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30/05/2005
-
10h07
PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio
Em mais um sinal de desaquecimento da economia no primeiro trimestre, as vendas de combustíveis, que bateram recordes em 2004, registraram queda nos três primeiros meses deste ano.
Em março, a retração foi de 1% sobre igual mês de 2004, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) obtidos pela Folha. Em janeiro e fevereiro, o volume registrado de vendas de derivados de petróleo, considerando todos os produtos, caiu 2,5% e 0,2%, respectivamente.
O recuo mais significativo foi registrado justamente pelo produto mais utilizado pelas classes de baixa renda: o gás de cozinha.
De janeiro a abril, houve redução de 2,4% nas vendas do produto, segundo o Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo). Os dados da ANP mostram retração de 3,8% em janeiro, de 0,8% em fevereiro e de 2,3% em março na comparação com os mesmos meses de 2004.
Mais consumida pela classe média, a gasolina também sofreu o impacto do menor consumo. Suas vendas caíram 4,6% em janeiro, 2,1% em fevereiro e 0,7% em março, segundo a ANP.
Donas de cerca de 75% do mercado de gasolina no país, as distribuidoras associadas ao Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes) registraram aumento de 1% nas vendas do primeiro quadrimestre.
A aparente contradição tem uma justificativa. É que as distribuidoras do Sindicom não operam com práticas irregulares, como adulteração e sonegação. "O que os dados mostram é que estamos avançando sobre distribuidoras que comentem irregularidades", informa Alísio Vaz, diretor do Sindicom.
Segundo ele, há hoje no Brasil um ambiente pouco propício a anormalidades no setor de distribuição de combustíveis, pois a fiscalização e o combate às fraudes foi intensificado.
Além disso, afirma, desde o ano passado não existem mais empresas que operam por força de liminar para o não-pagamento de tributos estaduais e federais. Com todas essas ações, as companhias "da bandalha" perderam espaço e suas vendas estão em queda, de acordo com Vaz.
"Arroz e feijão crus"
No caso do gás de cozinha, a situação é diferente. A renda ainda enfraquecida, especialmente a dos mais pobres, frustrou as expectativas do setor, que previa para 2005 um crescimento de 3% nas vendas. Em 2004, as distribuidoras de GLP venderam 2,5% a mais do que em 2003. "Se igualarmos os volumes vendidos em 2004, já vai estar muito bom", diz Sergio Bandeira de Melo, superintendente-executivo do Sindigás.
Bandeira de Melo responsabiliza os pesados tributos pelo recuo nas vendas. Dos R$ 30 do preço final do botijão de gás, cerca de R$ 7 são tributos, segundo o Sindigás.
Como alternativa, Bandeira de Melo sugere uma ampla desoneração tarifária do setor. "O governo desonerou o arroz e o feijão, mas, se não fizer nada com o gás, daqui a pouco as pessoas vão comer arroz e feijão crus."
Procurada pela Folha, a Petrobras informou que não fala sobre as vendas de combustíveis. A estatal prevê, porém, um crescimento médio anual de 2,5% no consumo de derivados.
Além do GLP e da gasolina, o óleo combustível, utilizado no setor industrial, também teve queda nas vendas --1,1% em janeiro, 3,6% em fevereiro e 5,8% em março. Nesse caso, porém, a redução é explicada pela substituição pelo gás natural.
Dos principais derivados, o diesel foi o que registrou o melhor desempenho. Suas vendas aumentaram 1,8% em fevereiro e 0,1% em março, embora tenham caído 1,2% em janeiro.
Queda de preço
Apesar da conjuntura desfavorável, as vendas de combustíveis podem ganhar algum alento nesta semana, quando o preço do litro da gasolina deve cair até R$ 0,05. O motivo é a queda no preço do álcool anidro, que teve boa safra neste ano. Como a gasolina é composta em 25% desse tipo de álcool, toda vez que o preço cai, o da gasolina também diminui.
Desaceleração do aço
Não é só o ramo de combustíveis que está sentido o arrefecimento da economia. O presidente do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) e da CST, José Armando de Figueiredo Campos, disse que as condições macroeconômicas estão afetando o setor.
Por um lado, os juros altos frearam a demanda. Por outro, a valorização do real fez com que muitos contratos de exportação de aço não fossem renovados.
Em abril, os dados de vendas de produtos siderúrgicos para o mercado interno também mostram uma queda de 5,8%.
