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23/03/2005
-
18h05
IVONE PORTES
da Folha Online
O Banco Central "não foi competente" em suas decisões sobre o juros", segundo avaliação do diretor do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Francini.
Para Francini, a autoridade monetária se antecipou, em setembro, ao dar início à trajetória de alta do juro básico da economia.
"O Banco Central está indo de galocha para a praia. Falta sensibilidade ao Copom [Comitê de Política Monetária]. A inflação não estava fora de controle", afirmou.
Em um estudo dos sete meses de alta do juro básico (Selic), a Fiesp tenta demonstrar que os objetivos propostos pelo Copom não foram atingidos.
A taxa básica está atualmente em 19,25% ao ano. Desde setembro do ano passado, já subiu 3,25 pontos percentuais.
O argumento do Banco Central ao dar início ao processo de alta do juro, em setembro do ano passado, foi de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), do IBGE, estava aumentando acima do normal, podendo comprometer a meta de inflação para 2005, de 5,1%.
Com a alta do juro, o crédito fica mais caro, reduzindo a demanda por empréstimos e o consumo, refletindo na redução de preços.
Mas, na avaliação da Fiesp, não foi o que aconteceu. O estudo destaca que o crédito manteve um ritmo de crescimento mesmo com os aumentos dos juros, tanto para empresas quanto para pessoas físicas.
Além disso, Francini ressaltou que a política monetária não tem efeito sobre a trajetória dos preços administrados, que são os maiores responsáveis pela inflação.
Preços monitorados
O levantamento da Fiesp mostra que de janeiro de 2004 a fevereiro de 2005, os preços monitorados -combustíveis, tarifas de transporte público, telefonia, energia elétrica etc-- responderam por 41% da inflação.
Na avaliação de Francini, a meta de inflação de 5,1% é "ambiciosa", principalmente considerando que a política monetária não tem efeito sobre os preços monitorados.
"Os preços monitorados têm sua evolução baseada principalmente na inflação passada, de forma que são pouco sensíveis à política monetária", afirmou.
O estudo da Fiesp destaca ainda que o BC não tem motivos para se preocupar com a demanda.
"Não estava havendo [em setembro do ano passado] pressão de preços devido ao aumento da demanda. Não achamos que existe preocupação com a capacidade instalada da indústria. Existe baixa correlação entre o nível de utilização da capacidade e a inflação".
"Só quem não conhece a dinâmica da indústria acha que ela assiste estaticamente o crescimento da demanda", completou.
Questionado sobre se o BC poderia ter buscado outra alternativa para perseguir a meta de inflação que não fosse o juro, Francini não soube responder.
"Não sabemos dizer qual seria a melhor forma de controlar a demanda. Isso deve ser feito pelo Banco Central."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o aumento dos juros
Fiesp questiona competência do BC em suas decisões sobre juros
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da Folha Online
O Banco Central "não foi competente" em suas decisões sobre o juros", segundo avaliação do diretor do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Francini.
Para Francini, a autoridade monetária se antecipou, em setembro, ao dar início à trajetória de alta do juro básico da economia.
"O Banco Central está indo de galocha para a praia. Falta sensibilidade ao Copom [Comitê de Política Monetária]. A inflação não estava fora de controle", afirmou.
Em um estudo dos sete meses de alta do juro básico (Selic), a Fiesp tenta demonstrar que os objetivos propostos pelo Copom não foram atingidos.
A taxa básica está atualmente em 19,25% ao ano. Desde setembro do ano passado, já subiu 3,25 pontos percentuais.
O argumento do Banco Central ao dar início ao processo de alta do juro, em setembro do ano passado, foi de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), do IBGE, estava aumentando acima do normal, podendo comprometer a meta de inflação para 2005, de 5,1%.
Com a alta do juro, o crédito fica mais caro, reduzindo a demanda por empréstimos e o consumo, refletindo na redução de preços.
Mas, na avaliação da Fiesp, não foi o que aconteceu. O estudo destaca que o crédito manteve um ritmo de crescimento mesmo com os aumentos dos juros, tanto para empresas quanto para pessoas físicas.
Além disso, Francini ressaltou que a política monetária não tem efeito sobre a trajetória dos preços administrados, que são os maiores responsáveis pela inflação.
Preços monitorados
O levantamento da Fiesp mostra que de janeiro de 2004 a fevereiro de 2005, os preços monitorados -combustíveis, tarifas de transporte público, telefonia, energia elétrica etc-- responderam por 41% da inflação.
Na avaliação de Francini, a meta de inflação de 5,1% é "ambiciosa", principalmente considerando que a política monetária não tem efeito sobre os preços monitorados.
"Os preços monitorados têm sua evolução baseada principalmente na inflação passada, de forma que são pouco sensíveis à política monetária", afirmou.
O estudo da Fiesp destaca ainda que o BC não tem motivos para se preocupar com a demanda.
"Não estava havendo [em setembro do ano passado] pressão de preços devido ao aumento da demanda. Não achamos que existe preocupação com a capacidade instalada da indústria. Existe baixa correlação entre o nível de utilização da capacidade e a inflação".
"Só quem não conhece a dinâmica da indústria acha que ela assiste estaticamente o crescimento da demanda", completou.
Questionado sobre se o BC poderia ter buscado outra alternativa para perseguir a meta de inflação que não fosse o juro, Francini não soube responder.
"Não sabemos dizer qual seria a melhor forma de controlar a demanda. Isso deve ser feito pelo Banco Central."
Especial
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