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21/03/2005
-
17h52
IVONE PORTES
da Folha Online
A política industrial formulada pelo governo Lula e divulgada em março do ano passado ainda "não saiu do papel" segundo avaliação do deputado Delfim Neto e de empresários que participaram de reunião na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para debater sobre o tema.
"A política industrial, por enquanto, é uma coisa nebulosa, não está saindo do papel. Por isso, vale a pena insistir para apresentar um projeto que realmente mobilize a sociedade em torno desse tema", afirmou o deputado ao sair do evento.
Segundo Delfim, o Cosec (Conselho Superior de Economia) ligado à Fiesp vai preparar um documento apontando as vantagens de uma "política industrial bem imaginada". Entretanto, ele não deu detalhes sobre o documento.
O presidente da Duratex --do grupo Itausa--, Paulo Setubal, afirmou que durante a reunião discutiu-se a "necessidade da criação de modelos para que de fato a estrutura da política industrial do governo seja premiada".
O professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), David Kupfer, que deverá coordenar a preparação do documento, afirmou que a "dimensão horizontal da política industrial ainda é muito pouco consistente, fraca e não está ainda suficientemente desenhada".
A PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior) do governo visa a inovação e o incentivo à diferenciação de produtos e foi estruturada ao redor de três planos complementares: horizontal --com ações para o desenvolvimento tecnológico, a inserção externa, a modernização (incluindo pequenas e médias empresas e arranjos produtivos locais) e o ambiente institucional; opções estratégicas --semicondutores, software, bens de capital e fármacos e medicamentos; e atividades portadoras de futuro --como biotecnologia e biomassa.
"São todas iniciativas extremamente importantes, desejáveis, bem-vindas, mas insuficientes, pois formam um conjunto ainda fraco para lidar com o enorme problema que é a dinamização do tecido industrial brasileiro", avalia o professor da UFRJ.
Uma das propostas de Kupfer para tentar impulsionar a política industrial é a criação de núcleos de articulação com as grandes e pequenas empresas, além de ministérios e órgãos de governo, que funcionariam como um elemento de geração de informações.
Ele citou a questão das exportações, que têm avançado, ao contrário da política industrial.
"Entendo que na questão das exportações se conseguiu, após um certo tempo, construir um conjunto de instituições, que hoje até dizem ser excessivo, através de programas como Apex [Agência de Promoção de Exportações do Brasil], Proex [financiamento a exportações] etc.", afirmou, ressaltando que a política de exportações tem um tempo de maturação bem mais longo do que a industrial.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a política industrial
Para Delfim Netto, política industrial ainda "não saiu do papel"
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da Folha Online
A política industrial formulada pelo governo Lula e divulgada em março do ano passado ainda "não saiu do papel" segundo avaliação do deputado Delfim Neto e de empresários que participaram de reunião na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para debater sobre o tema.
"A política industrial, por enquanto, é uma coisa nebulosa, não está saindo do papel. Por isso, vale a pena insistir para apresentar um projeto que realmente mobilize a sociedade em torno desse tema", afirmou o deputado ao sair do evento.
Segundo Delfim, o Cosec (Conselho Superior de Economia) ligado à Fiesp vai preparar um documento apontando as vantagens de uma "política industrial bem imaginada". Entretanto, ele não deu detalhes sobre o documento.
O presidente da Duratex --do grupo Itausa--, Paulo Setubal, afirmou que durante a reunião discutiu-se a "necessidade da criação de modelos para que de fato a estrutura da política industrial do governo seja premiada".
O professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), David Kupfer, que deverá coordenar a preparação do documento, afirmou que a "dimensão horizontal da política industrial ainda é muito pouco consistente, fraca e não está ainda suficientemente desenhada".
A PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior) do governo visa a inovação e o incentivo à diferenciação de produtos e foi estruturada ao redor de três planos complementares: horizontal --com ações para o desenvolvimento tecnológico, a inserção externa, a modernização (incluindo pequenas e médias empresas e arranjos produtivos locais) e o ambiente institucional; opções estratégicas --semicondutores, software, bens de capital e fármacos e medicamentos; e atividades portadoras de futuro --como biotecnologia e biomassa.
"São todas iniciativas extremamente importantes, desejáveis, bem-vindas, mas insuficientes, pois formam um conjunto ainda fraco para lidar com o enorme problema que é a dinamização do tecido industrial brasileiro", avalia o professor da UFRJ.
Uma das propostas de Kupfer para tentar impulsionar a política industrial é a criação de núcleos de articulação com as grandes e pequenas empresas, além de ministérios e órgãos de governo, que funcionariam como um elemento de geração de informações.
Ele citou a questão das exportações, que têm avançado, ao contrário da política industrial.
"Entendo que na questão das exportações se conseguiu, após um certo tempo, construir um conjunto de instituições, que hoje até dizem ser excessivo, através de programas como Apex [Agência de Promoção de Exportações do Brasil], Proex [financiamento a exportações] etc.", afirmou, ressaltando que a política de exportações tem um tempo de maturação bem mais longo do que a industrial.
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