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24/04/2003
-
13h06
da Folha de S.Paulo
A organização dos períodos segue certas normas ou tendências inspiradas pela lógica do raciocínio. Uma dessas normas de expressividade aconselha a colocação dos termos ou da oração a que se pretenda conferir mais ênfase nas extremidades do período.
É interessante confrontar duas versões de um mesmo período, nas quais apenas se altere a ordem das orações. Veja: "Embora ainda estivesse magoado, aceitou seu pedido de desculpas" e "Aceitou seu pedido de desculpas, embora ainda estivesse magoado".
Quando a informação principal (aceitou seu pedido de desculpas) é contada depois, o leitor é obrigado a passar pelo condicionante (no caso, a subordinada adverbial concessiva) antes de chegar a ela. Por isso o período fica mais tenso.
Quando a oração principal está no início do período, a subordinada tende a ser lida com menos atenção. "Correu em busca de ajuda quando percebeu o que tinha ocorrido" é menos enfático que "Quando percebeu o que tinha ocorrido, correu em busca de ajuda". O mesmo se dá com o par: "Telefone-me se tiver tempo" e "Se tiver tempo, telefone-me".
Esse tipo de construção sintática, em que a enunciação da primeira parte (prótase) prepara a enunciação da segunda (apódose), é chamado correlação. A prótase (introdução) cria uma expectativa que só se resolve quando a apódose (desfecho) é enunciada, estabelecendo-se, assim, um forte vínculo sintático entre ambas.
A anteposição da oração subordinada à principal reforça a coesão do período -este um circuito de palavras encadeadas de tal modo que o sentido só se completa quando ele se fecha.
Convém notar que as orações subordinadas adverbiais consecutivas aparecem normalmente em estruturas correlativas do tipo: "Insistiu tanto que acabou conseguindo o que queria". A palavra "tanto" ou sua forma reduzida "tão" antecipam a conseqüência ("Estava tão cansado que adormeceu no sofá da sala").
A correlação também aparece no processo de coordenação. Ocorre, por exemplo, quando se diz: "Não só estuda mas também trabalha" no lugar de "Estuda e trabalha".
A estrutura correlativa proporciona um ganho em ênfase. Nos pares alternativos, isso é bastante comum: "Ora ri, ora chora", "Ou estuda, ou não passa no vestibular". A correlação contribui para a coesão do período.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha. E-mail: tnicoleti@folhasp.com.br
Português: Correlação pode aumentar coesão do texto
THAÍS NICOLETI DE CAMARGOda Folha de S.Paulo
A organização dos períodos segue certas normas ou tendências inspiradas pela lógica do raciocínio. Uma dessas normas de expressividade aconselha a colocação dos termos ou da oração a que se pretenda conferir mais ênfase nas extremidades do período.
É interessante confrontar duas versões de um mesmo período, nas quais apenas se altere a ordem das orações. Veja: "Embora ainda estivesse magoado, aceitou seu pedido de desculpas" e "Aceitou seu pedido de desculpas, embora ainda estivesse magoado".
Quando a informação principal (aceitou seu pedido de desculpas) é contada depois, o leitor é obrigado a passar pelo condicionante (no caso, a subordinada adverbial concessiva) antes de chegar a ela. Por isso o período fica mais tenso.
Quando a oração principal está no início do período, a subordinada tende a ser lida com menos atenção. "Correu em busca de ajuda quando percebeu o que tinha ocorrido" é menos enfático que "Quando percebeu o que tinha ocorrido, correu em busca de ajuda". O mesmo se dá com o par: "Telefone-me se tiver tempo" e "Se tiver tempo, telefone-me".
Esse tipo de construção sintática, em que a enunciação da primeira parte (prótase) prepara a enunciação da segunda (apódose), é chamado correlação. A prótase (introdução) cria uma expectativa que só se resolve quando a apódose (desfecho) é enunciada, estabelecendo-se, assim, um forte vínculo sintático entre ambas.
A anteposição da oração subordinada à principal reforça a coesão do período -este um circuito de palavras encadeadas de tal modo que o sentido só se completa quando ele se fecha.
Convém notar que as orações subordinadas adverbiais consecutivas aparecem normalmente em estruturas correlativas do tipo: "Insistiu tanto que acabou conseguindo o que queria". A palavra "tanto" ou sua forma reduzida "tão" antecipam a conseqüência ("Estava tão cansado que adormeceu no sofá da sala").
A correlação também aparece no processo de coordenação. Ocorre, por exemplo, quando se diz: "Não só estuda mas também trabalha" no lugar de "Estuda e trabalha".
A estrutura correlativa proporciona um ganho em ênfase. Nos pares alternativos, isso é bastante comum: "Ora ri, ora chora", "Ou estuda, ou não passa no vestibular". A correlação contribui para a coesão do período.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha. E-mail: tnicoleti@folhasp.com.br
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