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08/08/2002
-
10h07
da Folha de S.Paulo
Existe certa instabilidade no que diz respeito ao emprego da forma flexionada do infinitivo. Peculiar à língua portuguesa, o infinitivo pessoal tem seu uso disciplinado sobretudo por necessidades de caráter estilístico, que buscam a ênfase em um sentido.
Pode-se dizer, entretanto, que a flexão ocorre sistematicamente quando o infinitivo tem sujeito diferente do sujeito do verbo anterior, pois essa distinção precisa ser marcada. Assim: "Emprestarei o livro para vocês o lerem". Mas, se o sujeito de ambos os verbos for o mesmo, por desnecessária, a flexão não ocorrerá. Assim: "Eles ficaram em casa para conversar com os filhos".
Quando atua como complemento de adjetivos, de substantivos e mesmo de verbos, situações em que aparece preposicionado, o infinitivo geralmente prescinde da flexão. Assim: "Estavam dispostos a violar o acordo", "Eles não tiveram oportunidade de provar sua inocência", "O pai obrigou os filhos a estudar".
Note-se que, neste último exemplo, "estudar" é ação a ser executada pelos filhos, mas, ainda assim, o infinitivo não se flexiona. A presença da preposição reforça a idéia de que o verbo completa o anterior, o que nos leva a evitar a sua flexão. O mesmo se verifica nos infinitivos que completam construções passivas. Assim: "Eles foram acusados de cometer fraudes".
Mas, se estiver na voz passiva, o infinitivo será flexionado. Assim: "Fizeram de tudo para não serem reconhecidos". Esse será também o comportamento dos verbos pronominais (que se constroem com o pronome oblíquo correspondente) e dos verbos reflexivos. Assim: "Ajam com cautela para não se arrependerem" (verbo pronominal), "Entraram na sala sem se cumprimentarem" (verbo reflexivo).
Já os verbos auxiliares causativos e sensitivos (mandar, deixar, fazer, ver, ouvir, sentir e sinônimos) normalmente têm por complemento um infinitivo impessoal. Por exemplo: "Deixou-os sair mais cedo", "Ouviu-as entoar uma triste cantiga". Mas, se o sujeito do infinitivo for representado por um substantivo, e não pelo pronome átono, o infinitivo tenderá a ser flexionado. Assim: "O professor deixou os alunos saírem mais cedo".
Quando, regido de preposição, antecede a oração principal, o infinitivo costuma ser flexionado, o que aumenta a eficácia do texto, já que o sujeito da principal é antecipado. Assim: "Ao perceberem o equívoco, as moças sorriram".
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha
Leia mais:
Atualidades: O projeto Sivam e o controle do espaço aéreo
História: A Revolução Industrial na Inglaterra
Geografia: Os movimentos migratórios e suas causas
Física: As várias cores que o céu possui
Português: Infinitivo tem uso pouco disciplinado
THAÍS NICOLETI DE CAMARGOda Folha de S.Paulo
Existe certa instabilidade no que diz respeito ao emprego da forma flexionada do infinitivo. Peculiar à língua portuguesa, o infinitivo pessoal tem seu uso disciplinado sobretudo por necessidades de caráter estilístico, que buscam a ênfase em um sentido.
Pode-se dizer, entretanto, que a flexão ocorre sistematicamente quando o infinitivo tem sujeito diferente do sujeito do verbo anterior, pois essa distinção precisa ser marcada. Assim: "Emprestarei o livro para vocês o lerem". Mas, se o sujeito de ambos os verbos for o mesmo, por desnecessária, a flexão não ocorrerá. Assim: "Eles ficaram em casa para conversar com os filhos".
Quando atua como complemento de adjetivos, de substantivos e mesmo de verbos, situações em que aparece preposicionado, o infinitivo geralmente prescinde da flexão. Assim: "Estavam dispostos a violar o acordo", "Eles não tiveram oportunidade de provar sua inocência", "O pai obrigou os filhos a estudar".
Note-se que, neste último exemplo, "estudar" é ação a ser executada pelos filhos, mas, ainda assim, o infinitivo não se flexiona. A presença da preposição reforça a idéia de que o verbo completa o anterior, o que nos leva a evitar a sua flexão. O mesmo se verifica nos infinitivos que completam construções passivas. Assim: "Eles foram acusados de cometer fraudes".
Mas, se estiver na voz passiva, o infinitivo será flexionado. Assim: "Fizeram de tudo para não serem reconhecidos". Esse será também o comportamento dos verbos pronominais (que se constroem com o pronome oblíquo correspondente) e dos verbos reflexivos. Assim: "Ajam com cautela para não se arrependerem" (verbo pronominal), "Entraram na sala sem se cumprimentarem" (verbo reflexivo).
Já os verbos auxiliares causativos e sensitivos (mandar, deixar, fazer, ver, ouvir, sentir e sinônimos) normalmente têm por complemento um infinitivo impessoal. Por exemplo: "Deixou-os sair mais cedo", "Ouviu-as entoar uma triste cantiga". Mas, se o sujeito do infinitivo for representado por um substantivo, e não pelo pronome átono, o infinitivo tenderá a ser flexionado. Assim: "O professor deixou os alunos saírem mais cedo".
Quando, regido de preposição, antecede a oração principal, o infinitivo costuma ser flexionado, o que aumenta a eficácia do texto, já que o sujeito da principal é antecipado. Assim: "Ao perceberem o equívoco, as moças sorriram".
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha
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