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18/02/2005
-
09h45
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, em Washington
Apontado pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, como uma de suas principais referências, o economista da Universidade Harvard Dani Rodrik afirmou, durante debate anteontem na sede do FMI, que as reformas institucionais são uma "obsessão desnecessária", sem relação direta com o crescimento. Para ele, os baixos níveis de investimento no Brasil vêm sendo causados pelas dificuldades de financiamento.
Considerado "heterodoxo" e defensor da tese de que os países precisam de espaço para fazer "experimentações econômicas", Rodrik, 47, polarizou com John Williamson, 67, considerado o pai do Consenso de Washington, receituário de reformas econômicas neoliberais apresentado em 1989 para promover o crescimento na América Latina.
Rodrik, que falou antes, citou um levantamento próprio para afirmar que a maioria dos países que cresceram de forma constante nos últimos 50 anos não passou por amplas reformas institucionais --citou a China e a Índia como exemplos.
"Você não precisa de um bom governo para alcançar o crescimento econômico", afirmou Rodrik. "Não é possível colocar carne num esqueleto."
Para ele, o foco em mudanças institucionais tem três problemas: "As reformas são demoradas, ninguém sabe como definir como é a instituição perfeita e há uma grande distância entre a melhor prática e o que aparentemente funciona".
Em sua apresentação, Rodrik usou o Brasil e El Salvador como casos de países que vêm apresentando crescimento medíocre apesar de reformas significativas.
Sobre o Brasil, Rodrik disse que o país tem apresentado baixa taxa de investimento devido ao alto custo de capital e que há a necessidade de aumentar a poupança doméstica e incrementar o acesso a poupanças estrangeiras.
Rodrik sugeriu que uma das alternativas é o ajuste da política fiscal, mas não falou mais detalhadamente sobre o tema. Coordenada por Palocci, a política fiscal do governo Lula é considerada ortodoxa por, entre outras medidas, cortar gastos no Orçamento para o cumprimento de metas elevadas de superávit primário (economia para pagar juros).
"O que não vai funcionar [para o Brasil] é a melhoria do ambiente para negócios, quando o problema não está na baixa demanda por investimento."
Ao responder a pergunta da platéia, Rodrik também disse que a "obsessão" com metas de inflação e de independência do Banco Central podem resultar em danos econômicos. Mais duas divergências com o admirador brasileiro: o governo tem adotado metas de inflação, e Palocci defende um BC autônomo.
A dissociação entre reforma e crescimento feita por Rodrik provocou polêmica entre os panelistas. Williamson, que falou após Rodrik, alfinetou tomando a América Latina como exemplo. Disse que o país que mais realizou reformas nos últimos anos foi o Chile --com Cuba do outro lado do espectro. "Não é preciso ser muito sofisticado para saber qual país cresceu mais."
Rodrik foi quem mais recebeu perguntas entre os cinco panelistas e também foi o mais assediado após o encerramento da mesa (ao lado da aglomeração em volta de Rodrik, Williamson perguntou: "Alguém quer falar comigo?" Ninguém se manifestou).
A reportagem da Folha tentou entrevistar Rodrik, mas ele disse que "no momento" não quer falar sobre o Brasil em termos específicos porque "ainda está se envolvendo". Questionado se está dando consultoria ao governo, disse que não e que só se encontrou com Palocci uma vez.
Em entrevista no final de 2004, Palocci citou Rodrik como um de seus economistas prediletos.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Dani Rodrik
"Guru de Palocci" critica reformas
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da Folha de S.Paulo, em Washington
Apontado pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, como uma de suas principais referências, o economista da Universidade Harvard Dani Rodrik afirmou, durante debate anteontem na sede do FMI, que as reformas institucionais são uma "obsessão desnecessária", sem relação direta com o crescimento. Para ele, os baixos níveis de investimento no Brasil vêm sendo causados pelas dificuldades de financiamento.
Considerado "heterodoxo" e defensor da tese de que os países precisam de espaço para fazer "experimentações econômicas", Rodrik, 47, polarizou com John Williamson, 67, considerado o pai do Consenso de Washington, receituário de reformas econômicas neoliberais apresentado em 1989 para promover o crescimento na América Latina.
Rodrik, que falou antes, citou um levantamento próprio para afirmar que a maioria dos países que cresceram de forma constante nos últimos 50 anos não passou por amplas reformas institucionais --citou a China e a Índia como exemplos.
"Você não precisa de um bom governo para alcançar o crescimento econômico", afirmou Rodrik. "Não é possível colocar carne num esqueleto."
Para ele, o foco em mudanças institucionais tem três problemas: "As reformas são demoradas, ninguém sabe como definir como é a instituição perfeita e há uma grande distância entre a melhor prática e o que aparentemente funciona".
Em sua apresentação, Rodrik usou o Brasil e El Salvador como casos de países que vêm apresentando crescimento medíocre apesar de reformas significativas.
Sobre o Brasil, Rodrik disse que o país tem apresentado baixa taxa de investimento devido ao alto custo de capital e que há a necessidade de aumentar a poupança doméstica e incrementar o acesso a poupanças estrangeiras.
Rodrik sugeriu que uma das alternativas é o ajuste da política fiscal, mas não falou mais detalhadamente sobre o tema. Coordenada por Palocci, a política fiscal do governo Lula é considerada ortodoxa por, entre outras medidas, cortar gastos no Orçamento para o cumprimento de metas elevadas de superávit primário (economia para pagar juros).
"O que não vai funcionar [para o Brasil] é a melhoria do ambiente para negócios, quando o problema não está na baixa demanda por investimento."
Ao responder a pergunta da platéia, Rodrik também disse que a "obsessão" com metas de inflação e de independência do Banco Central podem resultar em danos econômicos. Mais duas divergências com o admirador brasileiro: o governo tem adotado metas de inflação, e Palocci defende um BC autônomo.
A dissociação entre reforma e crescimento feita por Rodrik provocou polêmica entre os panelistas. Williamson, que falou após Rodrik, alfinetou tomando a América Latina como exemplo. Disse que o país que mais realizou reformas nos últimos anos foi o Chile --com Cuba do outro lado do espectro. "Não é preciso ser muito sofisticado para saber qual país cresceu mais."
Rodrik foi quem mais recebeu perguntas entre os cinco panelistas e também foi o mais assediado após o encerramento da mesa (ao lado da aglomeração em volta de Rodrik, Williamson perguntou: "Alguém quer falar comigo?" Ninguém se manifestou).
A reportagem da Folha tentou entrevistar Rodrik, mas ele disse que "no momento" não quer falar sobre o Brasil em termos específicos porque "ainda está se envolvendo". Questionado se está dando consultoria ao governo, disse que não e que só se encontrou com Palocci uma vez.
Em entrevista no final de 2004, Palocci citou Rodrik como um de seus economistas prediletos.
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