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01/03/2003 - 04h42

USP cedeu ônibus que levaram estudantes a trote

da Folha de S.Paulo

A faculdade de medicina veterinária da USP forneceu os quatro ônibus que levaram, no fim de semana passado, alunos veteranos e calouros a Pirassununga (a 213 km de São Paulo), onde aconteceu um trote considerado violento, segundo denúncia anônima feita à universidade.

A visita foi feita com conhecimento da direção, mas o programado era apenas um passeio pela fazenda onde fica o campus. Não havia nenhum professor acompanhando a atividade.

Em 2004, essa visita deverá ser proibida, segundo o professor Enrico Lippi Ortolani, vice-presidente da Comissão de Graduação e presidente da comissão de sindicância que investiga a denúncia de violência. Ortolani confirmou a cessão dos ônibus. "Vamos repensar isso em 2004", disse.

Um pacto foi feito entre os estudantes para não falar sobre o assunto, pois consideram que isso prejudica a imagem da faculdade.

Apesar disso, alguns contam detalhes sobre brincadeiras de que participaram e afirmam que, embora tenham "algumas críticas", não reveladas, sobre o trote, não acham que houve violência.

Segundo calouros, meninos ficaram só de cueca, e meninas colocaram as peças íntimas por cima da roupa. Foram recebidos por veteranos encapuzados e com tochas nas mãos.

Uma das brincadeiras foi a "mastiguinha". É formada uma fila de calouros, e um veterano mastiga pedaços de grama.

Em seguida, cospe a grama mastigada na boca do primeiro calouro da fila, que cospe na boca do segundo e assim por diante. O último da fila, segundo os alunos, tem de engolir a grama.

Os alunos também contaram que tomaram banho com líquido retirado de estômago de gado e que repetiriam a experiência, pois o "ritual" representa a aprovação no vestibular. O banho é uma tradição de anos na faculdade e é considerado um "batismo", diz o professor Ortolani.

Segundo alunos, também aconteceu a brincadeira "sacobol" -da qual só participam meninos. Já sem as cuecas, eles tinham de empurrar um sabonete com os testículos para "fazer gols".

Na faculdade, todos ganham dos veteranos um apelido -em geral, depreciativo- já no dia da matrícula. Calouros e calouras acabam adotando as alcunhas. Alunos afirmaram que o trote foi filmado por um veterano. Eles dizem duvidar que a fita seja entregue à comissão de sindicância. (BRUNO LIMA E ARMANDO PEREIRA FILHO)

 

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