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22/08/2005
-
09h19
CLÁUDIA DIANNI
NEY HAYASHI DA CRUZ
da Folha de S.Paulo
O volume de dinheiro programado para entrar em circulação neste semestre --pelo menos R$ 64 bilhões-- vai aquecer a produção e o consumo e deve reforçar a blindagem da economia contra a atual crise política, além de ajudar a reduzir a taxa de inadimplência, que vem caindo desde 2003, apesar da expansão do crédito.
O aumento do salário mínimo de R$ 260 para R$ 300, em vigor desde maio, vai injetar pelo menos R$ 13 bilhões a mais na economia até dezembro, considerando o efeito sobre o pagamento de aposentadorias e salários no setor formal e informal, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos).
Se forem somados todos os benefícios pagos pela Previdência Social, como auxílio-doença, salário-maternidade, entre outros, o valor sobe para R$ 15,5 bilhões.
Até dezembro, cerca de R$ 4 bilhões serão devolvidos pela Receita Federal como restituição do Imposto de Renda para as pessoas físicas. Além disso, a Caixa Econômica Federal vai pagar, neste ano, R$ 3,6 bilhões de abono do PIS --volume anual recorde.
Em julho, a Caixa liberou R$ 935 milhões referentes às parcelas dos expurgos do FGTS referentes aos planos Verão e Collor 1.
Como todos os anos, a maior injeção de recursos será provocada pelo 13º salário. O Dieese divulga em novembro a projeção do total de dinheiro que entra na economia por causa do 13º salário.
De acordo com a instituição, o valor é sempre crescente. Se for mantida a tendência dos últimos anos --R$ 30,5 bilhões em 2002, R$ 35,8 bilhões em 2003 e R$ 40,2 bilhões no ano passado--, o valor deste ano deverá ultrapassar os R$ 45 bilhões.
"O aumento do mínimo estimula a produção de segmentos voltados para o mercado interno e de baixo valor agregado, mas a devolução do IR e o 13º têm impacto em todas as classes sociais", diz José Silvestre da Silveira, supervisor do Dieese. A maior parte das empresas começa a pagar o 13º em novembro, mas há setores que começam o desembolso já a partir de julho.
Para Silveira, o aumento de dinheiro em circulação contribui para reduzir possíveis efeitos da crise política. "Essas variáveis contam positivamente e têm efeitos sobre a crise política. Além disso, o cenário externo também é favorável." "Com mais dinheiro as pessoas têm uma percepção de renda melhor e a tendência é diminuir o sentimento de insatisfação", disse o economista Marcelo Ávila, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
"É um volume muito grande de recursos que faz muita diferença, mas não deve haver explosão do consumo", disse Ávila. Segundo ele, parte dos recursos deverá ir para o consumo e parte para o pagamento de dívidas, conforme demonstra a redução do índice de inadimplência, que caiu de 8% para 7,3% do total das operações de crédito, desde janeiro de 2004 até junho deste ano.
Endividamento
Segundo ele, é comum haver a aceleração da atividade econômica no segundo semestre, por causa dessa concentração de pagamentos, enquanto nos primeiros seis meses do ano há uma concentração de dívidas, por causa dos gastos de fim de ano e do pagamentos de impostos (principalmente IPTU, IPVA e IR).
Para o economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon, o aumento no volume de dinheiro em circulação no país vai ajudar na recuperação da economia, que deve apresentar, neste semestre, desempenho melhor do que o registrado no primeiro semestre.
"Tudo isso, aliado à manutenção da expansão do crédito e à evolução da renda, vai permitir um resultado melhor no final do ano", afirma Salomon.
No primeiro semestre houve expansão de crédito de R$ 35,5 bilhões, de acordo com o BC.
Nas contas do Unibanco, o país deve crescer 3% ao longo de 2005, mas o comportamento deste semestre deve ficar acima do registrado entre janeiro e junho. "O ciclo de redução dos juros vai ajudar", diz Salomon, referindo-se à esperada queda da taxa Selic, atualmente em 19,75% ao ano.
