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28/11/2002
-
12h20
da Folha de S.Paulo
O período entreguerras foi marcado pela crise do liberalismo. No entanto poucos a entendiam como tal naquele momento; havia uma crise generalizada, que assumiu grandes dimensões na década de 30.
Essa crise já havia sido percebida pelos socialistas nas décadas anteriores, porém esses pequenos grupos de esquerda e suas idéias possuíam penetração limitada nas sociedades européias. Terminada a Primeira Guerra Mundial, a percepção inicial é de crise política, surgiu uma série de movimentos de esquerda, contestadores da ordem vigente, afinal, os socialistas é que haviam feito grande propaganda contra a guerra, apresentando-a como algo que interessava ao imperialismo, não aos trabalhadores.
Por outro lado, é importante lembrar que, em muitos países da Europa, como na Itália e na Alemanha, não havia uma tradição liberal ou parlamentar. Assim, ao mesmo tempo em que os socialistas ganhavam espaço, surgiam e cresciam grupos políticos "de direita", fascistas, que reuniam militares, ex-combatentes, grupos de desempregados, profissionais liberais e estudantes de uma classe média que se degradava rapidamente, sensível aos apelos nacionalistas, racistas e antiliberais.
Uma das características desses movimentos, que rapidamente se tornaram ascendentes, foi a utilização de grupos paramilitares para ações contra líderes sindicais e dos partidos operários
Mas por que em poucos anos os fascistas chegaram ao poder na Itália se tanto a "esquerda" como a "direita" cresceram no período?
Se num primeiro momento o fascismo fez críticas ao modelo capitalista, em pouco tempo essas críticas deram lugar às críticas ao imperialismo, contra os monopólios internacionais e contra o bolchevismo soviético.
Em ambos os casos, o discurso nacionalista foi reforçado e atraiu um importante setor da sociedade: o empresariado.
O discurso político liberal da elite tradicionalmente conservadora foi substituído pelo apoio ao fascismo, num processo muito semelhante em vários países europeus nesse período. A burguesia abre mão da liberdade política para preservar a propriedade e seus privilégios econômicos, ameaçados pela política liberal nacional e internacional.
Dica: procure fazer uma comparação. Em quais outros momentos da história a burguesia teve um comportamento semelhante?
Claudio B. Recco é coordenador do site www.historianet.com.br, professor do Objetivo e autor do livro "História em Manchete - O Início do Século"
Leia mais:
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CLAUDIO B. RECCOda Folha de S.Paulo
O período entreguerras foi marcado pela crise do liberalismo. No entanto poucos a entendiam como tal naquele momento; havia uma crise generalizada, que assumiu grandes dimensões na década de 30.
Essa crise já havia sido percebida pelos socialistas nas décadas anteriores, porém esses pequenos grupos de esquerda e suas idéias possuíam penetração limitada nas sociedades européias. Terminada a Primeira Guerra Mundial, a percepção inicial é de crise política, surgiu uma série de movimentos de esquerda, contestadores da ordem vigente, afinal, os socialistas é que haviam feito grande propaganda contra a guerra, apresentando-a como algo que interessava ao imperialismo, não aos trabalhadores.
Por outro lado, é importante lembrar que, em muitos países da Europa, como na Itália e na Alemanha, não havia uma tradição liberal ou parlamentar. Assim, ao mesmo tempo em que os socialistas ganhavam espaço, surgiam e cresciam grupos políticos "de direita", fascistas, que reuniam militares, ex-combatentes, grupos de desempregados, profissionais liberais e estudantes de uma classe média que se degradava rapidamente, sensível aos apelos nacionalistas, racistas e antiliberais.
Uma das características desses movimentos, que rapidamente se tornaram ascendentes, foi a utilização de grupos paramilitares para ações contra líderes sindicais e dos partidos operários
Mas por que em poucos anos os fascistas chegaram ao poder na Itália se tanto a "esquerda" como a "direita" cresceram no período?
Se num primeiro momento o fascismo fez críticas ao modelo capitalista, em pouco tempo essas críticas deram lugar às críticas ao imperialismo, contra os monopólios internacionais e contra o bolchevismo soviético.
Em ambos os casos, o discurso nacionalista foi reforçado e atraiu um importante setor da sociedade: o empresariado.
O discurso político liberal da elite tradicionalmente conservadora foi substituído pelo apoio ao fascismo, num processo muito semelhante em vários países europeus nesse período. A burguesia abre mão da liberdade política para preservar a propriedade e seus privilégios econômicos, ameaçados pela política liberal nacional e internacional.
Dica: procure fazer uma comparação. Em quais outros momentos da história a burguesia teve um comportamento semelhante?
Claudio B. Recco é coordenador do site www.historianet.com.br, professor do Objetivo e autor do livro "História em Manchete - O Início do Século"
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