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31/05/2005
-
09h42
JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio
A economia brasileira teve um crescimento de 0,3% no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses do ano passado, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se do menor crescimento desde o segundo trimestre de 2003, quando houve expansão de 0,1%.
O IBGE também divulgou que em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 2,9%.
Os investimentos representaram de forma acentuada a desaceleração da economia. Em 2004, a receita do crescimento foi baseada em exportações, investimentos, indústria e consumo das famílias. No primeiro trimestre de 2005, o único segmento a manter desempenho positivo foi o exportador. Entre as atividades, a agropecuária foi a única com desempenho positivo no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses de 2004. A alta foi de 2,6%. A indústria teve queda de 1% e os serviços, baixa de 0,2%.
Depois de registrar em 2004 uma expansão revisada de 4,9%, o cenário que se delineia para a economia brasileira em 2005 é bem mais modesto.
Segundo o último Relatório de Mercado organizado pelo Banco Central, analistas estimam que o PIB deve crescer 3,5% neste ano. Economistas afirmam, no entanto, que o desempenho positivo necessário para atingir essa taxa só poderá ser alcançado no segundo semestre.
Para economistas, a despeito da apreciação do real no período, o setor externo foi o principal responsável pelo desempenho do PIB. A indústria e o consumo das famílias, que ajudaram no resultado do ano passado, registraram queda neste começo de ano influenciados principalmente pela alta dos juros --o Banco Central elevou a taxa básica da economia brasileira nos últimos nove meses.
"É difícil repetir o desempenho de 2004, o setor externo deve causar algum impacto positivo na produção industrial e com isso a indústria deve encerrar o ano com expansão de 4,5% a 5%", afirma a economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi. Em 2004, a indústria cresceu 8,3%, o melhor resultado em 18 anos.
Exportações
A apreciação do real e os prejuízos de setores específicos ainda não foram suficientes para minimizar o bom desempenho das exportações brasileiras. As exportações cresceram 3,5% no primeiro trimestre. Já as importações tiveram alta pelo sexto trimestre seguido, de 2,3%.
Segundo Guilherme Maia, da consultoria Tendências, como os contratos de câmbio das grandes empresas são firmados a médio prazo, a apreciação do real ainda não teve impacto direto sobre a maioria das operações praticadas no primeiro trimestre. "O desempenho da economia mundial também tem sido favorável às exportações de produtos brasileiros", disse.
Investimentos em queda
Além da estagnação da indústria num patamar alto de produção, a retração dos investimentos também contribuiu para o baixo patamar de crescimento da economia. A taxa de investimentos caiu 3% no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores.
Segundo o ex-diretor do Banco Central e professor do IBMEC, Carlos Thadeu de Freitas, após nove meses de aperto monetário, a economia começou a responder à política monetária promovida pelo BC. "Juros altos inibem investimentos e com uma perspectiva de crescimento menor da economia, o empresário não vê vantagens em investir", disse.
Nem mesmo a taxa de câmbio favorável às importações de máquinas e equipamentos deverá ser capaz de alavancar a taxa de investimentos, na avaliação de Freitas. "Este é um efeito que ocorre normalmente quando o real sofre apreciação mas desta vez o empresário teme os efeitos da alta dos juros sobre a demanda", afirmou.
Segundo Utsumi, indicadores antecedentes como as exportações de bens de capital, estoques e até mesmo as expectativas dos setores produtivos já adiantavam a queda dos investimentos. Essa é a segunda queda consecutiva na comparação com o trimestre anterior. No quarto trimestre de 2004, os investimentos recuaram 3,9%.
"A série de investimento é altamente volátil e depois de crescer por dois trimestres seguidos [segundo e terceiro do ano passado], há um movimento natural de acomodação aliado à redução da confiança do empresário com as incertezas em relação à demanda", afirma Maia.
Um dos fatores mais festejados no crescimento econômico de 2004, o consumo das famílias, já começa a dar sinais de arrefecimento. Mesmo com a expansão do crédito e o desempenho do mercado de trabalho houve queda de 0,6% no consumo das famílias no primeiro trimestre. No último trimestre do ano passado, houve alta de 0,8%.
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da Folha Online, no Rio
A economia brasileira teve um crescimento de 0,3% no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses do ano passado, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se do menor crescimento desde o segundo trimestre de 2003, quando houve expansão de 0,1%.
O IBGE também divulgou que em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 2,9%.
Os investimentos representaram de forma acentuada a desaceleração da economia. Em 2004, a receita do crescimento foi baseada em exportações, investimentos, indústria e consumo das famílias. No primeiro trimestre de 2005, o único segmento a manter desempenho positivo foi o exportador. Entre as atividades, a agropecuária foi a única com desempenho positivo no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses de 2004. A alta foi de 2,6%. A indústria teve queda de 1% e os serviços, baixa de 0,2%.
Depois de registrar em 2004 uma expansão revisada de 4,9%, o cenário que se delineia para a economia brasileira em 2005 é bem mais modesto.
Segundo o último Relatório de Mercado organizado pelo Banco Central, analistas estimam que o PIB deve crescer 3,5% neste ano. Economistas afirmam, no entanto, que o desempenho positivo necessário para atingir essa taxa só poderá ser alcançado no segundo semestre.
Para economistas, a despeito da apreciação do real no período, o setor externo foi o principal responsável pelo desempenho do PIB. A indústria e o consumo das famílias, que ajudaram no resultado do ano passado, registraram queda neste começo de ano influenciados principalmente pela alta dos juros --o Banco Central elevou a taxa básica da economia brasileira nos últimos nove meses.
"É difícil repetir o desempenho de 2004, o setor externo deve causar algum impacto positivo na produção industrial e com isso a indústria deve encerrar o ano com expansão de 4,5% a 5%", afirma a economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi. Em 2004, a indústria cresceu 8,3%, o melhor resultado em 18 anos.
Exportações
A apreciação do real e os prejuízos de setores específicos ainda não foram suficientes para minimizar o bom desempenho das exportações brasileiras. As exportações cresceram 3,5% no primeiro trimestre. Já as importações tiveram alta pelo sexto trimestre seguido, de 2,3%.
Segundo Guilherme Maia, da consultoria Tendências, como os contratos de câmbio das grandes empresas são firmados a médio prazo, a apreciação do real ainda não teve impacto direto sobre a maioria das operações praticadas no primeiro trimestre. "O desempenho da economia mundial também tem sido favorável às exportações de produtos brasileiros", disse.
Investimentos em queda
Além da estagnação da indústria num patamar alto de produção, a retração dos investimentos também contribuiu para o baixo patamar de crescimento da economia. A taxa de investimentos caiu 3% no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores.
Segundo o ex-diretor do Banco Central e professor do IBMEC, Carlos Thadeu de Freitas, após nove meses de aperto monetário, a economia começou a responder à política monetária promovida pelo BC. "Juros altos inibem investimentos e com uma perspectiva de crescimento menor da economia, o empresário não vê vantagens em investir", disse.
Nem mesmo a taxa de câmbio favorável às importações de máquinas e equipamentos deverá ser capaz de alavancar a taxa de investimentos, na avaliação de Freitas. "Este é um efeito que ocorre normalmente quando o real sofre apreciação mas desta vez o empresário teme os efeitos da alta dos juros sobre a demanda", afirmou.
Segundo Utsumi, indicadores antecedentes como as exportações de bens de capital, estoques e até mesmo as expectativas dos setores produtivos já adiantavam a queda dos investimentos. Essa é a segunda queda consecutiva na comparação com o trimestre anterior. No quarto trimestre de 2004, os investimentos recuaram 3,9%.
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