Segundo Campos, o setor vive fase de "desaceleração", depois do forte crescimento nas vendas desde o final de 2003. Um sinal desse movimento é o aumento dos estoques nas mãos de clientes.
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da Folha de S.Paulo, no Rio
Em mais um sinal de desaquecimento da economia no primeiro trimestre, as vendas de combustíveis, que bateram recordes em 2004, registraram queda nos três primeiros meses deste ano.
Em março, a retração foi de 1% sobre igual mês de 2004, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) obtidos pela Folha. Em janeiro e fevereiro, o volume registrado de vendas de derivados de petróleo, considerando todos os produtos, caiu 2,5% e 0,2%, respectivamente.
O recuo mais significativo foi registrado justamente pelo produto mais utilizado pelas classes de baixa renda: o gás de cozinha.
De janeiro a abril, houve redução de 2,4% nas vendas do produto, segundo o Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo). Os dados da ANP mostram retração de 3,8% em janeiro, de 0,8% em fevereiro e de 2,3% em março na comparação com os mesmos meses de 2004.
Mais consumida pela classe média, a gasolina também sofreu o impacto do menor consumo. Suas vendas caíram 4,6% em janeiro, 2,1% em fevereiro e 0,7% em março, segundo a ANP.
Donas de cerca de 75% do mercado de gasolina no país, as distribuidoras associadas ao Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes) registraram aumento de 1% nas vendas do primeiro quadrimestre.
A aparente contradição tem uma justificativa. É que as distribuidoras do Sindicom não operam com práticas irregulares, como adulteração e sonegação. "O que os dados mostram é que estamos avançando sobre distribuidoras que comentem irregularidades", informa Alísio Vaz, diretor do Sindicom.
Segundo ele, há hoje no Brasil um ambiente pouco propício a anormalidades no setor de distribuição de combustíveis, pois a fiscalização e o combate às fraudes foi intensificado.
Além disso, afirma, desde o ano passado não existem mais empresas que operam por força de liminar para o não-pagamento de tributos estaduais e federais. Com todas essas ações, as companhias "da bandalha" perderam espaço e suas vendas estão em queda, de acordo com Vaz.
"Arroz e feijão crus"
No caso do gás de cozinha, a situação é diferente. A renda ainda enfraquecida, especialmente a dos mais pobres, frustrou as expectativas do setor, que previa para 2005 um crescimento de 3% nas vendas. Em 2004, as distribuidoras de GLP venderam 2,5% a mais do que em 2003. "Se igualarmos os volumes vendidos em 2004, já vai estar muito bom", diz Sergio Bandeira de Melo, superintendente-executivo do Sindigás.
Bandeira de Melo responsabiliza os pesados tributos pelo recuo nas vendas. Dos R$ 30 do preço final do botijão de gás, cerca de R$ 7 são tributos, segundo o Sindigás.
Como alternativa, Bandeira de Melo sugere uma ampla desoneração tarifária do setor. "O governo desonerou o arroz e o feijão, mas, se não fizer nada com o gás, daqui a pouco as pessoas vão comer arroz e feijão crus."
Procurada pela Folha, a Petrobras informou que não fala sobre as vendas de combustíveis. A estatal prevê, porém, um crescimento médio anual de 2,5% no consumo de derivados.
Além do GLP e da gasolina, o óleo combustível, utilizado no setor industrial, também teve queda nas vendas --1,1% em janeiro, 3,6% em fevereiro e 5,8% em março. Nesse caso, porém, a redução é explicada pela substituição pelo gás natural.
Dos principais derivados, o diesel foi o que registrou o melhor desempenho. Suas vendas aumentaram 1,8% em fevereiro e 0,1% em março, embora tenham caído 1,2% em janeiro.
Queda de preço
Apesar da conjuntura desfavorável, as vendas de combustíveis podem ganhar algum alento nesta semana, quando o preço do litro da gasolina deve cair até R$ 0,05. O motivo é a queda no preço do álcool anidro, que teve boa safra neste ano. Como a gasolina é composta em 25% desse tipo de álcool, toda vez que o preço cai, o da gasolina também diminui.
Desaceleração do aço
Não é só o ramo de combustíveis que está sentido o arrefecimento da economia. O presidente do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) e da CST, José Armando de Figueiredo Campos, disse que as condições macroeconômicas estão afetando o setor.
Por um lado, os juros altos frearam a demanda. Por outro, a valorização do real fez com que muitos contratos de exportação de aço não fossem renovados.
Em abril, os dados de vendas de produtos siderúrgicos para o mercado interno também mostram uma queda de 5,8%.
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