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22/07/2005
-
14h30
VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online
Os 2% de valorização do yuan (moeda chinesa) verificados ontem podem parecer pequenos, mas o valor simbólico do gesto e o impacto no longo prazo são enormes, segundo reportagem do diário "The Wall Street Journal Europe".
O governo chinês põe deste modo, diz o diário, o sistema financeiro chinês "à mercê" dos mercados cambiais mundiais. "Isso irá testar a economia da China, bem como a habilidade de seus banqueiros".
A China desatrelou ontem sua moeda do dólar e irá ligá-la a uma cesta de moedas estrangeiras. O yuan ainda poderá variar dentro de uma banda de 0,3% para cima ou para baixo e esse sistema de variação permitirá ao governo chinês controlar o quanto sua moeda poderá valorizar.
O dólar passou a ser negociado ontem a 8,11 yuans, depois de se manter cotado a 8,27 yuans por mais de dez anos. O valor final do yuan será anunciado a cada dia pelo banco central do país e esse valor será a média para a negociação do dia seguinte.
"Se a nova política funcionar, será um passo dramático para a China se tornar parte do sistema econômico mundial enquanto ainda permanece atrativa para empresas estrangeiras", diz o jornal. "Abandonar a ligação com o dólar dá às autoridades chinesas muito mais flexibilidade para ajustar sua economia doméstica --digamos, para atacar a inflação--- sem tanta preocupação com a falta de sincronia da taxa cambial."
O jornal lembra que, com a adoção da cesta de moedas como referência para ajuste cambial do yuan, o banco central chinês pode adotar outros parâmetros que não apenas o dólar.
O diário canadense "Globe and Mail" diz que a decisão do governo chinês de permitir a valorização do yuan veio em meio a pressão política, incluindo a ameaça de sanção econômica por parte dos EUA. As principais queixas contra a China, por parte dos governos americano e europeus são a de que os produtos baratos da China estariam sucateando as indústrias dos outros países e eliminando postos de trabalho.
A agência de notícias Reuters lembra que a decisão chinesa por ter acirrado, mais que satisfeito, o apetite dos especuladores e poderia acabar atraindo mais investimentos de curto prazo, com o temor de que novas mudanças poderiam estar a caminho.
A mudança estabelecida pelo governo chinês pode ter ficado abaixo do que era esperado, encorajando uma movimentação maior de capital especulativo. O jornal estatal "China Daily" disse em um editorial, no entanto, que a manutenção de variações moderadas na taxa cambial do yuan seria um fator desencorajador.
A agência de notícias Associated Press destaca que governos do mundo todo, "de Tóquio e Sydney a Paris e Washington", receberam positivamente a decisão da China, mas, na Ásia, o passo dado pelo governo chinês deve levar à valorização de moedas dos países da região, prejudicando assim as exportações destes para os países do Ocidente.
O diário britânico "Financial Times" diz que se pode ter uma idéia de como as economias dos países da Ásia de tornaram dependentes da economia da China ao se observar os movimentos que fizeram após a decisão chinesa. A Malásia seguiu o caminho chinês e desatrelou sua moeda, o ringgit, do dólar, além de adotar uma cesta de moedas estrangeiras para servir de referência à sua variação cambial.
O dólar de Cingapura, por sua vez, subiu cerca de 2% em relação ao americano (mesma variação registrada pelo yuan), após o anúncio do governo chinês, embora tenha recuado com a possibilidade de intervenção do banco central do país.
O Japão ficou em alerta para intervir no mercado de câmbio, mas o governo japonês disse que a valorização do yuan ontem ficou em linha com o esperado.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a economia chinesa
Fim do câmbio fixo na China tem "enorme valor simbólico", diz "WSJ"
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da Folha Online
Os 2% de valorização do yuan (moeda chinesa) verificados ontem podem parecer pequenos, mas o valor simbólico do gesto e o impacto no longo prazo são enormes, segundo reportagem do diário "The Wall Street Journal Europe".
O governo chinês põe deste modo, diz o diário, o sistema financeiro chinês "à mercê" dos mercados cambiais mundiais. "Isso irá testar a economia da China, bem como a habilidade de seus banqueiros".
A China desatrelou ontem sua moeda do dólar e irá ligá-la a uma cesta de moedas estrangeiras. O yuan ainda poderá variar dentro de uma banda de 0,3% para cima ou para baixo e esse sistema de variação permitirá ao governo chinês controlar o quanto sua moeda poderá valorizar.
O dólar passou a ser negociado ontem a 8,11 yuans, depois de se manter cotado a 8,27 yuans por mais de dez anos. O valor final do yuan será anunciado a cada dia pelo banco central do país e esse valor será a média para a negociação do dia seguinte.
"Se a nova política funcionar, será um passo dramático para a China se tornar parte do sistema econômico mundial enquanto ainda permanece atrativa para empresas estrangeiras", diz o jornal. "Abandonar a ligação com o dólar dá às autoridades chinesas muito mais flexibilidade para ajustar sua economia doméstica --digamos, para atacar a inflação--- sem tanta preocupação com a falta de sincronia da taxa cambial."
O jornal lembra que, com a adoção da cesta de moedas como referência para ajuste cambial do yuan, o banco central chinês pode adotar outros parâmetros que não apenas o dólar.
O diário canadense "Globe and Mail" diz que a decisão do governo chinês de permitir a valorização do yuan veio em meio a pressão política, incluindo a ameaça de sanção econômica por parte dos EUA. As principais queixas contra a China, por parte dos governos americano e europeus são a de que os produtos baratos da China estariam sucateando as indústrias dos outros países e eliminando postos de trabalho.
A agência de notícias Reuters lembra que a decisão chinesa por ter acirrado, mais que satisfeito, o apetite dos especuladores e poderia acabar atraindo mais investimentos de curto prazo, com o temor de que novas mudanças poderiam estar a caminho.
A mudança estabelecida pelo governo chinês pode ter ficado abaixo do que era esperado, encorajando uma movimentação maior de capital especulativo. O jornal estatal "China Daily" disse em um editorial, no entanto, que a manutenção de variações moderadas na taxa cambial do yuan seria um fator desencorajador.
A agência de notícias Associated Press destaca que governos do mundo todo, "de Tóquio e Sydney a Paris e Washington", receberam positivamente a decisão da China, mas, na Ásia, o passo dado pelo governo chinês deve levar à valorização de moedas dos países da região, prejudicando assim as exportações destes para os países do Ocidente.
O diário britânico "Financial Times" diz que se pode ter uma idéia de como as economias dos países da Ásia de tornaram dependentes da economia da China ao se observar os movimentos que fizeram após a decisão chinesa. A Malásia seguiu o caminho chinês e desatrelou sua moeda, o ringgit, do dólar, além de adotar uma cesta de moedas estrangeiras para servir de referência à sua variação cambial.
O dólar de Cingapura, por sua vez, subiu cerca de 2% em relação ao americano (mesma variação registrada pelo yuan), após o anúncio do governo chinês, embora tenha recuado com a possibilidade de intervenção do banco central do país.
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