papéis prefixados por meio dos fundos de renda fixa lucraram 7,40% na média do ano. Esses fundos foram os terceiros no 'ranking' do semestre. Seu bom desempenho foi influenciado, principalmente, pelo movimento de queda da taxa de juros no final do segundo trimestre.
Flávio Bojikian, diretor de renda fixa do BankBoston, afirma que, mesmo nos momentos de crise nas Bolsas, quando a perspectiva era de alta dos juros, lá para meados de abril, o banco aconselhava os clientes a permanecerem em fundos de renda fixa.
'Mantivemos firme nossa posição de que a taxa de juros iria cair e conversamos com os investidores para pensarem no longo prazo. Tanto que, na época, o resgate de recursos desse fundo foi baixíssimo', diz.
Na categoria renda fixa, o Credit Fix, do BankBoston, ficou em primeiro lugar em rentabilidade no ano na comparação com toda a indústria de fundos, de acordo com o estudo.
Bojikian diz que esse fundo perdeu para o CDI em abril e maio, quando a perspectiva era de elevação das taxas de juros em decorrência da queda da Nasdaq- a Bolsa eletrônica que concentra ações de empresas de informática e novas tecnologias- e do aumento dos juros nos Estados Unidos. 'Quem ficou no fundo acabou ganhando com a recente queda de um ponto percentual dos juros', acrescenta. A maior parte dos gestores diz acreditar que ainda há espaço para cortes na taxa de juros brasileira.
Aqueles que ainda estavam em dúvida em relação a uma queda mais acentuada acabaram eliminando a incerteza depois da decisão do Fed, o banco central norte-americano, que manteve os juros em 6,5% ao ano, na última quarta-feira. Depois desse resultado, gestores e investidores passaram a rever suas posições em carteira.
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As melhores aplicações do ano estão aqui
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Quem gosta de um friozinho na barriga e apostou seus recursos em fundos derivativos conseguiu a melhor rentabilidade do mercado financeiro no primeiro semestre: 7,82% em média. Mas a dispersão dos resultados foi grande, o que fez com que muitos investidores ganhassem, mas outros tantos perdessem dinheiro nos fundos alavancados que atuam nos mercados futuros.
Será que valeu o risco? Acompanhe os dados do estudo feito pela Agrif, a pedido da Folha. Os tradicionais fundos DI renderam quase tanto quanto os derivativos, sem expor o aplicador a grandes riscos. Esses fundos ficaram em segundo lugar no 'ranking', praticamente colados aos derivativos, com rentabilidade de 7,76% no semestre. Os cálculos foram feitos com base na média de rentabilidade de todos os fundos, com fechamento no último dia 29.
'Se compararmos o retorno dos fundos DI com o dos derivativos, levando-se em conta o risco envolvido nos fundos derivativos, as aplicações em DI apresentaram uma boa rentabilidade', diz Rogério Figueiredo, diretor da Agrif.
As duas aplicações superaram todas as outras categorias de fundos e demais investimentos, como CDB, dólar, poupança e o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo).
O movimento dos juros deu o tom dos investimentos no semestre. Mas, daqui para a frente, dizem os analistas, as melhores oportunidades de ganho estarão nos fundos de ações e nos fundos de renda fixa que têm títulos com juros prefixados. Os juros em declínio devem valorizar essas aplicações.
No semestre, os DI limitaram-se a acompanhar as taxas do mercado, como manda sua política. Já os derivativos saíram na frente este ano porque ganharam com a redução dos juros, com a queda do cupom cambial (taxa de juros embutida num ativo que garante a variação do dólar) e do baixo valor de alguns papéis em Bolsa.
Mas não é qualquer investidor que se dispõe a arriscar seus recursos em fundos derivativos. A empreitada requer uma dose extra de paciência e sangue frio para aguentar o vaivém do mercado em posições mais alavancadas que envolvem operações no mercado futuro.
'Os fundos derivativos têm um potencial grande de perda, por isso é importante o investidor analisar o histórico do fundo antes de aplicar', afirma Marcelo Sperb, administrador de recursos do banco Modal.
Renda fixa
Aqueles que acreditaram na queda da taxa de juros e ficaram posicionados nos papéis prefixados por meio dos fundos de renda fixa lucraram 7,40% na média do ano. Esses fundos foram os terceiros no 'ranking' do semestre. Seu bom desempenho foi influenciado, principalmente, pelo movimento de queda da taxa de juros no final do segundo trimestre.
Flávio Bojikian, diretor de renda fixa do BankBoston, afirma que, mesmo nos momentos de crise nas Bolsas, quando a perspectiva era de alta dos juros, lá para meados de abril, o banco aconselhava os clientes a permanecerem em fundos de renda fixa.
'Mantivemos firme nossa posição de que a taxa de juros iria cair e conversamos com os investidores para pensarem no longo prazo. Tanto que, na época, o resgate de recursos desse fundo foi baixíssimo', diz.
Na categoria renda fixa, o Credit Fix, do BankBoston, ficou em primeiro lugar em rentabilidade no ano na comparação com toda a indústria de fundos, de acordo com o estudo.
Bojikian diz que esse fundo perdeu para o CDI em abril e maio, quando a perspectiva era de elevação das taxas de juros em decorrência da queda da Nasdaq- a Bolsa eletrônica que concentra ações de empresas de informática e novas tecnologias- e do aumento dos juros nos Estados Unidos. 'Quem ficou no fundo acabou ganhando com a recente queda de um ponto percentual dos juros', acrescenta. A maior parte dos gestores diz acreditar que ainda há espaço para cortes na taxa de juros brasileira.
Aqueles que ainda estavam em dúvida em relação a uma queda mais acentuada acabaram eliminando a incerteza depois da decisão do Fed, o banco central norte-americano, que manteve os juros em 6,5% ao ano, na última quarta-feira. Depois desse resultado, gestores e investidores passaram a rever suas posições em carteira.
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