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08/07/2005
-
09h53
FERNANDO CANZIAN
da Folha de S.Paulo
As exportações e o crédito foram os pilares para o crescimento do emprego em 2005. No segundo semestre, essas âncoras para a geração de novas vagas devem perder força, desacelerando contratações hoje concentradas em salários que não passam de R$ 600.
Depois de terem sido criadas 1.523.276 vagas formais no ano passado, o segundo semestre de 2005 projeta uma diminuição no ritmo das contratações pelo esgotamento do crédito e uma expectativa de diminuição das vendas externas.
No caso das exportações, já houve queda de volume em vários setores, embora o saldo comercial continue aumentando em função de preços melhores. No crédito, o nível de endividamento pessoal tende agora a desestimular novos empréstimos.
Algumas projeções otimistas do Ministério do Trabalho sustentam que, no total, podem ser criados neste ano no máximo 1,4 milhão de empregos com carteira.
Entre janeiro e maio, a diminuição já se fez sentir: foram 770,7 mil vagas novas no país, contra 826 mil no período em 2004.
"O setor exportador é seguramente o fator mais dinâmico na área do trabalho hoje. É ele quem garante que os postos criados no passado não se percam e que ainda ocorra algum crescimento", afirma Paula Montagner, coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho, órgão do Ministério do Trabalho.
Segundo especialistas, no cenário atual é como se as exportações fossem o principal ""combustível" que alimenta o motor da geração de empregos, estendendo seus efeitos positivos para vários setores da economia.
Espanto
"Diante do quadro de juros elevados, algumas coisas espantosas ainda continuam acontecendo na área do trabalho. O desempenho até aqui só pode ser atribuído ao dinamismo das exportações", afirma o analista Miguel Mateo, da Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).
Entre os dados "espantosos", Mateo cita a criação de 20 mil empregos adicionais na região do ABC (Grande São Paulo) entre janeiro e abril deste ano -sobre um nível já elevado no mesmo período de 2004.
Em 1996, por exemplo, só 10% das receitas das empresas paulistas vinham das exportações. No ano passado, esse patamar atingiu 21%, podendo ter sido ainda mais elevado este ano, diz Mateo.
Esse dinamismo, no entanto, pode estar no fim. Julio César Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), compara a atual situação do emprego a um trem.
"A locomotiva já passou. O que estamos vendo são os vagões." Para Gomes de Almeida, o país pode chegar em breve à rabeira do trem caso não haja novas fontes de estímulo à criação de mais vagas e à manutenção de um aumento, ainda que muito moderado, da massa de salários.
Crédito
Gomes de Almeida afirma, no entanto, que o crédito ainda tem algum espaço para crescer, principalmente pelo fato de redes de varejo terem promovido inovações para que mais tomadores tenham acesso, o que pode alimentar a economia no segundo semestre.
O gerente do Departamento de Pesquisas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), André Rebelo, afirma que "as duas forças [exportações e crédito]" que vêm "segurando" a economia podem estar no limite. "Esses dois fatores ainda podem segurar o emprego, mas dificilmente vão gerar vagas novas."
Na sua opinião, mesmo o alento para o mercado de trabalho que uma eventual diminuição da taxa básica de juros pode trazer só começará a ser sentido meses depois do início do processo de baixa.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre exportações de veículos
Exportação e crédito alimentam emprego
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da Folha de S.Paulo
As exportações e o crédito foram os pilares para o crescimento do emprego em 2005. No segundo semestre, essas âncoras para a geração de novas vagas devem perder força, desacelerando contratações hoje concentradas em salários que não passam de R$ 600.
Depois de terem sido criadas 1.523.276 vagas formais no ano passado, o segundo semestre de 2005 projeta uma diminuição no ritmo das contratações pelo esgotamento do crédito e uma expectativa de diminuição das vendas externas.
No caso das exportações, já houve queda de volume em vários setores, embora o saldo comercial continue aumentando em função de preços melhores. No crédito, o nível de endividamento pessoal tende agora a desestimular novos empréstimos.
Algumas projeções otimistas do Ministério do Trabalho sustentam que, no total, podem ser criados neste ano no máximo 1,4 milhão de empregos com carteira.
Entre janeiro e maio, a diminuição já se fez sentir: foram 770,7 mil vagas novas no país, contra 826 mil no período em 2004.
"O setor exportador é seguramente o fator mais dinâmico na área do trabalho hoje. É ele quem garante que os postos criados no passado não se percam e que ainda ocorra algum crescimento", afirma Paula Montagner, coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho, órgão do Ministério do Trabalho.
Segundo especialistas, no cenário atual é como se as exportações fossem o principal ""combustível" que alimenta o motor da geração de empregos, estendendo seus efeitos positivos para vários setores da economia.
Espanto
"Diante do quadro de juros elevados, algumas coisas espantosas ainda continuam acontecendo na área do trabalho. O desempenho até aqui só pode ser atribuído ao dinamismo das exportações", afirma o analista Miguel Mateo, da Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).
Entre os dados "espantosos", Mateo cita a criação de 20 mil empregos adicionais na região do ABC (Grande São Paulo) entre janeiro e abril deste ano -sobre um nível já elevado no mesmo período de 2004.
Em 1996, por exemplo, só 10% das receitas das empresas paulistas vinham das exportações. No ano passado, esse patamar atingiu 21%, podendo ter sido ainda mais elevado este ano, diz Mateo.
Esse dinamismo, no entanto, pode estar no fim. Julio César Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), compara a atual situação do emprego a um trem.
"A locomotiva já passou. O que estamos vendo são os vagões." Para Gomes de Almeida, o país pode chegar em breve à rabeira do trem caso não haja novas fontes de estímulo à criação de mais vagas e à manutenção de um aumento, ainda que muito moderado, da massa de salários.
Crédito
Gomes de Almeida afirma, no entanto, que o crédito ainda tem algum espaço para crescer, principalmente pelo fato de redes de varejo terem promovido inovações para que mais tomadores tenham acesso, o que pode alimentar a economia no segundo semestre.
O gerente do Departamento de Pesquisas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), André Rebelo, afirma que "as duas forças [exportações e crédito]" que vêm "segurando" a economia podem estar no limite. "Esses dois fatores ainda podem segurar o emprego, mas dificilmente vão gerar vagas novas."
Na sua opinião, mesmo o alento para o mercado de trabalho que uma eventual diminuição da taxa básica de juros pode trazer só começará a ser sentido meses depois do início do processo de baixa.
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