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07/08/2003
-
12h21
da Folha de S.Paulo
Na coluna passada, falamos do estrago causado pela dupla O2 e H2O. Poucos são os metais que resistem ao poder oxidante desses dois. O ferro é um dos que mais sofrem. Exposto à ação dessa dupla, ele enferruja (oxida), provocando estragos em edifícios, automóveis, navios etc. Isso gera, só no Brasil, um prejuízo de alguns bilhões de dólares anuais.
Mas será que existe uma maneira de evitar a formação da ferrugem? Claro que sim. E a química tem várias soluções para o problema. Uma possibilidade é tratar a superfície do objeto de ferro com cromato de sódio. Isso leva à seguinte reação: 2 Fe + 2 Na2CrO4 + 2 H2O Fe2O3 + Cr2O3 + 4 NaOH.
Os óxidos de ferro e cromo formados, juntos, acabam gerando uma cobertura impermeável aos ataques da dupla, o que impede a formação da ferrugem.
Podemos também cobrir a superfície do ferro com uma camada de zinco. É o que chamamos de galvanização.
O revestimento de zinco impede o contato do ferro com os reagentes causadores da corrosão. E se a camada protetora de zinco for riscada? Sem problemas. O ferro se oxidará, isto é, perderá elétrons. Mas, imediatamente, o zinco também se oxidará (Zn0 Zn2+ + 2 elétrons).
Dessa maneira, ele acabará devolvendo ao ferro os elétrons perdidos. Problema resolvido. Isso só é possível porque o zinco tem mais tendência de se oxidar do que o ferro --seu potencial de oxidação (Eox), +0,76V, é maior que o do ferro, +0,44V.
Além disso, aos poucos, forma-se uma camada protetora de hidróxido de zinco que se deposita sobre o ferro exposto pelo risco, protegendo-o de novos ataques da dupla.
E tem mais. Ainda podemos utilizar um metal de sacrifício. Para isso, é só conectar ao ferro um metal que apresente uma "vontade" muito maior de oxidar-se, como o magnésio (Eox = +2,36V). Nos tanques de ferro dos postos de gasolina, isso costuma ser feito.
É como se o magnésio pedisse à famosa dupla que o oxidasse, mas que deixasse o ferro em paz. Uma pergunta: que tal a utilização do sódio --que tem um Eox (+2,17V) ainda maior que o do magnésio-- como metal de sacrifício? (respostas via e-mail)
Mas, se o problema for só limpar a ferrugem de sua bicicleta, por exemplo, basta usar um limpador à base de ácido fosfórico, que dissolve a ferrugem.
Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail: lula5@ig.com.br
Química: A química do combate à ferrugem
LUÍS FERNANDO PEREIRAda Folha de S.Paulo
Na coluna passada, falamos do estrago causado pela dupla O2 e H2O. Poucos são os metais que resistem ao poder oxidante desses dois. O ferro é um dos que mais sofrem. Exposto à ação dessa dupla, ele enferruja (oxida), provocando estragos em edifícios, automóveis, navios etc. Isso gera, só no Brasil, um prejuízo de alguns bilhões de dólares anuais.
Mas será que existe uma maneira de evitar a formação da ferrugem? Claro que sim. E a química tem várias soluções para o problema. Uma possibilidade é tratar a superfície do objeto de ferro com cromato de sódio. Isso leva à seguinte reação: 2 Fe + 2 Na2CrO4 + 2 H2O Fe2O3 + Cr2O3 + 4 NaOH.
Os óxidos de ferro e cromo formados, juntos, acabam gerando uma cobertura impermeável aos ataques da dupla, o que impede a formação da ferrugem.
Podemos também cobrir a superfície do ferro com uma camada de zinco. É o que chamamos de galvanização.
O revestimento de zinco impede o contato do ferro com os reagentes causadores da corrosão. E se a camada protetora de zinco for riscada? Sem problemas. O ferro se oxidará, isto é, perderá elétrons. Mas, imediatamente, o zinco também se oxidará (Zn0 Zn2+ + 2 elétrons).
Dessa maneira, ele acabará devolvendo ao ferro os elétrons perdidos. Problema resolvido. Isso só é possível porque o zinco tem mais tendência de se oxidar do que o ferro --seu potencial de oxidação (Eox), +0,76V, é maior que o do ferro, +0,44V.
Além disso, aos poucos, forma-se uma camada protetora de hidróxido de zinco que se deposita sobre o ferro exposto pelo risco, protegendo-o de novos ataques da dupla.
E tem mais. Ainda podemos utilizar um metal de sacrifício. Para isso, é só conectar ao ferro um metal que apresente uma "vontade" muito maior de oxidar-se, como o magnésio (Eox = +2,36V). Nos tanques de ferro dos postos de gasolina, isso costuma ser feito.
É como se o magnésio pedisse à famosa dupla que o oxidasse, mas que deixasse o ferro em paz. Uma pergunta: que tal a utilização do sódio --que tem um Eox (+2,17V) ainda maior que o do magnésio-- como metal de sacrifício? (respostas via e-mail)
Mas, se o problema for só limpar a ferrugem de sua bicicleta, por exemplo, basta usar um limpador à base de ácido fosfórico, que dissolve a ferrugem.
Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail: lula5@ig.com.br
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