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18/08/2005
-
09h15
GUSTAVO PATU
SILVIO NAVARRO
da Folha de S.Paulo
Quem assistiu à sessão da Câmara pela TV teve a impressão de que haveria uma votação emocionante e imprevisível. Era puro teatro: o resultado já estava combinado, e a oposição queria apenas aproveitar a platéia para torturar mais um pouco o governo antes de aprovar o salário mínimo de R$ 300.
Menos de dez minutos antes da rejeição do megarreajuste proposto por seu partido e aprovado pelo Senado, o líder do PFL, o deputado Rodrigo Maia (RJ), discursava da tribuna criticando a "covardia" da CUT e do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ex-presidente da entidade, que não se mobilizaram pelos R$ 384,29. "A CUT defende a corrupção no governo Lula, mas não o salário do trabalhador", provocou.
Dependendo da boa vontade dos oposicionistas e com pressa para concluir a votação, os petistas e seus aliados ouviram os discursos calados, sem retrucar.
"É estranhíssimo que nenhum ministro do governo Lula tenha vindo aqui explicar por que esse valor é muito elevado", disse o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), ressalvando que, "pessoalmente", entendia a dificuldade da concessão do reajuste.
A estratégia de fazer uma votação simbólica, sem verificação de quórum nem identificação de votos, já havia sido tentada no dia anterior e frustrada por dissidentes de diferentes partidos. Ontem o governo tomou a precaução de, por meio de uma manobra regimental, obter o prazo de uma hora sem a possibilidade de pedidos de verificação de quórum.
Ainda assim, correu dois riscos: o de uma derrota na votação simbólica, quando os deputados votam levantando as mãos, e o de algum atraso que levasse a sessão a se arrastar para além das 19h, quando o pedido de verificação de quórum poderia ser pedido novamente.
A agonia governista, porém, foi abreviada às 18h25: o deputado Inocêncio Oliveira (PMDB-PE), que ocupava momentaneamente o comando da sessão, chamou seus colegas a votar, tomando o cuidado de esclarecer que os contrários ao mínimo de R$ 384,29 é que deveriam levantar as mãos --em junho, na primeira votação da medida provisória pela Câmara, uma confusão na votação simbólica levou à aprovação por engano de um mínimo de R$ 536,28, corrigida depois de muita controvérsia.
Em resposta a Inocêncio, várias mãos se levantaram, e o peemedebista declarou rejeitado o texto do Senado, o que provocou de imediato um bate-boca agressivo. Do plenário, João Fontes (PDT-SE), um dos parlamentares expulsos do PT por se opor à guinada liberal do partido, acusou Inocêncio de manipular o resultado. "Vossa Excelência será levado ao Conselho de Ética", berrou Inocêncio, enfurecido.
"Houve uma manobra para não contar os votos. O governo ganhou no grito e na tora", disse Fontes. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), fez pouco caso do episódio: "Deu exatamente o resultado. Quem não tem voto perde".
A sessão foi encerrada, e os governistas, aliviados, puderam fazer as declarações de praxe. "Vitória da responsabilidade", foi o mote do líder na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Especial
Leia o que já foi publicado sobre salário mínimo
Oposicionistas "torturam" governo durante sessão teatral na Câmara
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SILVIO NAVARRO
da Folha de S.Paulo
Quem assistiu à sessão da Câmara pela TV teve a impressão de que haveria uma votação emocionante e imprevisível. Era puro teatro: o resultado já estava combinado, e a oposição queria apenas aproveitar a platéia para torturar mais um pouco o governo antes de aprovar o salário mínimo de R$ 300.
Menos de dez minutos antes da rejeição do megarreajuste proposto por seu partido e aprovado pelo Senado, o líder do PFL, o deputado Rodrigo Maia (RJ), discursava da tribuna criticando a "covardia" da CUT e do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ex-presidente da entidade, que não se mobilizaram pelos R$ 384,29. "A CUT defende a corrupção no governo Lula, mas não o salário do trabalhador", provocou.
Dependendo da boa vontade dos oposicionistas e com pressa para concluir a votação, os petistas e seus aliados ouviram os discursos calados, sem retrucar.
"É estranhíssimo que nenhum ministro do governo Lula tenha vindo aqui explicar por que esse valor é muito elevado", disse o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), ressalvando que, "pessoalmente", entendia a dificuldade da concessão do reajuste.
A estratégia de fazer uma votação simbólica, sem verificação de quórum nem identificação de votos, já havia sido tentada no dia anterior e frustrada por dissidentes de diferentes partidos. Ontem o governo tomou a precaução de, por meio de uma manobra regimental, obter o prazo de uma hora sem a possibilidade de pedidos de verificação de quórum.
Ainda assim, correu dois riscos: o de uma derrota na votação simbólica, quando os deputados votam levantando as mãos, e o de algum atraso que levasse a sessão a se arrastar para além das 19h, quando o pedido de verificação de quórum poderia ser pedido novamente.
A agonia governista, porém, foi abreviada às 18h25: o deputado Inocêncio Oliveira (PMDB-PE), que ocupava momentaneamente o comando da sessão, chamou seus colegas a votar, tomando o cuidado de esclarecer que os contrários ao mínimo de R$ 384,29 é que deveriam levantar as mãos --em junho, na primeira votação da medida provisória pela Câmara, uma confusão na votação simbólica levou à aprovação por engano de um mínimo de R$ 536,28, corrigida depois de muita controvérsia.
Em resposta a Inocêncio, várias mãos se levantaram, e o peemedebista declarou rejeitado o texto do Senado, o que provocou de imediato um bate-boca agressivo. Do plenário, João Fontes (PDT-SE), um dos parlamentares expulsos do PT por se opor à guinada liberal do partido, acusou Inocêncio de manipular o resultado. "Vossa Excelência será levado ao Conselho de Ética", berrou Inocêncio, enfurecido.
"Houve uma manobra para não contar os votos. O governo ganhou no grito e na tora", disse Fontes. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), fez pouco caso do episódio: "Deu exatamente o resultado. Quem não tem voto perde".
A sessão foi encerrada, e os governistas, aliviados, puderam fazer as declarações de praxe. "Vitória da responsabilidade", foi o mote do líder na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
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