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17/04/2003
-
14h59
da Folha de S.Paulo
A deflagração do ataque anglo-americano ao país de Saddam Hussein recoloca em pauta a luta do povo curdo por um Estado soberano. O vazio de poder no norte, com a derrota do regime de Bagdá, inflama a disputa pelo controle da região.
Mas Ancara -capital da Turquia- adverte que o estabelecimento de um Estado independente no Curdistão iraquiano representa uma ameaça à estabilidade da região.
Enclave territorial entre a Ásia Central e o Oriente Médio, o Curdistão corta as fronteiras da Turquia, do Iraque, do Irã, da Síria e de parte do Azerbaijão e da Armênia, com uma área superior a 520 mil km2 (maior que a Espanha).
Região estratégica de grande interesse, foi, desde a Antigüidade, objeto de disputa entre os grandes impérios, ávidos pelo domínio das rotas comerciais entre o Oriente e o Ocidente.
Subjugados pelos árabes desde o século 7º, quando foram convertidos ao islamismo (a maioria deles são muçulmanos sunitas), os curdos estiveram submetidos ao domínio otomano até o início do século 20.
Com a divisão do Império Otomano após a Primeira Guerra Mundial, foi assinado o Tratado de Sèvres, em 1920, que determinava a criação de um Estado curdo, o Curdistão. Mas, três anos depois, em 1923, um novo pacto, o Tratado de Lausanne, partilha o Curdistão entre a Turquia, o Irã, o Iraque e a Síria, sepultando o sonho de uma pátria curda.
Manipulados historicamente como peças descartáveis num intricado jogo geopolítico, os curdos recusam a autonomia parcial; não desejam ser turcos, iraquianos ou iranianos. Resistem para serem curdos, habitar o Curdistão e fundar os ideais da sua pátria sob a força da sua língua e da sua cultura milenar.
Roberto Candelori é professor da Escola Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br
Atualidades: Curdos, um povo em busca do seu Estado
ROBERTO CANDELORIda Folha de S.Paulo
A deflagração do ataque anglo-americano ao país de Saddam Hussein recoloca em pauta a luta do povo curdo por um Estado soberano. O vazio de poder no norte, com a derrota do regime de Bagdá, inflama a disputa pelo controle da região.
Mas Ancara -capital da Turquia- adverte que o estabelecimento de um Estado independente no Curdistão iraquiano representa uma ameaça à estabilidade da região.
Enclave territorial entre a Ásia Central e o Oriente Médio, o Curdistão corta as fronteiras da Turquia, do Iraque, do Irã, da Síria e de parte do Azerbaijão e da Armênia, com uma área superior a 520 mil km2 (maior que a Espanha).
Região estratégica de grande interesse, foi, desde a Antigüidade, objeto de disputa entre os grandes impérios, ávidos pelo domínio das rotas comerciais entre o Oriente e o Ocidente.
Subjugados pelos árabes desde o século 7º, quando foram convertidos ao islamismo (a maioria deles são muçulmanos sunitas), os curdos estiveram submetidos ao domínio otomano até o início do século 20.
Com a divisão do Império Otomano após a Primeira Guerra Mundial, foi assinado o Tratado de Sèvres, em 1920, que determinava a criação de um Estado curdo, o Curdistão. Mas, três anos depois, em 1923, um novo pacto, o Tratado de Lausanne, partilha o Curdistão entre a Turquia, o Irã, o Iraque e a Síria, sepultando o sonho de uma pátria curda.
Manipulados historicamente como peças descartáveis num intricado jogo geopolítico, os curdos recusam a autonomia parcial; não desejam ser turcos, iraquianos ou iranianos. Resistem para serem curdos, habitar o Curdistão e fundar os ideais da sua pátria sob a força da sua língua e da sua cultura milenar.
Roberto Candelori é professor da Escola Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br
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