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12/06/2003 - 12h12

Apesar do preconceito, mercado da música pode ser bom

ANDRÉ NICOLETTI
da Folha de S.Paulo

A famosa frase "Você vai morrer de fome" é o que muitas vezes os candidatos à carreira de música ouvem quando fazem a sua opção. Apesar do preconceito que têm de enfrentar, depois de formados eles encontram um mercado de trabalho muitas vezes melhor do que em outras áreas mais tradicionais, que a família gostaria que eles seguissem.

A carreira de música permite uma grande variedade de áreas de atuação. "A música tem uma vantagem em relação a outras profissões porque, mesmo estando sem um emprego formal, o profissional pode ir para o trabalho informal, tocar em casamentos, na noite ou fazendo outros 'bicos' para poder sobreviver", disse Ney Carrasco, professor da Unicamp.

O curso de música, entretanto, não forma os seus estudantes para tocar em barzinhos, pois, para entrar na faculdade, eles já devem ter uma base sólida. A maioria dos cursos prepara os alunos em música erudita, a não ser em casos específicos, como na Unicamp, em que há habilitações em música popular.

Orquestras

Com música erudita, o profissional pode atuar, por exemplo, em orquestras, seja tocando algum instrumento, seja como maestro. Apenas na cidade de São Paulo, há cerca de oito orquestras, sendo que as maiores têm por volta de 70 músicos.

Além das apresentações, os músicos das orquestras têm de ensaiar praticamente todos os dias, sob a orientação de um maestro. "Um músico de uma grande orquestra ganha por volta de R$ 5.000, sem contar o maestro", disse Rogério Costa, da comissão de graduação em música da USP.

Segundo ele, também é comum que músicos formados acompanhem outros artistas, seja em gravações, seja em shows. 'Se, em um disco do Milton Nascimento, por exemplo, decide-se usar um grupo de cordas, chamam-se músicos para fazer aquele trabalho.'

Os músicos fazem ainda a produção e os arranjos dos discos, decidindo quais os instrumentos usados e como serão. O ensino em escolas, em conservatórios musicais e mesmo nas universidades é outra área que costuma empregar os músicos.

Sem instrumento

Não necessariamente o músico precisará tocar um determinado instrumento no seu dia-a-dia. Apesar de ser pianista por formação, Valéria Gadioli, por exemplo, trabalha com administração musical, selecionando as músicas que são tocadas diariamente em alguns shoppings de São Paulo.

Além de escolher as músicas de acordo com o perfil de cada público, ela tem de se preocupar com a qualidade do som. Para isso, depois da graduação, ela fez cursos de acústica. "A visão no Brasil é que o músico não é um profissional sério, não é um artista, o que não acontece em países com outra tradição, em que o músico é valorizado", disse ela, que é conselheira de ensino da Abemúsica (Associação Brasileira da Música).

Segundo ela, fazer uma graduação não é o único caminho para quem quer trabalhar na área, pois há vários cursos que propiciam uma boa formação. Exemplo disso é Maurício Tagliari, 41, que preferiu cursar rádio e televisão, mas, desde a graduação, fez estágios em gravadoras e, hoje, é sócio de uma produtora.

Entre outros trabalhos feitos por ele, estão produções de jingles e trilhas sonoras para comerciais. É dele o tema do 'Super15' e a trilha das propagandas do Unibanco. Ele também produz discos para bandas como Nação Zumbi.

Faculdade

"Entrar na faculdade não garante nada. O estudo musical, entretanto, é muito importante e é diferente se a pessoa pretende ser um pianista ou um DJ. Outra coisa importante é relacionar-se com o meio musical", disse ele.

Além da publicidade, as trilhas sonoras também são usadas em filmes, na televisão e no rádio. Uma área que vem crescendo, segundo Ney Carrasco, da Unicamp, é a de produção de trilhas para novas mídias, como sites de internet e jogos eletrônicos.
 

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