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01/06/2005 - 09h24

Alta nos estoques aponta freio na indústria

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FÁTIMA FERNANDES
da Folha de S.Paulo

A economia perdeu força em abril e maio. Levantamento do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) com 200 indústrias na semana passada revela que os estoques de matérias-primas das fábricas --que estavam reduzidos havia dois anos-- voltaram a subir a partir de abril. Sinal de que o país roda num ritmo mais lento neste ano.

"A alta dos estoques ocorreu de forma generalizada em todos os setores. Isso ficou muito claro nas respostas das empresas consultadas", diz Claudio Vaz, presidente do Ciesp. "Não podia ser diferente. Caíram o consumo das famílias e os investimentos do governo e das empresas."

Indicadores da indústria, do comércio e do governo mostram que os negócios crescem neste segundo trimestre na comparação com 2004, mas num ritmo menor.

Em abril, a produção de veículos cresceu 19,6% sobre igual mês do ano passado, mas caiu 7% em relação a março. A indústria de embalagens de papelão --considerada termômetro da economia-- vendeu 5,2% mais do que em igual mês de 2004, mas 0,14% menos do que em março.

A arrecadação de ICMS --mais um indicador do ritmo de atividade econômica-- está crescendo menos. Em abril, o valor arrecadado com esse imposto no Estado de São Paulo aumentou 3,1% sobre igual mês do ano passado. Em março, o crescimento tinha sido de 3,6%. Em fevereiro, de 7,2%. Em janeiro, de 5,5%.

"Os empresários dizem que a produção neste segundo trimestre está parecida com a do primeiro. Isto é, está contida. A situação deve piorar para a indústria se os juros continuarem subindo e se o câmbio continuar desfavorável às exportações. Estoques elevados são um mal sinal para a economia", afirma Julio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

O comércio sentiu o consumidor mais desanimado com as compras especialmente a partir do mês passado. As consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), indicador dos negócios a prazo, subiram 5,7% na primeira quinzena de maio em relação a igual período de 2004 --em abril, a alta tinha sido de 6,3% sobre igual mês do ano passado.

As vendas à vista também perderam fôlego. As consultas ao Usecheque subiram 2% na primeira quinzena de maio em relação a igual período do ano passado --em abril, o crescimento foi de 7,1% sobre igual mês de 2004.

"Esses números sugerem que a economia perdeu velocidade. Para combater a inflação, o governo optou por colocar o pé no acelerador por meio da elevação dos juros", afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

O crescimento das vendas nos primeiros meses deste ano, segundo informa Antônio Carlos Borges, diretor-executivo da Fecomercio SP, foi sustentado pelo crédito. "Só que há um limite para o financiamento. Por isso já estamos vendo um enfraquecimento do consumo e da produção", diz.

Em abril, o faturamento real do comércio paulista cresceu 5,4% na comparação com igual período do ano passado. Em março, a alta foi de 13,9%. A previsão da federação é que esse crescimento deva ficar em 4% em maio, na comparação com maio do ano passado. "O faturamento cresce sobre 2004, mas cada vez menos. A taxa de juros básica da economia deve continuar subindo. Isso tem impacto no consumo."

Outro dado que voltou a incomodar os comerciantes a partir de abril foi o que mostra a capacidade do consumidor de pagar as contas em dia. A taxa de inadimplência medida pela ACSP foi de 7,7% em abril, 1,3 ponto percentual maior do que a de março e a de abril do ano passado. "Essa taxa não chega nem perto da de 20% alcançada em 1999, mas é um sinal de alerta", afirma.

Alguns indicadores são contraditórios --o que levam alguns economistas e empresários a aguardar até o fim deste mês para ter uma avaliação mais nítida do comportamento da economia daqui para a frente.

Em abril, o número de veículos pesados que passaram pelos pedágios nas rodovias do país subiu 1,2% na comparação com março e 2,1% sobre igual mês do ano passado. Em março, houve queda de 1,2% e crescimento de 1,8%, respectivamente, no período.

"O que dá para afirmar é que a economia se acomodou. Cresceu no primeiro semestre do ano passado e passou a patinar a partir do segundo semestre de 2004. Tudo leva a crer que não vamos crescer muito em 2005", afirma Roberto Padovani, economista da Tendências Consultoria.

Os fabricantes de embalagens de vidro, plástico, papel, aço, alumínio e madeira informam que, até abril, conseguiram ocupar 87% da capacidade de produção --percentual que se mantém desde o final do ano passado.

Fabio Mestriner, presidente da Abre, associação dos fabricantes de embalagens, diz que alguns setores, como as indústrias de cosméticos e higiene pessoal, estão puxando o consumo de embalagens, além dos exportadores.

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