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20/07/2005
-
19h00
ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília
A deflação registrada no mês de junho não foi suficiente para o Banco Central se convencer de que os preços estão sob controle.
Como já era esperado pelo analistas de mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária, do BC) decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 19,75% ao ano. É a segunda manutenção consecutiva, após nove meses de elevação da taxa. Veja quadro abaixo:
"Avaliando as perspectivas para a trajetória da inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 19,75% ao ano sem viés", diz a nota divulgada pelo BC após a reunião.
O comitê trabalha para assegurar a convergência da inflação para a meta fixada pelo governo, que é um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,1%.
Essa convergência já está em andamento. Em junho, o IPCA registrou uma deflação de 0,02%, contra uma inflação de 0,49% no mês anterior. Além disso, os analistas reduziram a expectativa de inflação para 5,67%. Antes da reunião do mês passado, estava em 6,21%.
Tendo assegurado essa trajetória, a expectativa é que o BC comece a reduzir os juros, o que está previsto para ocorrer no próximo mês ou em setembro. Na ata da reunião do mês passado, o comitê disse que manteria a Selic neste patamar "por um período suficientemente longo de tempo".
O IPCA é o indicador usado pelo governo para as metas de inflação, que neste ano é de 4,5%, com uma margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Isso significa que a inflação no período de 12 meses está acima inclusive do teto das metas de inflação, que é de 7%. Embora a meta seja de 4,5%, o BC anunciou em setembro do ano passado que irá perseguir uma inflação de 5,1%.
Arrefecimento
Com o menor ritmo de crescimento da economia, ficou difícil para o BC justificar essa política de manter os juros em um patamar elevado. Mesmo com a manutenção da Selic, a autoridade monetária ainda sofrerá críticas por ser considerada a responsável pelo desaquecimento da economia.
Na semana passada, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reduziu a previsão de crescimento da economia brasileira em 2005 de 4% para 3,2%. A justificativa dada pela entidade foi a taxa de juros elevada.
No cenário externo, não há elementos que apontem para um desaquecimento global ou que ameacem a expansão dos EUA e da China. Além disso, há fluxo de capitais para os países emergentes, como o Brasil.
No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro teve um crescimento de 4,9%, o maior desde 1994. No entanto, o crescimento no primeiro trimestre deste ano foi de apenas 0,3% na comparação com o trimestre anterior. Já a produção industrial, que no ano passado cresceu 8,3%, ficou estável em abril na comparação com março.
A justificativa para a reunião de hoje será conhecida no dia 28, quando será divulgada a ata da reunião.
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A deflação registrada no mês de junho não foi suficiente para o Banco Central se convencer de que os preços estão sob controle.
Como já era esperado pelo analistas de mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária, do BC) decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 19,75% ao ano. É a segunda manutenção consecutiva, após nove meses de elevação da taxa. Veja quadro abaixo:
"Avaliando as perspectivas para a trajetória da inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 19,75% ao ano sem viés", diz a nota divulgada pelo BC após a reunião.
O comitê trabalha para assegurar a convergência da inflação para a meta fixada pelo governo, que é um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,1%.
Essa convergência já está em andamento. Em junho, o IPCA registrou uma deflação de 0,02%, contra uma inflação de 0,49% no mês anterior. Além disso, os analistas reduziram a expectativa de inflação para 5,67%. Antes da reunião do mês passado, estava em 6,21%.
Tendo assegurado essa trajetória, a expectativa é que o BC comece a reduzir os juros, o que está previsto para ocorrer no próximo mês ou em setembro. Na ata da reunião do mês passado, o comitê disse que manteria a Selic neste patamar "por um período suficientemente longo de tempo".
O IPCA é o indicador usado pelo governo para as metas de inflação, que neste ano é de 4,5%, com uma margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Isso significa que a inflação no período de 12 meses está acima inclusive do teto das metas de inflação, que é de 7%. Embora a meta seja de 4,5%, o BC anunciou em setembro do ano passado que irá perseguir uma inflação de 5,1%.
Arrefecimento
Com o menor ritmo de crescimento da economia, ficou difícil para o BC justificar essa política de manter os juros em um patamar elevado. Mesmo com a manutenção da Selic, a autoridade monetária ainda sofrerá críticas por ser considerada a responsável pelo desaquecimento da economia.
Na semana passada, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reduziu a previsão de crescimento da economia brasileira em 2005 de 4% para 3,2%. A justificativa dada pela entidade foi a taxa de juros elevada.
No cenário externo, não há elementos que apontem para um desaquecimento global ou que ameacem a expansão dos EUA e da China. Além disso, há fluxo de capitais para os países emergentes, como o Brasil.
No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro teve um crescimento de 4,9%, o maior desde 1994. No entanto, o crescimento no primeiro trimestre deste ano foi de apenas 0,3% na comparação com o trimestre anterior. Já a produção industrial, que no ano passado cresceu 8,3%, ficou estável em abril na comparação com março.
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