Publicidade
Publicidade
17/04/2003
-
14h14
da Folha de S.Paulo
O tema da guerra tem concentrado a atenção de todos. Apesar de a política externa brasileira ser marcada por uma tradição de defesa de soluções negociadas, no período do Segundo Império, o Brasil se envolveu numa das maiores guerras travadas no continente.
Ao longo do século 19, o Brasil realizou várias intervenções militares na região da Argentina e do Uruguai. A que se tornou mais importante ocorreu em 1864.
Naquele ano, o governo uruguaio, controlado pelo Partido Blanco, adotou medidas prejudiciais aos pecuaristas brasileiros que tinham terras no Uruguai e, além disso, negou-se a conter pecuaristas uruguaios que teimavam em invadir terras do Rio Grande do Sul.
Depois de negociações infrutíferas, o governo brasileiro decidiu invadir o Uruguai, depôs o Partido Blanco e assumiu o controle de Montevidéu, o que fez por meio de grupos aliados locais (Partido Colorado).
A intervenção brasileira provocou uma reação imediata de Solano Lopez, presidente do Paraguai. Ele considerou a invasão parte de um projeto expansionista que visava garantir ao Brasil o controle do estuário do rio da Prata, único elo entre o Paraguai e o comércio internacional.
Tal situação lhe parecia inaceitável. Solano Lopez tentou mediar o conflito entre o Brasil e o Uruguai, mas, uma vez consumada a invasão brasileira, reagiu invadindo Mato Grosso e o Rio Grande do Sul, abrindo duas frentes de batalha. Para atingir o Rio Grande, cruzou o território argentino sem autorização.
O Brasil, a Argentina e o Uruguai responderam firmando um acordo, a Tríplice Aliança, e passaram a lutar juntos contra o Paraguai.
Nas primeiras batalhas de infantaria, o Paraguai saiu-se vitorioso. Apesar de ser um país de menor extensão territorial, seu efetivo militar era superior, mais organizado e treinado (64 mil homens contra 27 mil da Tríplice Aliança no início da campanha).
Já, nas batalhas fluviais, travadas no rio Paraná e nos seus afluentes, a Marinha brasileira, mais poderosa, arrasou as embarcações paraguaias. A duração da guerra foi esgotando as forças paraguaias, cujas derrotas, em maio de 1866 e em dezembro de 1868, selaram a sorte de Solano Lopez. Ele caiu em Cerro Corá em março de 1870.
As conseqüências e as polêmicas a respeito dessa guerra serão os assuntos da próxima coluna.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC. Email: roberson.co@uol.com.br
História: Brasil, Argentina e Uruguai e a Guerra do Paraguai
ROBERSON DE OLIVEIRAda Folha de S.Paulo
O tema da guerra tem concentrado a atenção de todos. Apesar de a política externa brasileira ser marcada por uma tradição de defesa de soluções negociadas, no período do Segundo Império, o Brasil se envolveu numa das maiores guerras travadas no continente.
Ao longo do século 19, o Brasil realizou várias intervenções militares na região da Argentina e do Uruguai. A que se tornou mais importante ocorreu em 1864.
Naquele ano, o governo uruguaio, controlado pelo Partido Blanco, adotou medidas prejudiciais aos pecuaristas brasileiros que tinham terras no Uruguai e, além disso, negou-se a conter pecuaristas uruguaios que teimavam em invadir terras do Rio Grande do Sul.
Depois de negociações infrutíferas, o governo brasileiro decidiu invadir o Uruguai, depôs o Partido Blanco e assumiu o controle de Montevidéu, o que fez por meio de grupos aliados locais (Partido Colorado).
A intervenção brasileira provocou uma reação imediata de Solano Lopez, presidente do Paraguai. Ele considerou a invasão parte de um projeto expansionista que visava garantir ao Brasil o controle do estuário do rio da Prata, único elo entre o Paraguai e o comércio internacional.
Tal situação lhe parecia inaceitável. Solano Lopez tentou mediar o conflito entre o Brasil e o Uruguai, mas, uma vez consumada a invasão brasileira, reagiu invadindo Mato Grosso e o Rio Grande do Sul, abrindo duas frentes de batalha. Para atingir o Rio Grande, cruzou o território argentino sem autorização.
O Brasil, a Argentina e o Uruguai responderam firmando um acordo, a Tríplice Aliança, e passaram a lutar juntos contra o Paraguai.
Nas primeiras batalhas de infantaria, o Paraguai saiu-se vitorioso. Apesar de ser um país de menor extensão territorial, seu efetivo militar era superior, mais organizado e treinado (64 mil homens contra 27 mil da Tríplice Aliança no início da campanha).
Já, nas batalhas fluviais, travadas no rio Paraná e nos seus afluentes, a Marinha brasileira, mais poderosa, arrasou as embarcações paraguaias. A duração da guerra foi esgotando as forças paraguaias, cujas derrotas, em maio de 1866 e em dezembro de 1868, selaram a sorte de Solano Lopez. Ele caiu em Cerro Corá em março de 1870.
As conseqüências e as polêmicas a respeito dessa guerra serão os assuntos da próxima coluna.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC. Email: roberson.co@uol.com.br
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Avaliação reprova 226 faculdades do país pelo 4º ano consecutivo
- Dilma aprova lei que troca dívidas de universidades por bolsas
- Notas das melhores escolas paulistas despencam em exame; veja
- Universidades de SP divulgam calendário dos vestibulares 2013
- Mercadante diz que não há margem para reajuste maior aos docentes
+ Comentadas
- Câmara sinaliza absolvição de deputados envolvidos com Cachoeira
- Alunos com bônus por raça repetem mais na Unicamp
+ EnviadasÍndice