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02/09/2005
-
19h19
JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio
Dois grupos apresentaram à Justiça propostas para adquirir o grupo Varig. O empresário Nelson Tanure, que já havia negociado com a empresa no passado, apresentou uma minuta de proposta de acordo na 8ª Vara Empresarial do Rio. Hoje, um grupo de investidores espanhóis, portugueses e italianos, representado pelo agente Jaime Toscano, apresentou uma proposta informal de compra da empresa.
Segundo a juíza Márcia Cunha, que cuida da reestruturação da empresa, a proposta do empresário inclui a injeção de US$ 90 milhões no curto prazo e terá como fiança uma carta do Bradesco. O grupo de investidores europeus, que prefere se manter no anonimato, apresentou uma proposta informal à Justiça, sem deixar documentação referente à proposta de compra.
A juíza destaca que qualquer proposta de compra da Varig precisa incluir injeção de recursos no curto prazo, dada a necessidade da aérea de elevar o fluxo de caixa para atravessar o período de recuperação.
De acordo com Cunha, a proposta só passará a valer depois que o nome dos investidores for apresentado, a fim de se verificar a veracidade das informações.
Na prática, os pedidos vieram de investidores que já tentaram negociar com a companhia, mas que acabaram tendo suas propostas deixadas de lado depois que a Varig tentou fechar negócio com a TAP.
As "novas" ofertas podem resolver o impasse da venda da Varig Log, que não contentou os credores devido ao valor considerado baixo. Segundo a juíza, a venda da subsidiária só poderá ser autorizada pela Justiça depois do dia 24 de setembro, após a Varig apresentar o projeto de recuperação e de ser formada uma comissão de credores.
A proposta do grupo europeu é ambiciosa. Eles fizeram uma apresentação aos sindicatos na última quarta-feira em São Paulo, depois de terem uma reunião com a Fundação Ruben Berta cancelada. Eles pretendem injetar US$ 60 milhões dentro de 20 dias e mais US$ 300 milhões em até 90 dias como um empréstimo-ponte.
O valor seria um empréstimo até que a consultoria Boucinhas & Campos finalize os estudos referentes ao valor da Varig. Os juros do empréstimo são altos: 11%, segundo fontes.
Caso o rombo da aérea seja compatível com o valor apresentado pela administração, eles injetariam recursos em até US$ 1 bilhão. Caso contrário, receberiam o empréstimo de volta, que teria como garantia as ações da empresa.
O sócio-diretor da Boucinhas & Campos, Luís Carlos Boucinhas, confirmou ter sido procurado nos últimos dias a fim de retomar o projeto de avaliação do valor da Varig. A empresa havia sido sondada em maio para realizar o trabalho, que ficou em suspenso quando a proposta foi deixada de lado.
"O grupo nos pediu para fazer o trabalho de avaliação [do passivo]. O representante deste grupo me procurou. Poderíamos participar de uma reunião de apresentação da proposta", disse.
Segundo Uébio José da Silva, presidente do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, a proposta é complexa e envolveria a criação de uma empresa no Brasil que ficaria com a maior parte do capital acionário da Varig: 70%. A Fundação Ruben Berta, que detém atualmente 87% das ações, teria apenas 10% dos papéis.
A proposta do grupo europeu conta com a simpatia dos sindicatos pois não desmembra o grupo. "Vimos como uma proposta interessante, mas que ainda precisa de mais informações para ser analisada com precisão", afirmou a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio.
O presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, falou à Folha Online que não tinha conhecimento das propostas, mas que o fato de os investidores estarem procurando a Justiça é um bom sinal. 'O judiciário está tendo um comportamento bastante cuidadoso sobre este caso e o fato de procurarem a Justiça é um ponto positivo', disse.
O advogado Marcelo Carpenter, do escritório de Sérgio Bermudes, disse que qualquer proposta "executável" será bem-vinda. "Falo isso de coração. Não tem ironia nessa afirmação."
No entanto, segundo ele, é preciso avaliar com cuidado as propostas que estão sendo feitas. "Já recebemos as propostas [para recuperar a Varig] mais malucas possíveis. Teve proposta envolvendo títulos da dívida egípcia."
Carpenter afirmou que a negociação da Varig com o fundo norte-americano Matlin Patterson ajudou a trazer novas propostas para a recuperação da empresa. "Acreditamos que essa negociação serviu para catalisar novas propostas."
