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29/01/2005 - 09h47

Justiça liqüida empresa de Edemar no Caribe

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MARIO CESAR CARVALHO
GUILHERME BARROS
da Folha de S.Paulo

A Justiça das Ilhas Virgens Britânicas decretou ontem a liqüidação de uma empresa controlada pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira com sede nesse paraíso fiscal do Caribe --a Alsace-Lorraine Investments Services Limited. A liqüidação foi decretada porque a Alsace-Lorraine não honrou promissórias de cerca de US$ 3 milhões (R$ 8 milhões).

O autor da ação que resultou na liqüidação da empresa (ele prefere não ver seu nome revelado) acredita que a medida pode revelar o que chama de "a caixa-preta" do dinheiro que o dono do Santos remeteu para fora do Brasil.

O Banco Central decretou a intervenção no banco de Edemar em 13 de novembro do ano passado. O buraco pode ir de R$ 700 milhões, segundo o BC, a mais de R$ 1 bilhão, de acordo com estimativas da Trevisan e Associados.

O banqueiro usava a Alsace-Lorraine para garantir os depósitos dos clientes do Banco Santos que enviavam dinheiro para fora do país, de acordo com três investidores ouvidos pela Folha. Quem fazia depósitos no Bank of Europe, um braço do Banco Santos em Antígua e Barbuda, paraíso fiscal das Antilhas, recebia uma promissória da Alsace-Lorraine.

O autor da ação judicial detém duas duplicatas da Alsace-Lorraine pelos depósitos que fizera no Bank of Europe (nos valores de US$ 1.094.394,74 e de US$ 1.669.593,75). Com juros, o total atinge cerca de US$ 3 milhões. A Folha obteve cópia de toda a documentação sobre a operação triangular, que tem nas suas pontas o Banco Santos, o Bank of Europe e a Alsace-Lorraine.

O Bank of Europe está sob intervenção do Banco Central de Antígua desde 2 de dezembro do ano passado. O interventor, Peter Queeley, contou à Folha em dezembro que o banco estava em "estado de insolvência".

O dono dos US$ 3 milhões diz ter conseguido mover a ação contra a Alsace-Lorraine porque o Bank of Europe endossou as duas promissórias dois dias antes de sofrer intervenção. Com o endosso do Bank of Europe, a dívida passou para a Alsace-Lorraine.

Inicialmente, Edemar tentou oferecer como garantias à Justiça das Ilhas Virgens Britânicas créditos de difícil recebimento que uma empresa chamada Finsec comprara do Banco Santos. A Justiça das Ilhas Virgens recusou a oferta depois que o autor da ação contra a Alsace-Lorraine apontou na sua réplica que 11 das empresas que supostamente deviam à Finsec tinham falido.

Com a recusa desses créditos, os advogados do banqueiro passaram a argumentar que a nota promissória endossada tinha um defeito técnico --a assinatura não seguia os padrões das Ilhas Virgens Britânicas. Ontem, a Justiça refutou esse argumento.

Oficialmente, o representante da Alsace-Lorraine é Alvaro Zuchelli Cabral, ex-diretor do Banco Santos. O autor da ação diz que, com a liqüidação, poderá provar que os donos são Edemar e seu sobrinho, Ricardo Ferreira de Souza e Silva. A KPMG foi contratada para fazer a liqüidação.

O autor da ação diz que tentou negociar com Edemar desde novembro. Conta que o banqueiro respondeu a seus pedidos de acordo com ameaças. Silva dizia, segundo ele, que ações judiciais no exterior seriam inócuas.

Outro lado

Procurado pela Folha, o advogado de Edemar, Sergio Bermudes, não foi encontrado.

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