Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/03/2005 - 15h47

Indústria pode atingir limite da capacidade em 2 anos, diz Fiesp

Publicidade

IVONE PORTES
da Folha Online

A indústria brasileira pode atingir o limite de sua capacidade instalada em dois anos se não aumentarem os investimentos no setor, segundo estudo elaborado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) indicam que em dezembro do ano passado a utilização da capacidade instalada da indústria estava em 83,1%. No ano, o indicador se manteve em torno de 83% --o nível mais alto da série histórica.

"Se o Brasil não tiver um choque de investimentos no curto prazo, a situação vai se agravar. No futuro, vai ter cada vez menos produtos para abastecer demanda interna e exportações", disse o diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, Ricardo Roriz Coelho.

Esse movimento, segundo ele, provocaria queda na competitividade e poderia gerar inflação.

Ele destacou que no Estado de São Paulo, onde a indústria é uma das mais modernizadas do país, 70% dos equipamentos têm mais de seis anos.

"Hoje, em alguns setores, como o de telecomunicações, seis anos é uma eternidade", afirmou.

Crescimento sustentado

"Para um crescimento econômico sustentado da ordem de 5% ao ano, seria necessário taxas de investimentos próximas a 25% do PIB [Produto Interno Bruto", disse o diretor da Fiesp.

No entanto, de acordo com o levantamento da Fiesp, os investimentos representaram em 2004 -- ano em que a economia cresceu 5,2%-- 20% do PIB. Em 2005, essa parcela deve subir para 20,5%.

"No ano passado, o crescimento econômico foi sustentado pela agropecuária. Dificilmente vamos repetir o desempenho de 2004, que teve como base de comparação o ano de 2003, que foi fraco."

Juro alto

Coelho atribuiu a falta de investimentos no setor ao alto custo do financiamento. "Cada vez que aumenta o juro, sobe o custo financeiro das empresas, o que, conseqüentemente, acaba refletindo nos produtos."

Ele criticou o patamar da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), hoje em 9,75% ao ano, e defendeu o recuo da taxa para algo entre 6% e 8%, o que a deixaria próxima da rentabilidade das empresas.

A taxa é usada como referência nos empréstimos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Seu cálculo é feito trimestralmente, com base no comportamento do risco-país --que reflete os juros pagos pelo Brasil para obter empréstimos no exterior-- e da inflação.

O estudo da Fiesp mostra que a TJLP é bem superior a taxas equivalentes de outros países, como os Estados Unidos, onde está em 2,2% ao ano.

Segundo Coelho, somando o spread bancário (diferença entre os juros pagos pelos bancos para captar recursos no mercado e a taxa de empréstimo) à TJLP, as empresas brasileiras chegam a pagar juros de 13,75% a 19,75% ao ano.

De acordo com análise da Fiesp, a redução de um ponto percentual na TJLP refletiria em um aumento de R$ 1,1 bilhão nas operações de crédito do BNDES, principal financiador da indústria.

O diretor da Fiesp ressalta ainda que por conta do juro alto os desembolsos do BNDES ficaram abaixo do esperado no ano passado. O banco tinha no seu orçamento do ano passado R$ 47 bilhões disponíveis para as empresas. Entretanto, conseguiu emprestar somente R$ 40 bilhões.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Fiesp
  • Leia o que já foi publicado sobre as indústrias brasileiras
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página