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14/04/2005 - 20h48

Rota do contrabando do Paraguai se desloca de Foz do Iguacu para o MS

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Dourados (MS)

Devido a indícios de que a rota do contrabando de produtos do Paraguai esteja migrando de Foz do Iguaçu (PR) para Mato Grosso do Sul, a Receita Federal começou hoje na fronteira paraguaia localizada no sul do Estado a operação Leão Dourado em conjunto com o Exército, a FAB (Força Aérea Brasileira), polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar.

O chefe da 1ª Região Fiscal (Centro-Oeste mais Tocantins) da Receita, Paulo César Beltrão Koenow, disse que a fiscalização tem indícios de mudança na rota do contrabando, após as ações de repressão em Foz do Iguaçu. Uma dessas suspeitas é o uso de ônibus sem bancos para transportar mercadorias.

No primeiro dia da operação, foram apreendidas, segundo Koenow, duas carretas carregadas com 40 toneladas de soja, mercadorias de dois ônibus entre dez vistoriados, uma camionete, R$ 5.000 em notas falsas de R$ 10 e uma carreta roubada.

Nesse último caso, a Scania, placas IKL-3893, de Antônio Prado (RS), foi apreendida com Eliseu Alves Alencar.

Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), Alencar confessou que trocaria o veículo por 5 kg de cocaína no Paraguai. O dono da carreta foi deixado amarrado no mato em Piracicaba (SP), onde ocorreu o roubo.
Cerca de 300 homens, incluindo 60 fiscais da Receita, participaram da operação. A FAB usou dois helicópteros e um avião Tucano.

O chefe da Divisão Nacional de Combate a Crimes Econômicos, Mauro de Brito, disse que a fiscalização em Foz do Iguaçu reduziu o movimento de ônibus de sacoleiros de 300 para 50.

Segundo Brito, a ação de contrabandistas na fronteira com Paraguai em Mato Grosso do Sul é bem menor em relação a Foz do Iguaçu, onde "cerca de 100 mil pessoas dão cobertura [ao crime] e hotéis viraram guarda-volumes".

Mas Brito também admite a possibilidade de nova rota. "Quando apertamos lá [em Foz do Iguaçu], nós estamos criando estímulos para que mudem para cá [Mato Grosso do Sul]."

O superintendente da 1ª Região Fiscal, Nilton Tadeu Nogueira, afirmou que os depósitos da Receita no Centro-Oeste e Tocantins abrigam atualmente mercadorias apreendidas avaliadas em R$ 21 milhões, dos quais R$ 6 milhões correspondem a apreensões ocorridas neste ano.

Brito afirma que o Paraguai recebe por ano até 20 mil contêineres de produtos pirateados que são trazidos ao Brasil. Ele diz que o contrabando levou o desemprego para 350 mil pessoas devido à concorrência desleal com a indústria brasileira.

Koenow disse que a operação em Mato Grosso do Sul não tem data para acabar.

"Pensaram que acabaríamos logo em Foz do Iguaçu e isso não ocorreu", afirmou. Segundo Koenow, a ação em parceira com a FAB e o Exército é inédita no país e deve ser estendida a outros Estados.

O centro de comando das operações está sediado na 4ª Brigada de Cavaleira Mecanizada do Exército em Dourados (218 km de Campo Grande). Na sala de controle, há um mapa do Estado com a localização de sete focos de atuação do crime organizado.

Um dos principais produtos contrabandeados do Paraguai é o cigarro. Koenow disse que foi encontrado um carregamento abandonado em matagal. Ele não tinha dados sobre a quantidade. Um contrabandista flagrado com cigarros recebe um multa de R$ 20 por pacote.

Outro problema na fronteira com o Paraguai passou a ser o tráfico de cocaína. Os traficantes brasileiros evitam o espaço aéreo brasileiro, devido à Lei do Abate que autoriza a FAB a derrubar aviões suspeitos, e pousam com cocaína no Paraguai.

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