Dois grupos apresentam propostas à Justiça para comprar Varig
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da Folha Online, no Rio
Dois grupos apresentaram à Justiça propostas para adquirir o grupo Varig. O empresário Nelson Tanure, que já havia negociado com a empresa no passado, apresentou uma minuta de proposta de acordo na 8ª Vara Empresarial do Rio. Hoje, um grupo de investidores espanhóis, portugueses e italianos, representado pelo agente Jaime Toscano, apresentou uma proposta informal de compra da empresa.
Segundo a juíza Márcia Cunha, que cuida da reestruturação da empresa, a proposta do empresário inclui a injeção de US$ 90 milhões no curto prazo e terá como fiança uma carta do Bradesco. O grupo de investidores europeus, que prefere se manter no anonimato, apresentou uma proposta informal à Justiça, sem deixar documentação referente à proposta de compra.
A juíza destaca que qualquer proposta de compra da Varig precisa incluir injeção de recursos no curto prazo, dada a necessidade da aérea de elevar o fluxo de caixa para atravessar o período de recuperação.
De acordo com Cunha, a proposta só passará a valer depois que o nome dos investidores for apresentado, a fim de se verificar a veracidade das informações.
Na prática, os pedidos vieram de investidores que já tentaram negociar com a companhia, mas que acabaram tendo suas propostas deixadas de lado depois que a Varig tentou fechar negócio com a TAP.
As "novas" ofertas podem resolver o impasse da venda da Varig Log, que não contentou os credores devido ao valor considerado baixo. Segundo a juíza, a venda da subsidiária só poderá ser autorizada pela Justiça depois do dia 24 de setembro, após a Varig apresentar o projeto de recuperação e de ser formada uma comissão de credores.
A proposta do grupo europeu é ambiciosa. Eles fizeram uma apresentação aos sindicatos na última quarta-feira em São Paulo, depois de terem uma reunião com a Fundação Ruben Berta cancelada. Eles pretendem injetar US$ 60 milhões dentro de 20 dias e mais US$ 300 milhões em até 90 dias como um empréstimo-ponte.
O valor seria um empréstimo até que a consultoria Boucinhas & Campos finalize os estudos referentes ao valor da Varig. Os juros do empréstimo são altos: 11%, segundo fontes.
Caso o rombo da aérea seja compatível com o valor apresentado pela administração, eles injetariam recursos em até US$ 1 bilhão. Caso contrário, receberiam o empréstimo de volta, que teria como garantia as ações da empresa.
O sócio-diretor da Boucinhas & Campos, Luís Carlos Boucinhas, confirmou ter sido procurado nos últimos dias a fim de retomar o projeto de avaliação do valor da Varig. A empresa havia sido sondada em maio para realizar o trabalho, que ficou em suspenso quando a proposta foi deixada de lado.
"O grupo nos pediu para fazer o trabalho de avaliação [do passivo]. O representante deste grupo me procurou. Poderíamos participar de uma reunião de apresentação da proposta", disse.
Segundo Uébio José da Silva, presidente do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, a proposta é complexa e envolveria a criação de uma empresa no Brasil que ficaria com a maior parte do capital acionário da Varig: 70%. A Fundação Ruben Berta, que detém atualmente 87% das ações, teria apenas 10% dos papéis.
A proposta do grupo europeu conta com a simpatia dos sindicatos pois não desmembra o grupo. "Vimos como uma proposta interessante, mas que ainda precisa de mais informações para ser analisada com precisão", afirmou a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio.
O presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, falou à Folha Online que não tinha conhecimento das propostas, mas que o fato de os investidores estarem procurando a Justiça é um bom sinal. 'O judiciário está tendo um comportamento bastante cuidadoso sobre este caso e o fato de procurarem a Justiça é um ponto positivo', disse.
O advogado Marcelo Carpenter, do escritório de Sérgio Bermudes, disse que qualquer proposta "executável" será bem-vinda. "Falo isso de coração. Não tem ironia nessa afirmação."
No entanto, segundo ele, é preciso avaliar com cuidado as propostas que estão sendo feitas. "Já recebemos as propostas [para recuperar a Varig] mais malucas possíveis. Teve proposta envolvendo títulos da dívida egípcia."
Carpenter afirmou que a negociação da Varig com o fundo norte-americano Matlin Patterson ajudou a trazer novas propostas para a recuperação da empresa. "Acreditamos que essa negociação serviu para catalisar novas propostas."
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