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10/04/2003 - 13h01

História: A compreensão e as generalizações do outro mundo

CLAUDIO B. RECCO
da Folha de S.Paulo

São todos índios, são todos negros, são todos árabes, são todos muçulmanos. Se eles não se entendem, por que cabe a nós entendê-los? Essa questão simplória sempre serviu de pretexto para a intervenção dos "civilizados europeus" em outras sociedades, aquelas consideradas atrasadas. Nos dois últimos séculos, também é utilizada pelos EUA.

Generalizar é a forma encontrada por muitos para preservar a ignorância sobre outros povos e culturas e, conseqüentemente, o preconceito. A função da história é oposta a isso: sua intenção é conhecer a origem das sociedades, sua cultura, seu desenvolvimento e suas contradições.

Mas a "história" tem inimigos poderosos, aqueles que querem e precisam manter a ignorância como forma de facilitar a dominação, inimigos tão poderosos que praticamente impedem que o ensino supere esse preconceito.

A história que aprendemos é marcada por uma série de generalizações. Uma delas diz que "a Mesopotâmia sempre foi uma região instável".

Berço das mais antigas civilizações, região fértil situada entre os grandes rios Eufrates e Tigre, naturalmente foi um território disputado por vários povos.

Nessa região, sucederam-se diversas guerras e diversos impérios, como o caldeu, o babilônico e o assírio, e disso decorre outra generalização bastante comum em nossa cultura: "A guerra é natural, inerente ao homem". Mas, para fazer essa generalização, é preciso esquecer-se de olhar para os vários séculos de estabilidade no Egito ou em Creta.

E isso se nos detivermos apenas no primeiro momento do aprendizado de nossa história, a Antigüidade oriental.

Em outros momentos da história, ocorreram guerras e conquistas, mas houve paz e prosperidade também. Tanto os momentos de guerra como os de paz podem ser explicados e, para tanto, é preciso estar disposto a refletir sobre suas origens e sobre os interesses que existem entre os membros, grupos e classes sociais que formam a sociedade estudada, com todas as suas contradições.

Enfim, é necessário "entender o porquê das coisas", e essa compreensão pressupõe superar os preconceitos e estar aberto às novas descobertas, desprezando as generalizações.

Dica: Compare os interesses que existiam na Antigüidade com os que existem hoje no Oriente Médio e tente entender de que maneira eles são determinados por interesses socioeconômicos.

Claudio B. Recco é professor de história, autor do livro "História em Manchete - O Início do Século" e coordenador do site www.historianet.com.br
 

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