Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/07/2005 - 09h59

Fundos de apoio a cinema não atraem público

Publicidade

FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo

O namoro do investidor pessoa física com o mercado cinematográfico não foi muito longe. Após o "boom" do cinema nacional em 2003, especulou-se que o pequeno investidor pudesse aplicar (e lucrar) nesse segmento também. Mas isso não ocorreu.

"Até se tentou, mas o investidor não se interessa por essa área. Eu diria que a parcela de pessoa física nesse mercado é de 0,00001%", avalia Regina Werner, superintendente da Máxima DTVM.

As dificuldades em se garantir algum tipo de retorno interessante ao pequeno investidor desestimulam sua entrada no mercado audiovisual. Para as empresas, há, além do benefício da renúncia fiscal, a possibilidade de mostrar e ligar a sua marca a um projeto, que pode ter grande visibilidade.

Há cerca de um ano, foi anunciado um projeto inovador para a captação de recursos para o filme "A Justiça dos Homens". Para o investidor pessoa física interessado em entrar no projeto, seriam oferecidas 200 cotas de R$ 2 mil, que poderiam ser compradas até pela internet. Mas, segundo informações do mercado, os pequenos investidores não apareceram.

A recente diminuição do público dos filmes brasileiros --que está bem abaixo do pico de 22,05 milhões de espectadores registrado em 2003-- desanimou um pouco mesmo os mais entusiasmados com a possibilidade de lucrar com o crescimento do mercado audiovisual nacional. Neste ano, até o fim de maio, o número de espectadores de filmes nacionais chegou aos 3,5 milhões. Os dados são da Filme B, especializada em estatísticas do setor.

Analistas avaliam que um filme teria de ter um público acima de 800 mil pagantes --o que não é comum para um material nacional-- para gerar retorno interessante a um pequeno investidor que comprasse um certificado de investimento audiovisual.

Novos investimentos

Na esteira do sucesso do mercado nacional, foi aprovado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no fim de 2003 a criação dos Funcines (Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional).

A BBDTVM (Banco do Brasil Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários) foi a primeira a entrar nesse nicho. Lançado em 2004, o BB Cine conta hoje com R$ 2,5 milhões de patrimônio e seis cotistas. O primeiro projeto apoiado pelo BB Cine foi o filme "Cabra-Cega", terceiro longa do diretor Toni Venturi, que estreou em abril deste ano. O filme recebeu algo em torno de R$ 50 mil para a fase de distribuição.

"Há seis cotistas neste momento no fundo. E todos têm consciência do risco. Se o filme for um fiasco, o investidor perderá dinheiro. Por isso, temos de ser muito seletivos na escolha dos projetos", diz Nelson Rocha Augusto, presidente da BBDTVM.

Mas investir em um Funcine ainda é algo segmentado, ficando restrito à pessoa jurídica ou ao chamado investidor qualificado (aquele que pode disponibilizar para uma aplicação financeira algo em torno de R$ 300 mil).

Fernando Buarque, diretor da área de gestão de investimentos da Rio Bravo, que também lançou um Funcine no mercado, avalia que "o sucesso desses primeiros projetos de Funcine é fundamental para que, num futuro próximo, o pequeno investidor também possa fazer aplicações". O Funcine da Rio Bravo conta hoje com patrimônio de R$ 6 milhões. O montante autorizado pela CVM permite que o fundo chegue a R$ 30 milhões.

O capital dos Funcines podem ser direcionados para várias fases do processo cinematográfico, desde produção e distribuição até a construção de salas de exibição.

"O crescimento dos Funcines será benéfico para todos. Além de uma maior oferta de verbas para quem faz cinema, haverá a oportunidade de o investidor pessoa física participar. Quem sabe isso não pode começar ainda em 2006?", diz Buarque.

A Lite (Life in the Tropics Entertainment) está trazendo ao mercado nacional uma novidade. É um fundo destinado a captar recursos que serão direcionados à produção de roteiros. Segundo Roberto d'Avila, diretor de conteúdo da Moonshot Pictures e um dos criadores do fundo, o investimento mínimo exigido será de US$ 50 mil (R$ 115 mil). Ou seja, um pouco distante do pequeno investidor.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o cinema brasileiro
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página