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15/07/2005 - 09h38

Thomaz Bastos tenta acalmar empresários

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ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, recebe hoje em São Paulo representantes da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) que vão protestar pessoalmente contra a ação anti-sonegação da Polícia Federal anteontem na Daslu, a mais luxuosa loja do país. Para a entidade, foi um "show de pirotecnia".

De quebra, o ministro incluiu na sua agenda também a direção da cervejaria Schincariol, cujos donos passaram dez dias presos em junho, numa outra ação policial contra a sonegação fiscal que também gerou críticas à PF.

A Fiesp convocou ontem ao menos 40 entidades de classe para uma reunião na segunda-feira contra o que chamou de "recentes arbitrariedades" nas ações da Polícia Federal.

No caso da Daslu, há suspeita de crime não apenas de sonegação mas também de contrabando e falsificação de documentos. A investigação começou pela Receita Federal, passou pelo Ministério Público, chegou à Justiça e foi executada pela Polícia Federal sob o nome de Operação Narciso.

A devassa de anteontem foi para colher provas. Teve participação de 240 policiais e dezenas de fiscais da Receita, que passaram o dia inteiro na loja e identificaram caixas de documentos e notas fiscais com a inscrição "incinerar". A informação que chegou ontem a Brasília é que a busca de provas foi bem-sucedida.

Conforme a Folha apurou, a disposição de Thomaz Bastos --que está satisfeito com o resultado-- é ouvir, muito mais do que falar nas reuniões de hoje.

Ele estava preparado para algo como um "mar de lamentações" e disposto a se apegar a dois pontos principais: não interfere nas operações da polícia, até porque tiveram autorização judicial. Em relação à Daslu, aliás, mais do que isso: o pedido partiu da Justiça.

Ontem, o ministro recebeu a direção da PF em seu gabinete de Brasília, incluindo o diretor-geral do órgão, delegado Paulo Lacerda. Ouviu um relato da operação, avaliando que foi bem-sucedida, incluindo algumas cautelas. Uma delas foi a permissão de que o namorado da dona da Daslu, Eliana Tranchesi, Álvaro Coelho da Fonseca, a acompanhasse no carro até a detenção.

O ministro assinou recentemente uma portaria impondo limites para as operações desse tipo da PF, numa tentativa de responder às críticas de "excesso de pirotecnia" --helicópteros, metralhadoras, algemas, televisões.

Apesar da portaria, todos esses ingredientes estiveram presentes na ação na Daslu, mas o ministro não repreendeu a cúpula da PF ontem. Teria pedido, apenas, para "maneirar da próxima vez".

A "pirotecnia" a que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, se refere é considerada dentro do governo como "educativa" ou "preventiva". A interlocutores, Thomaz Bastos disse ontem que a sonegação é praticada rotineiramente, mas tem que passar a ser vista como o que realmente é: um crime.

"A esta altura, todo mundo que sonega deve estar correndo para botar a contabilidade em dia", teria comentado o ministro, com um sorriso maldoso.

Já perto de meia-noite da quarta-feira, menos de 24 horas depois do início da operação na Daslu, Thomaz Bastos falou com o secretário da Receita, Jorge Rachid, que comemorava as imagens da TV e informou que a loja já tinha começado a se mexer para botar as contas com o fisco em dia. Depois, brincou: "A arrecadação neste ano vai aumentar muito!".

Durante a operação foram detidos Eliana Tranchesi, seu irmão, Antonio Carlos Piva Albuquerque, e o executivo Celso de Lima, contador e sócio de uma das empresas importadora das lojas. Ela foi solta na própria quarta-feira. Os outros continuaram detidos.

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