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01/09/2005 - 09h38

Empresários vêem desaceleração no 3º tri

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FÁTIMA FERNANDES
da Folha de S.Paulo

Se depender dos consumidores e das indústrias que abastecem o mercado interno, o terceiro trimestre deste ano não deve ser tão bom quanto o segundo, quando o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 3,9% na comparação com igual período de 2004.

Dois indicadores de intenção de compras --um da Fundação Getulio Vargas e outro da Fecomercio SP-- mostram que, desde julho, os consumidores estão mais desanimados com os gastos.

Mais: considerada termômetro da economia, pois atende vários setores, a indústria de embalagens registra, desde julho, queda nas vendas, principalmente para as empresas que abastecem o mercado doméstico, como as de alimentos, vestuário e calçados.

Coincidência ou não, o consumidor ficou mais cauteloso depois que a crise política se aprofundou, segundo informam executivos da indústria e do comércio ouvidos pela Folha.

"Depois do Dia dos Pais, ficou ainda mais nítida a queda no consumo. A crise política certamente contribuiu para isso", afirma Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo.

Pela primeira vez neste ano, segundo informa a ACSP, em agosto, a média diária de consultas ao Usecheque, indicador das vendas à vista, está empatada com a de igual período do ano passado. No caso das consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), a média diária de consulta cresce sobre a do ano passado, mas menos.

As consultas ao Usecheque cresceram 4,4% no primeiro semestre e 3,7% de janeiro a julho. Agora em agosto estão "zeradas". Sempre na comparação com igual período de 2004. As consultas ao SPC subiram 5,7%, 6,3% e 3,2%, respectivamente. "Existe uma clara desaceleração no consumo."

"Não há dúvida, este trimestre não terá o mesmo vigor que o anterior. Há um clima de incerteza no ar. Os empresários estão postergando as compras de embalagens porque sentem o consumidor com menos vontade de gastar", diz Paulo Peres, presidente da ABPO, associação dos fabricantes de papelão ondulado.

Em julho, pela primeira vez no ano, as vendas de embalagens de papelão caíram --4,4%-- na comparação com igual mês de 2004. Sobre junho, a queda foi de 3,19%. A Abre, associação que reúne empresas de embalagem, que previa um crescimento para o setor entre 3,5% e 4,5%, reduziu para algo entre 2,5% e 3%.

A indústria que depende de crédito para vender já está mais entusiasmada. Prevê um terceiro trimestre parecido com o segundo. "Não estamos crescendo o quanto poderíamos, mas também não estamos indo mal. Este trimestre deverá ser parecido com o segundo", afirma Paulo Saab, presidente da Eletros, associação dos fabricantes de produtos eletroeletrônicos, que espera vender neste ano 10% mais do que em 2004.

Mas, se a taxa de juros básica da economia --a Selic-- começar a cair a partir de setembro, o segundo semestre deste ano poderá ser melhor do que o previsto.

"As exportações, o pequeno aumento da renda e dos investimentos e a perspectiva de queda das taxas de juros devem manter o ritmo de expansão da indústria até o final do ano", afirma Flávio Castelo Branco, coordenador de política econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Esse crescimento, no entanto, na avaliação de Claudio Vaz, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), continuará sendo sustentado pelo setor de bens de consumo duráveis (carros e eletrônicos). "Quem exporta ou vende a prazo está em situação melhor. Quem depende do mercado interno já reclama de estoques elevados", afirma.

A Fecomercio SP confirma. A federação informa que, em julho, o faturamento do comércio subiu 9,8% na comparação com igual mês do ano passado. Essa expansão foi puxada pelo setor automotivo. O setor de supermercados registrou queda de 5,9% nas vendas no período.

"Esses dados mostram a importância que o crédito vem mantendo nos resultados do comércio, num período em que a confiança do consumidor diminui. Essa é a tendência para os próximos meses. As vendas continuarão atreladas a esses dois fatores [crédito e confiança do consumidor]", afirma Abram Szajman, presidente da Fecomercio SP.

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