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Leia o que já foi publicado sobre a crise no governo Lula
Injeção de R$ 64 bi ajuda a blindar economia
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NEY HAYASHI DA CRUZ
da Folha de S.Paulo
O volume de dinheiro programado para entrar em circulação neste semestre --pelo menos R$ 64 bilhões-- vai aquecer a produção e o consumo e deve reforçar a blindagem da economia contra a atual crise política, além de ajudar a reduzir a taxa de inadimplência, que vem caindo desde 2003, apesar da expansão do crédito.
O aumento do salário mínimo de R$ 260 para R$ 300, em vigor desde maio, vai injetar pelo menos R$ 13 bilhões a mais na economia até dezembro, considerando o efeito sobre o pagamento de aposentadorias e salários no setor formal e informal, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos).
Se forem somados todos os benefícios pagos pela Previdência Social, como auxílio-doença, salário-maternidade, entre outros, o valor sobe para R$ 15,5 bilhões.
Até dezembro, cerca de R$ 4 bilhões serão devolvidos pela Receita Federal como restituição do Imposto de Renda para as pessoas físicas. Além disso, a Caixa Econômica Federal vai pagar, neste ano, R$ 3,6 bilhões de abono do PIS --volume anual recorde.
Em julho, a Caixa liberou R$ 935 milhões referentes às parcelas dos expurgos do FGTS referentes aos planos Verão e Collor 1.
Como todos os anos, a maior injeção de recursos será provocada pelo 13º salário. O Dieese divulga em novembro a projeção do total de dinheiro que entra na economia por causa do 13º salário.
De acordo com a instituição, o valor é sempre crescente. Se for mantida a tendência dos últimos anos --R$ 30,5 bilhões em 2002, R$ 35,8 bilhões em 2003 e R$ 40,2 bilhões no ano passado--, o valor deste ano deverá ultrapassar os R$ 45 bilhões.
"O aumento do mínimo estimula a produção de segmentos voltados para o mercado interno e de baixo valor agregado, mas a devolução do IR e o 13º têm impacto em todas as classes sociais", diz José Silvestre da Silveira, supervisor do Dieese. A maior parte das empresas começa a pagar o 13º em novembro, mas há setores que começam o desembolso já a partir de julho.
Para Silveira, o aumento de dinheiro em circulação contribui para reduzir possíveis efeitos da crise política. "Essas variáveis contam positivamente e têm efeitos sobre a crise política. Além disso, o cenário externo também é favorável." "Com mais dinheiro as pessoas têm uma percepção de renda melhor e a tendência é diminuir o sentimento de insatisfação", disse o economista Marcelo Ávila, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
"É um volume muito grande de recursos que faz muita diferença, mas não deve haver explosão do consumo", disse Ávila. Segundo ele, parte dos recursos deverá ir para o consumo e parte para o pagamento de dívidas, conforme demonstra a redução do índice de inadimplência, que caiu de 8% para 7,3% do total das operações de crédito, desde janeiro de 2004 até junho deste ano.
Endividamento
Segundo ele, é comum haver a aceleração da atividade econômica no segundo semestre, por causa dessa concentração de pagamentos, enquanto nos primeiros seis meses do ano há uma concentração de dívidas, por causa dos gastos de fim de ano e do pagamentos de impostos (principalmente IPTU, IPVA e IR).
Para o economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon, o aumento no volume de dinheiro em circulação no país vai ajudar na recuperação da economia, que deve apresentar, neste semestre, desempenho melhor do que o registrado no primeiro semestre.
"Tudo isso, aliado à manutenção da expansão do crédito e à evolução da renda, vai permitir um resultado melhor no final do ano", afirma Salomon.
No primeiro semestre houve expansão de crédito de R$ 35,5 bilhões, de acordo com o BC.
Nas contas do Unibanco, o país deve crescer 3% ao longo de 2005, mas o comportamento deste semestre deve ficar acima do registrado entre janeiro e junho. "O ciclo de redução dos juros vai ajudar", diz Salomon, referindo-se à esperada queda da taxa Selic, atualmente em 19,75% ao ano.
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